18.11.10

LISBOA, MENINA E MOÇO

Um comentário a este post que relata um mero episódio do chico-espertismo em vigor, merece um post. Já agora, o que é que a oposição camarária diz disto?

«Penso que há aqui três questões distintas:

1) O subsídio do IEFP e a sua aplicação;
2) A contratação de uma pessoa com estas poucas qualificações para assessor com funções políticas;
3) O vencimento auferido por este assessor.

Só esse Pedro Gomes é responsável pela acumulação de subsídio e vencimento da CML, só ele deve responder por isso, não o Costa.

Neste ponto, quanto à CML, só uma nota: estranho que o Presidente da CML se disponha a pagar tanto por este colaborador sem lhe exigir exclusividade, quando paga tão pouco a tantos técnicos da CML e não os autoriza a acumular com outras funções a exercer fora de Lisboa nos tempos livres. Enfim, uma pequenina disparidade de critérios...

Quanto ao subsídio do IEFP nada tenho a dizer porque não sei mais. Não deixa de causar estranheza que o IEFP gaste tudo aquilo a criar 4 postos de trabalho numa área do mercado tão carente de concorrência como é a construção...

Quanto a 2), a contratação de pessoas sem qualificações para gabinetes de assessoria política, estamos perante uma prática corrente. O próprio Costa paga o mesmo desde 2007 ao coordenador do Núcleo do PS do Limoeiro, que desde então lá tem usado o seu dinheirinho a tirar um curso universitário de vão de escada (só me pergunto se também passou na cadeira de Inglês Técnico...).

Penso que esta contratação de gente sem qualificações técnicas (mas com muitas competências caciqueiras) diz mais sobre a falta de qualidade de quem contrata.

Terceiro e último ponto, 3), o vecimento auferido. As palavras escasseiam, claro. O que é que se pode dizer?...

Só para dar um termo de comparação: na CML, um técnico superior de 1.ª Classe colocado numa área como a da Gestão Urbanística (os tais que são regularmente vergastados como culpados da burocracia da CML, quando são é os primeiros a sofrer) ganha, líquidos, cerca de 1.200 Euros, para tentar dar andamento a cerca de 50 processos na secretária (quando não são 300, como no urbanismo comercial) ao mesmo tempo que tem de aturar os impropérios dos requerentes.

Para dar outro exemplo, um cantoneiro de limpeza, recebe pouco acima dos 600 Euros líquidos, para passar a noite a descarregar caixotes e a apanhar lixo da rua. Talvez este exemplo não seja justo: tanto o cantoneiro como estes assessores trabalham com o lixo, é verdade, mas o cantoneiro apanha, estes assessores mexem, remexem, e quando muito só o espalham mais.

Nota MUITO IMPORTANTE para os lisboetas que não sabem como funciona a CML: estes contratos têm de ser assinados pelo Presidente da CML. Todos os contratos de avença, TODOS. O António Costa não pode alegar desconhecimento. Ele está ao corrente disto a 100% - aliás, como é óbvio o Pedro Gomes não foi contratado para trabalhar na CML, mas no PS.»

9 comentários:

Anónimo disse...

Nepotismo e compadrio não são exclusivo dos partidos!
Nepotismo e compadrio não são exclusivo dos partidos!
Nepotismo e compadrio não são exclusivo dos partidos!

PC

joshua disse...

Luminosa radiografia. Verás, João, que ninguém dirá nada.

Anónimo disse...

A oposição camarária tambem não existe, ou existe dentro do prorio ps: os bolorentos João soares, carrilho etc
Carmona escaldou-se, e não se conheçe oposição que não seja sazonal, ou porque o momento o merece. A verdadeira oposição foi feita pelas brigadas anti-ciclovias, mas sem apoio de qq partido.

Carlos disse...

Perfeitamente de acordo com tudo o que se vem dizendo sobre este caso, incluindo a substância deste post.

Apenas uma nota para as comparações que vejo fazer, apressadamente, entre os valores dos recibos verdes acordados com salários de funcionários. Não é correcto apresentar de um lado "um vencimento mensal de 3950 euros" e do outro salários liquidos.

Estas comparações devem ser feitas para valores anuais e entre remunerações iliquidas, não devendo ser retirado do iliquido os valores para sistemas de protecção social. Assim o iliquido anual de um recibo verde mensal em principio é o seu valor X 11 (no mês de férias não se recebe nada). No caso do funcionário é o valor iliquido, acrescido dos valores pagos a sistemas de protecção social (no privado são mais 23,75% na CML não sei qual é) X 14 (ou seja 12 meses + sub férias + sub natal).

Além disso quando se fazem estas comprações convem não esquecer o nivel de proteção que existe no emprego no sector público (e mesmo no privado) que, como é sabido, é nulo nos recibos verdes (públicos ou privados). Isto vale dinheiro...

Repito que nada disto invalida a opinião, que partilho inteiramente, acerca deste caso em concreto.

Anónimo disse...

Não esquecer o brilhante exemplo da "assessora" que a vereadora Júdice foi buscar ao Porto, uma jornalista-barra-poeta cujo chorudo salário (mais um) todos nós pagamos sem sabermos bem quais as especiais qualificações da menina para o cargo: http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=00000090-0000-0000-0000-000000000090&contentid=57CD8178-BE4E-4FCA-A0BE-4CD5D542929F

Coisas de poetas, certamente...

Anónimo disse...

Se nesta matéria concreta é o que se vê, agora entenda-se o que se passa no departamento da cultura onde tudo é subjectivo. Até ja vereadores são artistas para poderem usufruir de apoios, ateliers, convites e catálogos e, salas de exposição.
Mas não são so para os vereadores artistas também os ateliers, mesmo com concursos, avisados os concorrentes, são dados a amigos e partidários (do ps e internacional cor de rosa). As salas de exposições são para expor a “arte” de hobby domingueiro em projecção no circulo pessoal.

Anónimo disse...

Mas sinceramente será de esperar que a oposição diga alguma coisa? Não será verdade que, apesar de estes (socialistas) serem do pior os outros também não estão propriamente livres de telhados de vidro, salvo uma ou outra pequena excepção?

Garganta Funda... disse...

O edil Costa - com aquela postura luzidia e pose de «politico sério» que exibe na quadratura do «circo» - não é mais nem menos do que oficial às ordens da Irmandade do Largo dio Rato - e em Lisboa ele emprega tudo o que é boy sucialista que ficou no «desemprego
político».

Enxotar o edil Costa só fará bem a Lisboa!

Anónimo disse...

Era uma vez uma villa que tinha um alcaide, e para vigiar o alcaide estavam no momento das eleiçoes, os outros dos restantes partidos. Só que quando votados, deixaram de ser dos outros partidos e passaram a alinhar pelo partido do alcaide de forma a poderem receber o dizimo. E viveram felizes e corruptos até as proximas eleiçoes autarquicas.