11.4.10

DOS EQUÍVOCOS DA MARTIROLOGIA


Leio uma longa e aborrecida "reportagem" na revista Pública acerca de, sic, "como é ser gay e católico em Portugal". Não sou adepto da martirologia, seja ela de carácter religioso, sexual ou outra. Ora este título - e todo o arrazoado que o justifica - é, salvo em dois ou três intervalos de lucidez dos intervenientes, de pura natureza martirológica. E não no sentido veiculado pelos entrevistados. a saber, o de que a Igreja não "facilita" ser gay e católico. Sucede que a Igreja não tem de "facilitar" nada. Há milhões de católicos que são muitas coisas para além de católicos. Por exemplo, e como na peça aparece o padre e poeta Tolentino Mendonça - curiosamente pelo "lado" da Igreja -, há casos conhecidos de poetas que eram católicos (Sophia, Cinatti ou Eliot) mas que não eram poetas católicos como, julgo, Tolentino é até porque acumula com o ser padre. O "coitadismo" exibicionista revelado neste texto da Pública não ajuda nem a fé nem as opções íntimas de cada um. Muito menos este disparate "corrrecto" e puramente politiqueiro de Frederico Lourenço: «Terá de vir um papa muito mais aberto. Este parece-me uma figura anacrónica, que leva a Igreja para o passado ainda mais que João Paulo II. Grande teólogo, não duvido, inteligentíssimo, mas está a fazer tudo para que a Igreja não se aproxime do futuro.» Há homossexuais que são católicos o que não é o mesmo que criar na Igreja uma "tendência" homossexual para que aqueles se sintam confortáveis. Não compete à Igreja "adaptar-se" a qualquer "tendência" dos seus fiéis mas, antes, aos seus fiéis viverem a sua fé com a Igreja que existe e onde, desde que foi erguida a partir da famosa pedra indicada por Jesus a Pedro, elas sempre existiram. E, creiam-me, meço bem as palavras.

5 comentários:

Anónimo disse...

Frederico Lourenço escreve que o Papa (este Papa) é inteligentíssimo e depois acha que o Papa inteligentíssimo "faz tudo para que a Igreja não se aproxime do futuro".
Há aqui uma qualquer "coisa" que não bate certo ... adivinhem ...

Anónimo disse...

Nem mais. De resto, a Igreja Católica é uma Igreja de pecadores e a sua mensagem é a de Cristo que não exclui ninguém e muito menos os homossexuais, mesmo aqueles com tendência para mártires. No mais a Igreja já está “modernizada” como deve ser: tem computadores, telemóveis, internet, etc… Os seus fundamentos e a sua missão não vão em “modismos” e muito menos em “bacocos modernidades” como mariquinhas Lourenço quer.

Anónimo disse...

Estranha-se o Frederico Lourenço fazer um comentário tão bacoco. Mas afinal um homem que traduziu a Odisseia está aqui a estranhar que a igreja não se aproxime do futuro? Homero ou os Envagelistas quando "escreveram" as suas obras estavam a cagar-se para o futuro. Esta merda do futuro faz lembrar os velhos a contar os trocos dos juros da massa que têm no banco.

Puta que pariu o futuro!

miguel, braga disse...

A afirmação acerca do Papa é mais do que adequada. Um homem inteligente é-o sem dúvida, o que não invalida que seja um retrógrado e que só esteja a fazer asneiras (banir os divorciados da comunhão, continuação da política de repressão sexual,etc).

Ricardo disse...

A Igreja tem uma missão e uma mensagem muito específicas; tenta seguir na medida do possível(porque humana)o mandamento de Cristo e não os "mandamentos" desse bando de carneiros.
Abraço
Ricardo