12.11.10

ENTRE A MISÉRIA E A COBARDIA - 1

«Nem um único Governo – em 155 anos – se atreveu a tocar na administração local. O mundo mudou, Portugal mudou. Só ela não muda.Porquê? Por várias razões. Primeiro, porque os partidos se alimentam dela. Os militantes que não conseguem encaixar nos ministérios (mesmo através das famigeradas e largamente nocivas “delegações regionais”) recebem a sua espórtula numa câmara qualquer ou em empresas municipais, que, só por si, sustentam com generosidade 2.000 e tal gestores (uma ligeira extravagância de que ninguém se apercebe). Depois, porque uma quantidade razoável de municípios se tornou uma espécie de propriedade privada de algumas “máfias”, sabiamente distribuídas pelo PS e pelo PSD. E, por fim, porque Lisboa suspeita, e suspeita bem, que o velho ódio ao “Terreiro do Paço” não desapareceu (anteontem, por exemplo, Fernando Ruas não hesitou em ressuscitar esse fantasma) e, conhecendo a fraqueza do patriotismo nacional, não quer declarar guerra ao patriotismo regional ou, pior ainda, ao patriotismo, de costume exaltado, de um concelho ou de uma freguesia. E assim, entre a miséria e a cobardia, por cá andamos.»
Vascco Pulido Valente, Público

4 comentários:

Ana Cristina Leonardo disse...

João, atirei-lhe um dardo. Agora, amanhe-se.

Anónimo disse...

Viva João.

Mas sem dardo. :D

Só para dizer que, por estas e por outras "o Pais já se vende por si próprio".

A

Rui

Anónimo disse...

O que eu gostava - e certamente comigo muitos outros - era que Pulido Valente escrevesse um «guia de acção» para acabar definitivamente com este estado de coisas. O que é que é preciso fazer, como saímos desta miséria e desta cobardia ? Como ? Pelo voto ? Mas o voto está subvertido e comprado. Como então ? Ninguém sabe, é um mistério tão grande como o 25 de Abril ...

Anónimo disse...

Lido o VPV de hoje, certeiro como quase sempre.
O editorial do DN de hoje, sobre a cimeira NATO, ajuda a explicar no que somos peritos: trabalhar em cima do joelho.
Algo que depois acabamos por colmatar com a apregoada capacidade lusa para o desenrasca.
Com os resultados que estão à vista.
Fazem-se uns brilharestes. Por impulso, logo regressados à rotina medíocre (do regime).
JB