2.9.10

O PROCESSO DA CASA DOS ESPELHOS

Por falar em abjecção, a forma como as televisões andam a tratar da leitura do acórdão do chamado "processo Casa Pia" é outro revelador sinal dos tempos. O permanente achincalhamento dos réus na praça pública - não explicaram a estas bestas jornaleiras que até ao trânsito em julgado (que não ocorre amanhã) ninguém está condenado em coisa alguma? - corresponde a uma pré-condenação mesmo que haja absolvições. Mas não viveu este processo de típicas manobras de informação e de contra-informação dignas dos melhores especialistas delas e com propósitos que não se deixam surpreender? Dificilmente este "processo" constitui o verdadeiro processo: é apenas um processo. Até um cego vê que no buraco da agulha ficaram por entrar muitos camelos, talvez mesmo os reais camelos e noutras agulhas. Mas o "povo" precisa de transfusões de sangue entre dois jogos de futebol. E as vítimas do crime de pedofilia - as efectivas e as outras -, tal como estes réus, reclamam decisão mesmo que seja uma qualquer. Duvido que alguma vez se escreva a verdadeira história do processo Casa Pia (sem aspas). Tal como duvido que a pedofilia desapareça por obra e graça destes autos tão cheios de sombra como de papel. Para quê, pois, pedir justiça?

6 comentários:

Garganta Funda... disse...

Mais uma vergonha para o Estado Português.

Ao nível da «descolonização exemplar» do Cheché dos Santos e do Cronista-Mor desta republiqueta de gnomos....

Zé Rui disse...

Não fossem figuras conhecidas e com acesso a bons advogados e, no caso de terem sido condenados, já estavam a sair em liberdade condicional. Assim, o processo arrasta-se.......descredibiliza-se tudo e todos......fazem blogs, livros, entrevistas na TV (tudo aquilo que todos os anónimos acusados fazem.....) até que o tempo provoque esta nausea no comum cidadão.

Pena que o nojo não seja pelo sofrimento das vitimas...... ou por este sistema judicial que permita que quem tem dinheiro, possa gozar com tudo isto.

Anónimo disse...

Fétido; como fétido é tudo o que este esquema montado de cobardia e compadrio vai parindo desde 1976. É o contínuo e grotesco desfile de bandidaria-política, agora ainda mais nu e chagado. Sem castigo exemplar tudo permanecerá e piorará. Purga, revolução, golpe-de-estado, matanças na rua, justiça de Claudio - a fio de espada. Algo deveria acontecer rapidamente a todos os legisladores e juízes. Tal como algum povo só perceberá o que é a crise quando lhe tirarem o 13º e o 14º meses (durante 10 anos), alguns políticos-salteadores só pararão com as bravatas respectivas quando virem um dos seus pares com buracos de ventilação abertos na carcaça.

Ass.: Besta Imunda

antónio chulado disse...

Nunca será feita justiça para este repugnante caso.

Com indiciados, suspeitos, réus, com "trânsitos em julgado", com condenações, absolvições, penas efectivas ou suspensas, nada, mas mesmo nada, pode 'desculpar' ou, quem sabe!?, 'emprestar' alguma razão aos hediondos actos, praticados por conhecidos ou desconhecidos, que nos envergonham a todos com repulsa e vómitos de desconforto.

Por vezes, é o Estado que é o culpado das atrocidades praticadas aos cidadãos que, pela fragilidade do lugar que ocupam na sociedade, se 'obrigam' ao silêncio; aqui o Estado são 'eles', os que governam.

Outras vezes, como convém, o Estado somos todos nós.

Podemos julgar que vivemos num país de brandos costumes, que habitamos num lugar sossegado, que nada nos perturba e que são de menor importância as broncas e as asneiras de quem governa.

Andamos enganados: o país, o lugar, o sítio onde vivemos é, simplesmente, um País de Trampa.

antónio chulado

MINA disse...

A ignara, indigente e venal comunicação social portuguesa procedeu diariamente, durante anos, à condenação moral dos arguidos, a tal ponto que o presidente Jorge Sampaio (que pouco se distinguiu no seu mandato) acabou mesmo por pedir que os telejornais não abrissem com notícias sobre esse caso.

A forma como este processo foi conduzido, independentemente da matéria de facto, contribuiu largamente para o estado de abatimento moral do país, para uma proliferação da chamada pedofilia (por efeito de contágio) e para a descredibilização geral da justiça.

Seria difícil fazer pior.

Anónimo disse...

Tambem duvido que com a condenação de um homicida acabem os homicídios.Logo,é deixar tudo em liberdade em vez de pedir justiça!