Para sairmos da trivialidade em vigor - Sócrates, Menezes, BCP, bola, etc., etc. - tinha a sua graça ver desenvolvida, na bloga, uma qualquer polémica. A presença do Augusto "entre nós" é um excelente ponto de partida. Por que não explorar isto e isto que já pressinto como uma "indirecta" do segundo blogger ao primeiro? E não, Eduardo, não vá por essa facilidade do "assassinato de carácter". Deixe florescer o "Dr. House" que habita em cada um de nós.
1 comentário:
Enquanto não prossegue aqui a série Outubro – os primeiros sete textos podem ser encontrados nesta página – uma referência rápida para um artigo que o número de Janeiro da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique acaba de publicar. Trata-se de «O assalto aos céus: mil pássaros de oiro», de Manuel Gusmão, o poeta e professor comunista, que é um espantoso exemplo da preservação, em 2008, do «mito de Outubro» no seu estado natural e mais rude, propondo-se celebrar 1917 como «o início de uma era histórica que ainda não terminou (mesmo que vivamos ainda hoje um período de contraciclo)». Estando neste momento à venda nos quiosques, e tendo em conta afirmações e deduções curiosas que integra, não posso deixar de o recomendar a quem se interesse por estes temas. Contém, por exemplo, uma aproximação de Marx a Rimbaud, a propósito da experiência da Comuna de Paris, que é, na forma como aqui é proposta, um momento de prestidigitação intelectual. Ou uma singular referência ao «facto» dos acontecimentos de Outubro terem dado lugar a «um florescimento artístico e cultural incomparável». Mas funciona principalmente como prova provada de que a necessidade de combater este tipo de perigosas efabulações históricas – sempre apresentadas sob o rótulo de «ciência», como é óbvio – permanece na ordem do dia. Manuel Gusmão confirma-o quando escreve que «o carácter inaugural desta vitória [da Revolução de Outubro] e o seu significado internacional impõem a percepção de uma escala de referência que não é a da curta duração ou a do episódio acidental (…).» Lenine voltará, acredita visivelmente, e não precisará de pedir perdão do quer que seja. A ler para crer. RUI BEBIANO, A Terceira Noite.
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