O senhor 1º ministro esteve hoje entretido a reparar, segundo ele, um "erro estratégico". O "erro" consistiu em manter a chamada "zona ribeirinha" de Lisboa fora, em grande parte, da alçada da Câmara. Por entre efusivos abraços trocados pelos membros da nomenclatura socialista - a do governo, nas pessoas do citado e do eng.º Lino, e a da CML na pessoa do seu presidente e ex-colega dos outros dois no executivo - lá passou o inevitável "filme promocional" sob o olhar desconfiado do senhor da Administração do Porto de Lisboa. A "zona ribeirinha" é demasiado apetecível. Não há, na Europa, um estuário como o do nosso Tejo. Sabemos como a rapacidade imobiliária não possui propriamente gosto ou cor. Tem, invariavelmente, mau gosto e apenas a cor do dinheiro. Costa fica assim com uma imensa responsabilidade política na gestão da "zona". Convém, por isso, não a perder de vista, nem perder a vista sobre o rio. Os patos-bravos - novos e velhos - de certeza que vão tentar tudo para não as perder.
6 comentários:
Os "patos-bravos" só actuam enquanto tal, se aqueles que têm por responsabilidade evitar tal actuação os deixarem.
Ora sabemos como as autarquias dependem das receitas resultantes da construção civil.
De uma cidade amputada da sua faixa ribeirinha, reduzida a pouco mais do que instalações portuárias ou a ruínas de instalações portuárias; para uma cidade (um município) que toma posse dessa faixa e está aflitiva e insaciavelmente sedento de dinheiro.
É de temer o pior.
Costa
A propósito, o doutor Júdice não é presidente de uma comissão-qualquer-coisa-e-tal que tem a ombros o reordenamento (?) da zona ribeirinha? Até aposto que hoje ou amanhã janta com o nosso al-Caid.
... é sim senhor, é de temer o pior. Por isso, «olho vivo e pé ligeiro». A entrada do rio é como que a entrada de Portugal.
de facto, nesta indústria da construção civil, o que falta é política (e no país). a cedência compulsiva das autarquias ao poder do dinheiro cinzento do betão lega-nos um território feito em manta de retalhos - daquelas que as nossas avós faziam com os restos. o território está assim, partido, sem rumo, abandonado à plutocracia edificadora - ainda que esta crise contribua para o fim das pequenas e médias empresas da construção, vai ficar tudo nas mãos dos mesmos. os que vão "olhar" para o rio, "devolver" a zona ribeirinha aos lisboetas.
A «Galinhola de Água Doce» :
«(...)
- A Câmara vai criar uma empresa para gerir essas novas zonas?
- Não. As áreas vêm para a Câmara, para o domínio público municipal, logo não podem ser dedicadas à especulação urbanística. E há uma cláusula de reversão. Se um dia a Câmara quiser retirar essas zonas do domínio público municipal os terrenos regressam todos ao domínio do Estado. Portanto fica preservado que não haverá especulação urbanística naquelas zonas. Agora o que há é um prazo de 90 dias para a Câmara fazer um grande Plano de Ordenamento de toda a frente ribeirinha. Que definirá os usos em concreto de cada uma daquelas parcelas.
- E é aí que entra o doutor José Miguel Júdice?
- Não. O doutor José Miguel Júdice não tem muito a ver com isto.
- Mas como é que começou essa história? Não tem a ver com a zona ribeirinha?
- Quando foi feito o plano da Baixa-Chiado o professor Carmona propôs ao Governo uma parceria para a realização dessa operação. E o Governo começou a estudar essa hipótese. Entretanto, a Assembleia Municipal acabou por congelar parte do plano da Baixa-Chiado. E então o Governo informou a Câmara que havia uma parte que estava disponível para tratar, que era toda a intervenção ribeirinha entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia. E foi aceite pelo professor Carmona e negociaram a constituição de uma sociedade. Foi então que o Governo propôs que essa sociedade fosse presidida pelo doutor José Miguel Júdice, proposta que foi aceite pelo anterior executivo municipal. E eu não tenho nenhuma razão para retirar a confiança a José Miguel Júdice(...)».
(DN,29-01-2008)
Subscrevo: quando uma coisa parece que vai correr mal, corre mal.
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