29.3.08

ÁFRICA MINHA


Cavaco Silva foi entrevistado, ainda em Moçambique, por Maria Flor Pedroso para a Antena 1. Sobre o Kosovo, o presidente manifestou reservas acerca de declarações unilaterais de independência. Mostrou-se preocupado com o Afeganistão onde estão tropas portuguesas e, sobretudo, afirmou já ser tempo de acabarmos com os pedidos de desculpa. No caso, os nossos em relação às antigas colónias e à guerra colonial. É preciso recordar aos distraídos que a guerra dos anos sessenta e setenta do século XX foi apenas mais uma guerra dita colonial, na circunstância, a derradeira. Não ganhamos nada em nos curvarmos permanentemente perante a história como se tivéssemos vergonha dela. Temos bem mais bastos motivos para nos envergonharmos do presente do que de muitos aspectos do passado. Os "contemporâneos" imaginam que dormem mais descansados se andarem sempre a mostrar-se "arrependidos", rasurando a sua própria memória. Como perguntava outro dia o Miguel Castelo-Branco, a propósito do milionésimo pedido de desculpa alemão em Israel, "quando acaba o holocausto?" Cavaco revelou uma visão adulta destas coisas. Um país que tem tão pouco com que se orgulhar hoje em dia, ao menos que se saiba dar ao respeito, encarando sem acrimónia, ressentimento ou complexos o que fez.

12 comentários:

Anónimo disse...

A pior coisa da guerra colonial, foi o modo como a acabámos, deixando aqueles povos numa guerra fraticida que perdurou até há pouco e cujas consequências ainda persistem. Fome e doença em Moçambique, Guiné, S. Tomé e calculem(!), até na riquíssima Angola. "Descolonização exemplar" lhe chamaram.

Anónimo disse...

Completamente outra coisa este Presidente !
Bem-haja.

Anónimo disse...

Os nossos complexos com os PALOP são ainda tão grandes que os nossos governantes continuam a esbanjar dinheiro para esses países e continuamos a recebê-los de braços abertos, sem qualquer política de imigração definida.
E, claro, depois isso dá problemas:
A primeira geração está completamente integrada mas as gerações seguintes, que não querem trabalhar, dedicam-se a actividades masi lucrativas como seja o tráfico de dorga, os roubos e o agora denominado carjacking...
E ninguém pode dizer nada sob pena de ser racista...

Anónimo disse...

não tenho por hábito conduzir o automóvel virado para trás, como escreveu Göethe só paro e olho para trás para verificar se não errei o trajecto. os politiqueiros portugueses raciocinam para trás e para o lado

Nuno Castelo-Branco disse...

Por vezes, questiono-me acerca do que pensarão os maiores de 40 anos dessa perdida África "nossa"? É que o balanço da dita independência deixa muito a desejar. Se o chamado colonialismo - tal como é conceptualizado nos manuais - é coisa do passado, o caso português merece melhor estudo e atenção. Bastará consultar os dados fornecidos pela insuspeita ONU, para a realidade das coisas surgir nítida. Qual era a posição de Angola e de Moçambique no seio da África subsahariana em 1974? Números, falem de números e não de "ideiazinhas ventosas" da guerra fria. Comparem, mas comparem todos os sectores, desde a indústria à assistência médica às populações (paludismo, tuberculose, maternidade, cólera, etc, etc); comparem os números da construção de infraestruturas para todos; comparem o índice de produtividade e da escolaridade. Tentem comparar. O resultado não surpreenderá ninguém e o dr. Aníbal que por lá realizou uns super-8 sabe-o muito bem, honra lhe seja feita. Curiosos princípios libertadores que atiraram dezenas de milhões para o ardil da prepotência sanguinária e cleptocracia arvorada em redenção. E contudo, estão ilibados pela história dos nossos dias. Enfim, infâmias...

Anónimo disse...

Sou católico e tenho simpatia por Israel e pelo Judaísmo; acho que é necessário não esquecer e contá-lo às gerações futuras, mas na verdade, actualmente, as desculpas tornaram-se desnecessárias ou mesmo inúteis, tanto num caso como no outro.

O Puma disse...

Não se pode ser hipócrita

todos os dias

Anónimo disse...

"...Temos bem mais bastos motivos para nos envergonharmos do presente do que de muitos aspectos do passado...".

Bem dito, João.

Um abraço

Anónimo disse...

Concordo com o teor do post e com o comentário do Nuno C. Branco.
Provávelmente os dirigentes angolanos terão mais razões para se desculparem perante o seu próprio povo.
Nunca imparcialmente foi feito quaquer balanço,até porque a presença europeia em África também teve aspectos positivos.
Ficaram lá muitas infraestrutras de viação,telecomunicações,industriais,etc.
Se muitos africanos perderam a vida devido a abusos condenáveis,também não é mentira que a medicina e auxílio humanitário tem evitado muitas catástrofes nesse continente.
Quanto à colonização,foi um episódio normal na História,como tantos outros.
Espero nunca ouvir os Italianos a pedir desculpa aos outros europeus pelo império romano...
Por outro lado,interessa referir que há uma lucrativa indústria de apologising que se serve de verbas colossais,em cujo fluxo e refluxo se continua a arredondar muita continha bancária nos célebres paraísos.

Anónimo disse...

Que pensar dos vultuosos investimentos como a barragem de cahora bassa que alguns ilustres colunistas imbecis da nossa praça consideram de elefante branco, a segunda maior barragem de África, que tantos benefícios trouxe a Moçambique e que muitos mais trariam se não tivesse havido a guerra civil. Como a ex-Lourenço Marques considerada uma das cidades mais bonitas da África Austral. Nada disto nos devemos envergonhar a não ser a teimosia de um regime que insistiu, até ao fim, em considerar que os limites de Portugal eram do Minho a Timor e que as "fronteiras da Pátria não se discutiam".

Anónimo disse...

afri caminha ... em marcha atrás.
"para trás mija a burra" ditado

Nuno Castelo-Branco disse...

A propósito d Cahora Bassa, ainda há umas semanas ouvi o dr. Mário a debitar umas enormidades à dª. Clara Alves, que embevecida o ouvia perorar sobre a excelência do Alqueva e do piramidalismo engenheiro da mesma obra ..."portuguesa, feita por um governo socialista"...
Grande coisa... Cahora Bassa foi construída pelos portugueses, no período de sanções da ONU, onde os nossos "aliados" subsidiavam os turras e os nossos hoje amigos da UE, faziam tudo o que podiam para nos substituir em África. viu-se no que deu. Esta mania de amesquinhar o que na realidade fomos capazes de fazer sem CEE's e quejandos, enoja-me profundamente. Se estes não são capazes de mandar fabricar UM prego, pelo menos calem-se e respeitem os outros que eram muitíssimo mais competentes. E sem derrapagens e buracos orçamentais, especialidade mestra da Situação. Cavaco deve saber bem disto, até porque lá esteve de férias douradas em 1962-64. Fico cheio de pena ao escutar a sua chorona e embaraçosa consorte. Bah!