16.3.08

RODRIGUES MAXIMIANO

Faleceu o procurador geral adjunto jubilado António Henrique Rodrigues Maximiano. Tive o privilégio de colaborar com ele na Inspecção Geral da Administração Interna, entre 1997 e 2001. Mais do que o "chefe" ou o "dirigente", perco um amigo. Maximiano era um homem que amava profundamente a vida. Mesmo na doença - que me descreveu com tranquilidade num passeio pela Praia da Maçãs há menos de um ano - Maximiano manteve indemne essa paixão. Devo-lhe, apesar de algumas naturais divergências de circunstância, os melhores anos da minha vida profissional e a gratidão de com ele ter colaborado nos primeiros e fabulosos anos da construção da IGAI. Rodrigues Maximiano pôs de pé uma estrutura do Estado português responsável, entre outras coisas, pelo controlo da actividade policial e pela salvaguarda dos direitos de cidadania. A IGAI - agora que tanto se fala da "reforma da administração pública" - foi um bom exemplo de como um organismo público pode simultaneamente servir com inteligência, eficácia e sentido de oportunidade os cidadãos e funcionar de uma forma flexível, aberta, criteriosa, "não sovietizada" e não burocratizada. Na prática, a IGAI acabou quando Maximiano se aposentou. Infelizmente, a vida que ele tanto prezava foi-lhe madrasta e não lhe permitiu gozar, livre do peso do quotidiano, o esplendor que dela sempre soube retirar, fosse num restaurante, num museu, numa viagem de trabalho ou num concerto da Tita, a filha da sua mulher Cândida. Foi justamente num concerto da Tita, no Estoril, que o vi naquela que se pressentia ser a última vez.

8 comentários:

António Pires disse...

Uma notícia muito triste, esta.
Fiz com o Rodrigues Maximiano o Curso da Reserva Naval em 1972 (o Maxi, como lhe chamávamos). Só o voltei a ver uma vez desde então.
Fico satisfeito por saber que fez um excelente trabalho na IGAI. Obrigado por o referir.

Anónimo disse...

Também eu tive o privilégio de ter sido escolhido pelo Dr. Rodrigues Maximiano para trabalhar na IGAI. Conheci um grande Senhor, um Homem franco e generoso que soube, inteligentemente, impor às polícias novos processos ao serviço da cidadania.
Na eternidade da sua doravante caminhada,estou-lhe profundamente reconhecido pelos bons momentos profissionais e pessoais que ali vivi.

J.F.Oliveira

SaltaRoscas disse...

Meu Caro Amigo João Gonçalves:

Neste momento de perda sofrida, ainda busco pelo teclado as combinações de teclas que permitam escrever algo sobre aquele que nunca quis ser o nosso "Chefe".

Subscrevo a sua opinião sobre este Homem que sempre, mas sempre, lutou por algo que vale a pena: A dignidade da pessoa humana.

Acabaram-se os cozidos e sardinhas na D. Lina...

Fica a saudade de um AMIGO que parte.

Até sempre!

JMartins

Anónimo disse...

Apoiado.
Quando me calhava ouvir algumas críticas de profissionais da corporação da defesa e segurança,
tinha poucas dúvidas da sua rectidão.
JB

Karocha disse...

Nunca o conheci, mas admirava-o tal como admiro a mulher Dr. Cândida Almeida, que hei-da dizer! Paz à sua Alma

Anónimo disse...

Tal como o João Gonçalves, com quem partilhei uns dos melhores anos de vida profissional, também eu tive o privilégio de tabalhar com o Dr. Rodrigues Maximiano. Um Homem ímpar, inigualável e a quem a cidadania muito deve. A IGAI não desapareceu com ele, mas ele era a IGAI.

José J. Antunes Fernandes
ex-Inspector Principal da IGAI
Oficial da PSP

Anónimo disse...

com a sua saída a igai passou a funcionar nos largos dos ratos

Anónimo disse...

A assepsia da sua competência não lhe permitia ter ideologia?


Parece que é o que se infere dos comentários precedentes ou não convém falar nisso por uma questão de sobrevivência da "vidinha" dos ilustres comentadores?

Aposto que não seria esse tipo de retrato que o mesmo quisesse deixar para a posteridade...

Enxerguem-se!