25.4.10

O REGIME DA "LIBERDADE BASTANTE" OU O PAÍS FALIDO DO RESPEITINHO ETERNO


«Nenhuma verdadeira revolução trouxe a ninguém nada de bom. A revolução francesa atrasou o desenvolvimento industrial do país, criou 70 anos de instabilidade política e, com Napoleão, pilhou e arrasou a Europa inteira. A revolução russa conseguiu parar a evolução do império para uma sociedade burguesa e semicivilizada, fez morrer dezenas de milhões de pessoas na guerra civil, nas purgas e nos "campos de trabalho" e acabou por instalar uma das tiranias mais violentas da história. E mesmo no nosso pequeno Portugal a revolução republicana, que hoje discretamente se comemora, trouxe uma república intolerante e terrorista, que, pela sua desordem e fraqueza, introduziu a longa ditadura de Salazar. A outra face do equívoco é a de que o "25 de Abril" não passou de um pronunciamento militar, que o Partido Comunista e alguns loucos desirmanados tentaram transformar numa revolução. Se o programa do MFA se limitasse, como devia, a dois fins legítimos - descolonizar e, assim que possível, convocar eleições -, Portugal provavelmente não teria passado pela irresponsável aventura do PREC, que desfigurou o Estado e paralisou a economia. Com a revisão constitucional de 1989, 14 anos depois, voltámos pouco a pouco a uma certa espécie de "normalidade", insegura e precária. Mas nem por isso nos livramos dos velhos vícios da ditadura e do PREC. A regularidade e o realismo, que as circunstâncias gritantemente pediam, degeneraram na improvisação e no conflito. De qualquer maneira, agora existe um Estado providência (imperfeito, evidentemente) e, quer queiram quer não, existe liberdade bastante.»


Vasco Pulido Valente, Público

5 comentários:

Anónimo disse...

Estamos tão preocupados com os nossos problemas que nos esquecemos de olhar para Angola - governada por uma oligarquia de corruptos, Guiné - nas mãos de "drug dealers" internacionais, Moçambique e São Tomé na miséria... Viva a Revolução dos Cravos!

Unknown disse...

Sempre me intrigou a ausência da palavra "suicídio" nas extraordinàrimente lúcidas análises deste homem.
E se há alguém com um conhecimento exaustivo da História Peninsular dos últimos duzentos anos , esse alguém é VPV.

Paulo Carvalho disse...

http://povileu.blogspot.com/2010/04/quando-o-real-se-sobropoe-ao.html

Unknown disse...

Apoiado!

iupi disse...

o problema não está no regime, mas no homem.
é o que é, e parece não mudar motivado por 'boas causas'. nem más.