13.1.08

«NÃO APRENDEM»

«Neste exercício de garantir o que não é evidente para ninguém e de negar o que disse e prometeu, Sócrates foi absolutamente excelente. Revelou a convicção de um vendedor de persianas. Portou-se com a inocência de um escuteiro. Sócrates está convencido de que pode vender o que quiser a quem quer que seja. Basta ele falar, controlar a informação, negar a evidência, garantir as suas certezas e elogiar o produto! Como os governantes não mudam de estilo nem de sistema, a não ser que a isso sejam forçados, já não vale a pena esperar pelos efeitos correctores desta semana nos seus comportamentos. Mas a população assistiu. Viu. Pôde tirar conclusões. Se, como os animais, os homens aprendessem com a experiência, esta semana teria sido gloriosa. Ficaria na história como um dos momentos altos de aprendizagem da arte de ser governado. Perder-se-ia rapidamente a confiança em Sócrates. Este Governo teria o desfavor público. A competência técnica, a seriedade e as promessas do Governo passariam a ser motivo de gargalhada e desprezo. Infelizmente, parece que os homens em geral e os portugueses em particular não são como os animais. Não aprendem.»

António Barreto, in Público

11 comentários:

Anónimo disse...

Este Senhor,Dr.António Barreto, é um ser superior!!!
PARABÉNS!!!
Bem haja pela sua interpretação dos factos "socráticos".
Espero que todos os outros SOCIALISTAS(dignos desse nome)o leiam e o sigam nestas lições de vida cívica!
FátimaDuarte.

Anónimo disse...

Sem ser graxista porque não tenho vocação para tal, apenas dizer, que concordando ou discordando das opiniões de António Barreto-neste caso até concordo- fica-me a ideia abolutamente clara que as mesmas seguem um linha de expressão completamente descomprometida e independente, coisa rara na esmagadora dos comentadores do actual regime...

Quanto ao artigo: se eu estivesse na escola primária, e a minha professora me mandasse fazer um resumo do texto, eu diria que o autor, "chamou de bananas e burros aos Portugueses".

Anónimo disse...

mansos. o autor chamou os potugueses de mansos... fossemos nós espanhois e outro galo cantaria

Anónimo disse...

Não consigo perceber essa atitude amansada dos portugueses em relação aos governos PS. Bem mais autoritários que os governos PSD, são sempre recebidos com mais respeitinho. Tratam os portugueses com modos de professora primária e com o argumento infalível e eterno do tipo "vocês não percebem nada disto, por isso é que votaram em nós para vos governar". Talvez o português médio se identifique mais com "porreiro pah" do que com o "olá tá boa". E sempre têm um módico de silêncio da UGT,CGTP e outros personagens quando se trata de manter a coesão da sinistra "família". Porque de facto cada vez mais me convenço que nestas coisas da política o importante são as "famílias".

Anónimo disse...

Quem disse que...

«O que eu acho faraónico é fazer o aeroporto na Margem Sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hóteis e onde há questões da maior relevância que é necessário preservar.»

Quem isto disse e agora desdiz não é gente...

Anónimo disse...

Tremenda lucidez, sensatez e clareza na análise do actual regime de parasitismo socrático dominado pela mentira, arrogância e imbecilidade, no seu expoente máximo. E, claro, da impassividade geral dos portugueses. Texto brilhante! Magistral! Bem haja!

Anónimo disse...

«(...)Ficaria na história como um dos momentos altos de aprendizagem da arte de ser governado. Perder-se-ia rapidamente a confiança em Sócrates. Este Governo teria o desfavor público. A competência técnica, a seriedade e as promessas do Governo passariam a ser motivo de gargalhada e desprezo. Infelizmente, parece que os homens em geral e os portugueses em particular não são como os animais. Não aprendem.»

Muito bem.
Mas, vamos lá a ver, o que é concretamente que propõe o Dr Barreto ? É que "gargalhada e desprezo", não é acção. O "desfavor público", não é acção.
"Perder a confiança em Sócrates" (mas quem é que confia num mentiroso ?) não é acção.
Como é que os portugueses hão-de agir ? Quando e como, se o que lhes é exclusivamente "permitido" é a farsa do voto ?
Há anos que a este sistema "blindado" foi diagnosticado o conteúdo de "democracia totalitária". O Dr António Barreto, se quiser ser coerente com o que tão bem escreve, deve propor-nos reais alternativas sistémicas de modo a que a democracia respire. E isto passa por acção. Acção ! Cá-de-ela ?

Carlos Medina Ribeiro disse...

Esta arrasadora crónica de António Barreto (juntamente com as anteriores e alguns inéditos) está já disponível no blogue onde ele escreve, o SORUMBÁTICO [aqui].
.

Carlos Medina Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

porque caso aprendessem não teriamos o sr antónio barreto, há anos, a martelar a mesma com ares de absoluta novidade.
já devia estar habituado.
mas não há paciência.

Nuno Castelo-Branco disse...

Ora ora ora, o A. Barreto não é um qualquer. Embora me recuse a votar para a sinecura de Belém - gosto doutra bicolor -, é o único que veria com agrado no cadeirão ocupado pelo esposo da dótôra Maria. O Barreto conhece bem e a fundo a nossa História e deve saber de cor o que se passou no Parlamento da Monarquia e na ficção democrática do areópago regido por Costas, Bernardinos e comparsas. Mas é verdade: os nossos donos não aprendem. Porque não abrem um livro.