Fora a "alfinetada" nas remunerações de certa gente quando comparadas com as do português que empobrece às mãos do regime dessa mesma gente, o discurso de ano novo do chefe de Estado ressumou um optimismo prudente. Cavaco apreciou muito a presidência europeia, apesar de o país de que falava estar pior do que há um ano. Cavaco salientou um "querer" nacional abstracto que não existe, uma retórica "vontade de vencer" que só dá vontade de vomitar. Cavaco preocupou-se com as pequenas e as médias empresas que o governo, com zelo, se encarrega de destruir. E quer mais "cidadania" nas estradas onde quase só se sentam gorilas no lugar dos condutores. Os nossos presidentes, sobretudo na fase do mandato em que se encontra agora Cavaco, cultivam a redundância. Falam de uma sociedade expectável e nunca da que existe, não vá o diabo tecê-las. Ainda deu pela falta de criancinhas e apelou a "políticas de natalidade", certamente contra o profeta Correia de Campos que foi o único directamente molestado pelas palavras presidenciais. Tal como a classe político-partidária, Cavaco não percebeu que o "futuro" é o que menos interessa aos mais novos. Cavaco dirige-se a um país por vir que nunca chegará a vir porque se está nas tintas para isto. Quando começar a pedir responsabilidades ao senhor com quem fala às quintas-feiras e aos que o pretendem substituir nessas conversas, então aí voltamos a falar.
3 comentários:
CAVACO esteve ao seu melhor nível - como sempre!
Você é que não o entendeu...
só ouvi o discurso.
daquilo que ouvi nada foi além da demagogia que o ciclo eleitoral exige.
chegou a querer remodelar o ministro da saúde, porque o mesmo não saber explicar aos portugueses aquilo que eles já há muito perceberam.
disse da justiça aquilo que nunca gostou de ouvir. mas que o povo gosta: 'mais rápido', já agora com um código, ou todos, feitos pela endemol ou outra produtora de tv;
disse que todos temos uma missão nacional - um delírio autêntico, na boa tradição do 'novo homem português';
disse que o estado não pode estragar as pequenas e médias empresas, e nós dizemos: só se for com mimos, porque para isto funcionar bem, metade dessas empresas devia estar falida e só não está por causa dos mimos que estragam...
e quero lá saber da cidadania na estrada, até apetece dizer: não é da cidadania, estúpido;
e pior, não sabe escrever o nosso presidente.
O discurso optimista de Cavaco embevece qualquer um. Quando fala da obscenidade dos salários dos gestores das empresas privadas, o que me vem à mente é aquele do Greenspan português. Quanto à cidadania estradal do “fittipaldi tuga”, os melhores exemplos continuam a ser dados pelos Pinhos e Saleiros que conduzem (n)este país. E vá lá que não falou, pela nossa saúde, da lei anti-tabaco…
Bem prega Cavaco!
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