7.3.08

DE PALMATÓRIA

A PSP tem andado por algumas escolas a perguntar quantos professores tencionam participar na manifestação de sábado, em Lisboa. Não só quantos vêm, mas como vêm, por onde entram em Lisboa, etc., etc. A direcção nacional da PSP responsabilizou-se pelos "inquéritos" que determinou aos comandos distritais. Quem já "lidou" com a actividade policial, entende o que é que se pretende saber e que eles não sabem explicar. Não tem nada a ver com "fascismo", posso assegurar-vos. Aliás, a má consciência, essa sim, é de tal ordem que o dr. Rui Pereira achou por bem mandar avançar a IGAI para "investigar" estas incursões policiais. Todavia, e estando as coisas como estão, este gesto, mais do que qualquer outra coisa, revela falta de bom senso dos senhores intendentes e superintendentes, bem como do senhor procurador que dirige a PSP. Até deu azo a que o dr. Menezes aparecesse como o novo campeão "anti-fascista". Sócrates tem muita matéria para rever nos próximos tempos antes que toda a gente o comece a rever a sério. Este deslize é de palmatória. Política, mas palmatória.

12 comentários:

PDuarte disse...

Sei que gostei deste blogue e vou voltar.

Anónimo disse...

"Quem já "lidou" com a actividade policial, entende o que é que se pretende saber e que eles não sabem explicar. Não tem nada a ver com "fascismo", posso assegurar-vos."

Já que escreveu isto no seu post, vá até ao fim e diga-nos o que é que se pretende saber com estas incursões policiais. Não deixe é as coisas a meio...não se limite a assegurar, sem concretizar nada...

joshua disse...

Todos a tramar a esposa de César e a tomar a nuvem por Juno! E afinal o Governo nem tem qualquer espécie de culpa!

É assim que se espalha o estigma. A má consciência de que falas, João, é que é um problema que nem Freud desentranharia.

Abraço!

PALAVROSSAVRVS REX

Anónimo disse...

Caro J.G., enquanto cidadão e oficial da PSP não posso deixar de comentar criticamente este artigo.
Sejamos razoáveis e verdadeiros.O que é que está em causa, neste caso! Uma tentativa por parte da Polícia de controlar e condicionar a liberdade dos senhores professores que se querem manifestar no próximo Sábado!? Claro que não!
Prevê-se que cheguem a Lisboa, no Sábado, mais de 60 mil pessoas e centenas de autocarros. A informação recolhida é fundamental para assegurar os direitos dos manifestantes e de todos os outros cidadãos que pretendam circular em Lisboa nesse dia (parqueamento de autocarros, corte de artérias ...). Promover o direito de manifestação, assegurar a ordem pública e a livre circulação de pessoas e bens tem sido, desde há muitos anos o papel da PSP, mesmo quando a manifestação não é comunicada às autoridades. A generalidade dos oficiais da PSP são dotados de bom senso e bem conhecedores da lei e dos princípios gerais de direito que devem reger a sua actuação neste domínio. Os resultados estão à vista. Quantos problenas de utilização indevida da força se verificaram, nos últimos anos, em Portugal neste domínio, mesmo quando a manifestção é considerada "ilegal"? Praticamente nenhuns. A PSP é, hoje em dia, um Polícia moderna, bem conhecedora dos limites da sua intervenção.
Claro, sempre se pode questionar a forma "ingénua" como foi feita a recolha de informação, atendendo à conjuntura?
Contudo, como a polícia não tem "má consciência" nada tem a esconder. Prefeririam a recolha de informação por via de escutas ilegais, de agentes encobertos (...)! Sejamos razoáveis. À falta de melhor, o que está a acontecer é um ignóbil aproveitamente político desta acção policial. Em que, uma vez mais, a polícia não é mais do que um simples pretexto para atacar o governo. Contestem o governo mas deixem a polícia fazer o seu trabalho, em paz.
De facto, esta situação é mais um sintoma da anomia social e política em que vivemos!

Anónimo disse...

«a forma "ingénua" como foi feita a recolha de informação»
Óh camarada, mais do que uma forma ingénua, estamos perante um amadorismo de cabo de esquadra, aliás inútil.
Fariam melhor em patrulhar as ruas durante a noite. Zelar pela segurança da população.
Estes exemplos, dizem muito da cultura/incultura da organização.
Problemas de uma certa cultura de empresa. Triste.
JB

alcinda leal disse...

Senhor oficial da psp, uma pergunta ingénua: a PSP não costuma reunir-se com as entidades promotoras das manifestações para fazer esse ponto de situação e estar preparada para cumprir a sua
função de essegurar os direitos dos cidadãos? Precisamente por ser uma polícia moderna e preparada é que não se espera dela estes "tiros no pé"...Eu,como cidadã, lamento a atitude!

Anónimo disse...

Pois! Digo eu,que às vezes gosto de dizer coisas...

Anónimo disse...

"A generalidade dos oficiais da PSP são dotados de bom senso ...".

Mas ... NÃO DEVERIAM SER TTOODDOOSS OS OFICIAIS DOTADOS DE BOM SENSO ? É que ... podemos 'encontrar' um sem bom senso ... e, então, perguntamos para ninguém nos responder : - Como é feita a selecção para desempenhar funções de MUITA RESPONSABILIDADE na PSP ?

Ouvi, nas notícias da sic, um sr. subintendente (creio) a dar explicações sobre as visitas dos agentes às escolas e, confesso, não percebi coisa alguma ... deve ser defeito meu, pela idade ... !

Anónimo disse...

Ao ter-me identificado como oficial da PSP corri o risco, no actual contexto, de ser enxovalhado. Para mais quando no nosso país, a representação social da polícia e do polícia, ainda é, para um certo número de pessoas, o do inculto, o do repressor (...) Trata-se de um mal que só o tempo curará.
Porventura tive, no momento em que tomei a decisão de comentar o artigo do J.G, pouco bom senso, como refere o excrente. Por vezes acontece!
Em resposta e com o maior respeito, remete-vos para o artigo supra do J. Gonçalves "Da necessidade de outra coisa"

Unknown disse...

Julgo que o texto do oficial anónimo da PSP merece uma leitura cuidadosa pois aborda problemas diferentes e de vários níveis. Claro que se percebe e aceita a preocupação de defender o profissionalismo da PSP. E claro que as insuficiências da Instituição (que as há e bastantes) não devem ser misturadas com este "fait divers" concreto que raia o caricato. Porém, se nos centrarmos no que realmente interessa neste preciso episódio, não há dúvida que o modo como foram feitas as inquirições policiais sobre a manifestação revelam uma ingenuidade atroz e as contradições registadas não ajudaram a imagem.
Quanto à " representação social da polícia e do polícia" é uma questão séria, mas creio que não basta dizer que " ainda é, para um certo número de pessoas, o do inculto, o do repressor (...) Trata-se de um mal que só o tempo curará ". Julgo que haveria que pensar se esse mal não exigirá outros remédios para além do decurso do tempo. Mas isso são outras contas, sem dúvidas importantes, mas que não poderão, nem deverão, ser chamadas aqui neste momento.

hkt disse...

A deslocação da PSP às escolas foi um acto inútil e politicamente inábil. Primeiro porque ninguém informou os conselhos executivos do que faria na tarde de sábado. Quando muito pôde apurar-se do clima. Depois porque já não é a primeira vez que este tipo de inquéritos é feita e causa sempre alarde social. Mais, a direcção nacional da polícia deveria perceber que ao pôr os agentes no terreno para este efeito causaria dano à imagem da polícia. Afinal, todos sabemos que vão chegar a Lisboa dezenas milhares de pessoas num sábado à tarde. Não me parece que haja alguma novidade nisso. Era escusado.

Anónimo disse...

Ainda sobre a manifestação de Sábado, assisti a uma vergonhosa reportagem de uma senhora jornalista no canal 1 da RTP, que ilustra bem a tal representação social sobre a Polícia, que referi supra.
A desembaraçado jornalista fez passar a ideia que só as normas técnicas editadas pelo MAI, na véspera, sobre o direito de reunião e manifestação, impediram que a PSP interviesse/reprimisse os manifestantes.
Isto sim é criticável porque lança para a sociedade o anátema encaputado de uma polícia "anti-democrática", que precisa circunstancialmente de instruções do poder político para agir correctamente. A realidade não é essa! O que se passa, em certos momentos, é exactamente o contrário; são os reponsáveis policiais a informar/aconselhar alguns dos nossos eleitos e nomeados políticos (menos esclarecidos) que a polícia, nesta e noutras matérias, está sujeita aos princípios da legalidade, da proporcionalidade, adequação e necessidade.
Reafirmo, a PSP é uma instituição bem conhecedora dos limites da sua intervenção, ao serviço da comunidade e das instituições democráticas(independentemente da cor política dos seus titulares) mas sempre no respeito da Constituição e da Lei.
G. Varanda