23.1.08

UM VELHO EMPORIO


Um problema de nariz e de ouvidos levou-me, a semana passada, até uma especialista. Saí de lá com uma receita que incluia comprimidos, umas gotas e um spray nasal. Os comprimidos eram para oito dias - isto é, oito comprimidos - mas vim fornecido da farmácia com uma caixa deles. As gotas, algo mais difícil de dividir, foram postas durante cinco dias e o spray só entra em uso hoje. É vulgar isto, ou seja, acumularmos caixas de trinta a sessenta comprimidos dos quais apenas nos servimos de menos de dez. De quem é a culpa? Se o "sistema" - dois, o nacional de saúde e, sobretudo, o "emporio" farmacêutico - não permite que o utente seja servido apenas com o que estritamente precisa para se curar, é porque convém ao "sistema" manter as coisas como estão. O desperdício deve, pois, ser aferido a partir do interesse da indústria farmacêutica em que ele exista e do desleixo do Estado que, paupérrimo, permite dispersar recursos que não tem para alimentar vícios alheios. O "emporio" farmacêutico já derrubou muitos governantes por este mundo de Cristo. John Le Carré até foi mais longe e ficcionou, em O Fiel Jardineiro, coisas bem piores. Só que as coisas são, afinal, o que são.

7 comentários:

António de Almeida disse...

-Noutros casos, dá-se um inverso, tomo regularmente um medicamento, comercializado em caixas de 28 un. Poderiam existir caixas de 60, ou até mesmo de 120 un, o que permitiria reduzir o custo unitário.

Fernando Antolin disse...

O desperdício é realmente tremendo,curiosamente pouco referido pela rapaziada do ecológico/político/correcto,nesta Europa a que pertencemos(ainda...),outros adoptaram a solução da venda apenas das quantidades realmente prescritas,assim vejo nos frascos que uma tia da minha mulher,residente em Londres hà 40 anos,regularmente traz nas suas visitas aqui à parvónia.Mas enfim,devem ser terras muito rudes,cafrealizadas,sei lá...

Anónimo disse...

Enquanto deixarmos.
http://jomegeme.blogspot.com/

fado alexandrino. disse...

Muito bem.
É por isso que é ridícula aquela petição patrocinada pelo Bloco de Esquerda a favor do SNS.
Era contra isto que eles se deviam manifestar.
O filme do livro está aqui

VANGUARDISTA disse...

País rico é assim!
O mais curioso é que se um cidadão se apresentar num centro de saúde ou num hospital com os excessos de remédios ainda em prazo, para que sirvam a pessoas necessitadas, não lhe aceitam a "doação"!

Nuno Castelo-Branco disse...

Temos alguma coisa para aprender com países do "terceiro mundo". Na Tailândia, podemos comprar medicamentos por unidade, segundo indicação do médico. No que concerne à corporação da indústria farmacêutica, não é um mal exclusivo do nosso país. Nos EUA é ainda pior e se vasculharmos bem a estrumeira, lá descobriremos que por acaso, até têm interesses comuns na indústria alimentar e na distribuição. E s formos mais longe, lá vêm os financiadores dos rotativos, como os bancos, betoneiros, etc. Enfim, só falta a imprensa, que como sabemos, é completamente independente. Admiráveis democracias, estas dos nossos tempos...

Anónimo disse...

É tarefa ingente lutar contra as poderosas multinacionais das indústrias farmacêuticas!

Ganham milhões à custa das doenças e das pseudo-doenças do ser humano. E de novas doenças que elas próprias "fabricam" (há provas científicas disto)...

Temos é de aprender a arte da cura através da alimentação mais natural e das terapias naturais.

As poderosas farmacêuticas têm também bons aliados nalguns médicos que fazem de seus pacientes cobaias, e que receitam coisas sem necessidade,de má qualidade, e que põem, até, por vezes, em risco o paciente - só para ganhar uns prémios e o direito a participar em "congressos" no estrangeiro, com tudo pago.

Ao que consta, estes "congressos" (de alto valor cinetífico...) dividem-se em 2 partes: meia hora de "congresso" e o resto são férias...