26.11.10

BELMIRO


Belmiro de Azevedo apoia Cavaco Silva. É, nos últimos dias, o único apoio que merece destaque. Belmiro é um dos maiores empregadores do país, não vive da mesquinhice e da intriguice políticas e não é propriamente um videirinho rasteiro nem um paspalhão. Cria riqueza sem precisar de andar com a boca cheia do "empreendedorismo" dos seminários e dos congressos. Ora um tipo que dá trabalho a milhares de pessoas é um patriota não patrioteiro. Ao apoiar o actual PR revela que os próximos tempos exigem realismo e não passarinhos a soprar-nos aos ouvidos logo pela fresquinha. O resto, como diz a outra, não interessa nada.

15 comentários:

Anónimo disse...

Permita-me não partilhar consigo essa admiração pelo Sr. Eng., que como o resto da grande distribuição, para apurarem grandes proventos para si e seus accionistas, dão muitos empregos mas mal remunerados. Acabaram com negócios familiares com rendimentos razoáveis, que eram reinvestidos nas suas regiões nos seus diversos fornecimentos particulares, fazendo parte de uma estrutura local/regional que permitia muita gente viver de pequenas actividades industriais e comerciais, possibilitando ainda a existência de pequenos fornecedores para a sua actividade, distribuindo rendimentos e aumentando a variedade da oferta ao consumidor.
Assim sangram todas as pequenas e pobres regiões dos seus parcos proventos e distribuem o rendimento fora dessas mesmas regiões e no estrangeiro, dinheiro que tem a sua origem na dívida pública na sua maioria, além disso condicionam a produção e esmagam a capacidade negocial dos poucos fornecedores sobreviventes que são quem suporta todas as simpatias para com o consumidor e não têm alternativas. Sei que o modelo não foi inventado em Portugal, mas o resultado também está à vista por todo o lado, mas tal não obriga a considerar como generosa essa gente. O equilíbrio económico tem que se verificar em cada aldeia ou cidade do país, não interessa às regiões pobres saber que as há ricas, não é como no emocional que se vibra com os feitos de um clube de outra terra. Quanto ao apoio em causa, quando ele aparece no momento em que uma das últimas sondagens dá 75%, e quando noutras eleições anteriores apoiou o adversário vencedor, faz parecer que o homem só lá vai pela certa e ele lá sabe porque lhe convém estar próximo.

SC

Anónimo disse...

«Ora um tipo que dá trabalho a milhares de pessoas é um patriota não patrioteiro.»

Toda a gente tem momentos maus. Como é que o senhor acha que o belmiro vendia a merda que compra aos espanhóis se não tivesse muita gente a trabalhar para ele? Não tem curiosidade por saber em que condições trabalham essas pessoas para tão ilustre benemérito? Eu mostro-lhe apenas a montra. V. Exa fará o favor de ir ver ao armazém.

«Num contributo inestimável para a criação de novos postos de trabalho, e aproveitando a quadra natalícia, a Sonae contratou novos trabalhadores para fazer embrulhos. Não o fez directamente, antes recorreu aos préstimos de uma empresa de trabalho temporário que dá pelo nome de UR – you are one, o que sempre ajuda ao empreendedorismo, mais a mais com designação anglo-saxónica.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) os felizardos entraram ao serviço no passado dia 6 de Novembro e têm contrato até 24 de Dezembro de 2010. O pagamento, esse, será feito mediante recibo verde ou acto único, mas só a partir de 15 de Janeiro de 2011. Quanto ao salário, não tem mistérios: cada contratado recebe 12€ por turno, e cada turno tem cinco horas. Feitas as contas, apura-se que o salário/hora é de 2,4€, ou seja inferior aos 2,7€ que resultam do salário mínimo nacional. Acresce que os trabalhadores assim distinguidos com a oferta de emprego Sonae têm apenas um dia de descanso por semana, não recebem o subsídio de refeição em vigor na empresa, e não recebem trabalho nocturno apesar de um dos «turnos» terminar às 24 horas.»

Há de V. Exa experimentar ir fazer uns embrulhozitos para alternar com as loas.

PJ disse...

Uma estátua para o Eng. Belmiro, já!!! Beatificação, já!!! É uma Madre Teresa o Eng. Belmiro... Caramba...Já sei que o comentário não vai ser publicado, mesmo assim, aqui fica.

Anónimo disse...

Valha-me deus que sou só um anónimo que não posso empregar pessoas e ser bom e famoso e importante para a candidatura do cavaco. P'ró caralho.

Anónimo disse...

Valha-me deus que sou só um anónimo, quem me dera ser empregador, rico, e importante para a candidatura do cavaco.

Hugo Correia disse...

Sem querer martelar muito no passado, a minha memória leva-me ao famoso artigo, faz hoje, exactamente, seis anos. Belmiro de Azevedo merece-me alguma admiração essencialmente pelo seu contributo e percurso profissional, Cavaco Silva nem por isso.

Anónimo disse...

Belmiro é a "alta" economia. De braço dado com a "alta" finança.
Intermediário entre a produção e o consumo.
Alimenta-se da "pequena" economia e do "pequeno" produtor.
Onde ele chega, cria empregos. Atira muitíssimos mais para o desemprego.
Por isso apoia o Cavaco.
É preciso que nada mude, para que tudo continue na mesma.

Anónimo disse...

Ora, mas o Otelo apoia o Alegre!

Hugo Correia disse...

Para que conste se assim o entender...

«Nos anos recentes, muito se tem falado de uma certa degradação da qualidade dos agentes políticos em Portugal, da sua credibilidade, competência e capacidade para conduzir os destinos do país. Independentemente de ser de facto assim, o certo é que há hoje uma forte percepção da parte da opinião pública de que, em geral, a qualidade dos agentes políticos tem vindo a baixar.
Para isso tem contribuído, entre outros factores, o afastamento crescente das elites profissionais, dos quadros técnicos qualificados da vida político-partidária activa. Os políticos profissionais de valor, com uma carreira seriamente estruturada, ficam, assim, mais mal acompanhados.
Num documento da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), de Fevereiro de 2002, falava-se da «centrifugação de alguns dos melhores valores do pessoal político e da gestão superior do Estado e incapacidade de atrair novos valores, nomeadamente entre os mais jovens» como um dos sinais preocupantes da deterioração do nosso sistema político.
Três razões podem ser avançadas para explicar a atitude de afastamento das elites profissionais da vida político-partidária.
Por um lado, a sua convicção de que, fazendo Portugal parte da União Europeia, não há risco de retrocesso do regime democrático de tipo ocidental em que vivemos.
Por outro, o convencimento das elites de que a participação activa na actividade política tem custos elevados - custos materiais e de exposição pública - e de que podem influenciar as decisões políticas de outra forma - através de contactos pessoais, associações ou corporações de interesses.
Mas talvez a razão mais forte do afastamento das elites resida na ideia de que, nos dias de hoje, o mercado político-partidário não é concorrencial e transparente, de que existem barreiras à entrada de novos actores, de que não são os melhores que vencem porque os aparelhos partidários instalados e os oportunistas demagógicos não olham a meios para garantir a sua sobrevivência nas esferas do poder.
A ser assim, a lei da economia, conhecida pela lei de Gresham, poderia ser transposta para a vida partidária portuguesa com o seguinte enunciado: os agentes políticos incompetentes afastam os competentes. Segundo a lei de Gresham a má moeda expulsa a boa moeda.

...

Hugo Correia disse...

...

O afastamento das elites profissionais (e também das elites culturais) da vida político-partidária, ao contribuir para a deterioração da qualidade dos agentes políticos, prejudica a credibilidade das instituições democráticas e a ética de serviço público, aumenta os erros dos decisores políticos face aos objectivos de bem-estar social definidos e favorece os comportamentos políticos em função de interesses particulares ou partidários, em lugar do interesse nacional. Daqui resulta menos desenvolvimento e modernização do país, mais injustiças sociais e maior desencanto dos cidadãos em relação à democracia.
Já em Outubro de 2001, num documento divulgado pela Associação Empresarial de Portugal, se manifestava preocupação pelos custos da «mediocridade na actividade política».
Sendo assim, uma questão que tenderá a assumir relevância crescente para a qualidade da nossa democracia e para o desenvolvimento e modernização do país será a de como trazer de volta à vida político-partidária pessoas qualificadas, dispostas a servir honestamente a comunidade.
Nesse sentido, interessaria desenvolver acções visando o reforço da transparência e democraticidade na actividade partidária, o aprofundamento da educação para a cidadania activa e a melhoria da informação sobre a actuação dos agentes políticos. Tal como interessaria promover debates sérios e aprofundados sobre as políticas públicas e ter a coragem de aumentar a remuneração dos agentes políticos, por forma a atrair quadros de reconhecido valor e que vivem dos rendimentos do trabalho.
Se nada for feito, é provável que a situação continue a degradar-se e só se inverta quando se tornar claro que o país se aproxima de uma crise grave. Então, algumas elites poderão chegar à conclusão de que está em causa o seu próprio futuro e dos seus familiares e que os custos de alheamento da actividade político-partidária são maiores dos que os custos de participação.
Mesmo assim, haverá que contar com a resistência à mudança dos aparelhos partidários instalados, o que pode levar ao arrastamento da situação.
Do ponto de vista nacional, seria desejável que o país não descesse até ao ponto de crise e que a inversão da tendência ocorresse o mais cedo possível.
Face aos sinais preocupantes que têm vindo a emergir nos mais variados domínios, do sistema educativo ao sistema de justiça, da administração pública à economia, penso que é chegado o momento de difundir na sociedade portuguesa um grito de alarme sobre as consequências da tendência para a degradação da qualidade dos agentes políticos, de modo a que os portugueses adoptem uma atitude mais participativa e exigente nas suas escolhas eleitorais e as elites profissionais acordem e saiam da posição, aparentemente cómoda, de críticos da mediocridade dos políticos e das suas decisões e aceitem contribuir para a regeneração da actividade política.
Por interesse próprio e também por dever patriótico, cabe às elites profissionais contribuírem para afastar da vida partidária portuguesa a sugestão da lei de Gresham, isto é, contribuírem para que os políticos competentes possam afastar os incompetentes.
Recordo que Portugal, desde 2001, tem vindo sistematicamente a afastar-se do nível de desenvolvimento da vizinha Espanha e da média da Europa dos quinze e que esta tendência irá manter-se no futuro, de acordo com as previsões para 2005-06 recentemente publicadas pela Comissão Europeia. Até quando?»

Artigo de Cavaco Silva
In "Expresso", de 27 de Novembro de 2004


O que mudou para melhor desde então? E...até quando?

m.a.g. disse...

Tempos houve em que este "senhor" se entretinha, em jeito de missão, a observar através de um binóculo telescópico, da janela de sua casa para a de alguns quadros da Sonae que viviam e alguns ainda vivem nas cercanias (tipo verificar a daily routine dos mesmos - as horas de abrir as persianas pela manhã pode constituir um traço de um perfil).
E mais não digo, não vão pensar que é gossip.

Nuno Castelo-Branco disse...

Pegando na brincadeira do Baptista Bastos, o que "andava a fazer o tal Belmiro em 1973"? Perguntar não ofende...

Zephyrus disse...

Em relação ao sucesso dos hipermercados e à concomitante decadência do comércio local, algumas notas. O despovoamento dos centros urbanos, por culpa das leis do arrendamento ou dos responsáveis pelo Ordenamento do território, foi provavelmente a principal causa da morte do pequeno comércio. Por outro lado, durante anos a fio os proprietários de muitos estabelecimentos recusaram-se a modernizar os espaços, e não raras vezes, praticavam preços elevados. Depois, os horários de trabalho praticados em Portugal favorecem os centros comerciais. Entrássemos nós no trabalho e nas aulas às sete e meia ou às oito, tivéssemos apenas quinze minutos para café a meio da manhã e quarente e cinco minutos para o almoço, e saíssemos às três ou às quatro da tarde e o comércio local teria outra vida. Pelo contrário, em Portugal sai-se do trabalho às cinco ou às seis, e com frequência, os portugueses estão uma hora em filas de trânsito. Assim, só sobra tempo para as compras ao fim-de-semana. Três causas para a decadência do comércio tradicional: o despovoamento e degradação dos centros urbanos, a ausência de renovação do comércio tradicional e os horários de trabalho praticados em Portugal.

joshua disse...

Que bom para ele.

Anónimo disse...

Se as grandes superficies abafam o comercio tradicional, este tem que se renovar: abrir em outros horarios , oferecer outra gama de produtos, empreender em novos e diferentes segmentos... que serão copiados pelas grandes superficies.
POr expl. Ainda me lembro dos telegramas e dos caracteristicos ciclistas agarrados aos electricos, que foram abafados pelos mails.