14.8.10

A "CAUSA REAL"


O semanário brasileiro Expresso consagra uma página inteira e uma coluna de outra à chamada "causa real". Parece que meio mundo do CDS - e ele já é tão curto -, a começar pelo inefável Portas, paga quotas para aquilo. Até o Nobre da AMI, e vago candidato presidencial (tão vago que é monárquico), é sócio. Preside à coisa o antigo banqueiro e agora editor de livros Paulo Teixeira Pinto. A "causa real" impressiona-me tanto como a comissão presidida por outro banqueiro, o "Arturinho" Santos Silva (como é carinhosamente tratado pela boazinha da dra. Maria Barroso), para os 100 anos da República. Uma e outra representam inutilidades que não convém repetir. Apesar da monarquia constitucional que vigorou sensivelmente durante toda a segunda metade do século XIX a o princípio do milénio seguinte ter sido porventura o menos indecente dos derradeiros regimes que se têm sucedido, o que o país menos precisa é de uma querela regimental. Para além disso, o "herdeiro", apesar de ser uma estimável pessoa, tem tanto disso como de esquecível e de politicamente nulo. E os monárquicos, salvo uma ou outra excepção, são de fugir. Quanto à 1ª República - que é o que o "Arturinho" comemora - tratou-se de uma mera ditadura urbana que precedeu a que lhe seguiu. O que Portugal necessita é de uma Nova República que aparentemente não tem ninguém para a exibir como desígnio. A "causa real", enquanto filantropia, lá terá os seus "alunos de apolo". Mas não passam disso. E, se calhar, nem sabem dançar.

22 comentários:

Garganta Funda... disse...

Au point, Dr. João Gonçalves.

Esqueceu-se foi de referir que o «ex-banqueiro» P.T.Pinto, o tal que preside a essa associação filantrópica denominada «Causa Real», é também o «coordenador» do projecto de revisão constituicional do PSD, um partido programáticamente republicano e social-democrata.

Se isto não é surrealismo, o que é que será o surrealismo?

Não tenho dúvidas - e para lá vamos - que «Sua Alteza Real», o Duque de Bragança, candidatar-se-á a Presidente da República...

GULAG disse...

A Garganta Funda ... errou no tiro. Não é o mesmo Pinto. Este da "Coisa" Real é o tal que levou uns milhões de indemnização depois de "dar cabo do banco" (ah, grande gestor). O da "revisão" (devia era rever o que anda aqui a fazer), é o filho do Pinto do Bloco Central (essa porcaria pela qual ainda hoje pagamos "forte e feio - crise), que morreu e deu origem ao cavaquismo (essa....).

Anónimo disse...

Deus nos guarde de republicanos como Santos Silva e de monárquicos como Câmara Pereira. No fundo, Deus nos guarde dos mentecaptos e dos filhos-da-puta. Os monárquicos da Causa Real devem valsar, e não dançar a Salsa. O nosso bom Duque de Bragança deve ser bom tipo - mas é completamente incapaz. Só de o ouvir pronunciar três sílabas já me apetece ir espalhar argamassa, à talocha. Entretanto não há maneira de refundar o que quer que seja com este "pessoal político"; e com a totalidade deste povo: 1/3 deste povo devia evaporar-se, desaparecer, perder-se no abismo espaço-tempo, caír num buraco negro, não-estar-lá no dia seguinte. Já fomos muito menos e muito melhores.
A iconografia da república é fraquíssima; com uma estética de ensino-primário; com um grafismo pobre e vácuo, capaz de fazer as delícias da rapaziada que no BE costuma conceber os cartazes. A gravura mostra a pobre-mulher de barrete frígio; mais parece o cruzamento entre Ana Gomes, uma lavradeira da Serra do Barroso (de peito farto) e uma locomotiva da CP. Portugal precisa de uma purga. Precisa de castigar exemplarmente os criminosos e de rejeitar impiedosamente os indiferentes. E de mandar esta reles cáfila de juízes, delegados, falsos polícias e falsos jornalistas, deputados, autarcas e outros broncos similares pela barra fora.

Ass.: Besta Imunda

Miguel Dias disse...

Os apoiantes da "Causa Real" vão desde herdeiros do "Miguelismo Absolutista" aos actuais "jotas" do CDS/PP; uma mistura de marialvas com "betos chiques" que procuram na defesa da Monarquia uma forma de escape psicológico e vaidade mediática.
Veiculam a ideia de que a Monarquia, com um descendente de D. Miguel no trono, e os conselheiros reais, com Paulo Teixeira Pinto à cabeça, são a receita milagrosa para a "Regeneração" de Portugal, e a correspondente restauração das glórias passadas da Pátria. Deprimente: a "regeneração" do país não passa pela restauração da Monarquia nos moldes em que eles o desejam, porque a actual crise que vivemos não é uma questão de regime, assim como não o era na passagem do século XIX para o XX depois após o Ultimatum.

Anónimo disse...

Qual é o problema da social-democracia? O "Garganta" esquece que a Suécia,a Noruega,a Dinamarca,a Holanda,por exemplo,são países onde a social-democracia tem sido realmente aplicada ao longo dos tempos com sucesso,e são monarquias. Claro que esses e outros como a Inglaterra,O Luxemburgo,a Bélgica,na sua opinião,estariam muito melhor se tivessem um regime republicano,"moderno" como o nosso,mas infelizmente para as suas pobres populações,isso não tem acontecido. Que chatice para os discípulos do grande democrata Afonso Costa que nunca se atreveu a referendar a mudança de regime. E já agora reparou que o Canadá,a Austrália,a Nova Zelândia têm mantido alegremente e livremente o regime monárquico sendo o seu Chefe de Estado a Raínha Isabel? Que atrasados,céus,que não seguem o nosso tão frutuoso exemplo!

Anónimo disse...

Oh as «Novas Repúblicas» ! E logo em Portugal !
Do que realmente precisamos é de um D.João II e o facto é que às vezes (embora raramente) calhou-nos em sorte.
Já agora talvez gostassem de ler a «Carta de Henrique de Paiva Couceiro a António de Oliveira Salazar, em 31 de Outubro de 1937».

joshua disse...

A mim move-me mais a ideia de uma Nova República sob/com um Rei na estabilidade e vínculo EMOCIONAL indissociável com os portugueses e Portugal. Não há afecto nem confiança entre os portugueses e a sua classe política institucional? Logo, não há nada!

A forma-fórmula de Regime é irrelevante em democracia. Seria feliz numa República BOA. Há-de haver oportunidade de restaurar um Regime ideal ou bom: aquele que funcionar com autoridade moral dos seus agentes e as mãos limpas. Os ladrões não as têm nem os saqueadores nem os perdulários nem os tíbios nem os parasitas da partidocracia.

Poderíamos ter a melhor das Repúblicas, mas infelizmente só temos a velha tísica vã cobiça. Os mais ricos não têm desígnios de mecenas nem causas nem paixões nacionais. Só bolsos. Nada mais que uma avareza espessa estendível ao serventuário pessoal político.

O evangelho "socialista", que é absolutamente amiguista, cosa-nostralhesco e favoritista, prefere e pratica o descalabro completo, o caos como forma de vida. É dividindo todos os outros que o PS Sistémico reina para si mesmos e mais imune sobre os demais.

Anónimo disse...

Respeitinho, Dr. João Gonçalves. Respeitinho.

Anónimo disse...

Não diga isso? República/Monarquia, que diferença faz em termos de eficiência governativa? ou cívica? Misturo para apreciação: Suécia, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Espanha, Portugal. Parece que há uma acentuada diferença: as repúblicas atacam com mais vigor o erário público. Espanha 6.6 milhões (o rei pediu para baixar, acompanhando o executivo), Portugal mais de 20 milhões. Acrescente-lhe agora o preço da eleições e veja o que a coisa nos custa. Para resultados iguais, no estado lastimável em que nos encontamos, o lógico seria escolher o mais barato.

Anónimo disse...

chapeau.....

Karocha disse...

Anda tudo maluco JG.!!!

Xico disse...

É-me absolutamente indiferente o tipo de regime, com rei ou presidente, por isso concordo com o João Gonçalves, que levantar o problema da representação é disparatado.
Mas para quem se enerva com o modo de falar do sr. duque de Bragança, sempre digo que Cavaco e Eanes têm um problemas de dicção e de comunicação, e Sampaio, sem problemas de dicção, consegue dizer cem palavras num minuto sem dizer absolutamente nada.
Quanto à rainha de Inglaterra, a única chefe de estado credível nesta Europa, tem um timbre de voz absolutamente horrível e ridículo. Julgar as pessoas pelos seus defeitos físicos é estúpido e perigoso. Por isso Sócrates, Passos Coelho e Obamas, ganham e Deus nos livre.

Bartolomeu disse...

Monarquia... é puro saudosismo da boca para fora, é fado da madragoa e a esgrima de um espadachim de outeiro num braço de ferro de paixões e palavras ocas, já que na hora de chegar à frente em fuga ninguém perfila e como ladrões agem pela calada!

Bem haja

joshua disse...

Ó Miguel Dias, é então uma questão de quê? Dizer que não é uma questão de Regime parece mais uma afirmação ociosa porque sim.

Fundamente as suas ideias.

Explique-se.

Anónimo disse...

Há um Monárquico, daqueles que não dão água aos pintos, que escreveu o seguinte :

-«Não interessa quem é Rei. Interessa que haja alguém que não esteja sujeito ao poder corruptor do dinheiro, alguém que possa resistir a todas as tentativas de suborno por parte da oligarquia. O Marquês de Penalva afirmava, em finais do século XVIII, que o Rei era diferente para que todos os outros pudessem ser iguais. A República pode parecer mais democrática do que a Monarquia, mas a República está condenada a ver a democracia transformada em oligarquia, e a Monarquia não. De forma algo surpreendente, uma instituição não-democrática pode ser a melhor garantia de defesa da democracia. Vai contra tudo o que nos habituámos a defender, mas faz sentido...».

Miguel Dias disse...

Joshua:
a minha afirmação não foi ociosa, apenas porque sim ou porque não, procuro ter consciência e consistência nas minhas afirmações. E "Fundamente as suas ideias. Explique-se." não sou um teórico da salvação nacional nem me pagam para dar ideias para tirar Portugal da situação em que se encontra, para isso existem neste País muitos pagos "a peso de ouro" para tal, vá pedir-lhes a eles explicações e receitas.

joshua disse...

Precisamos de mudar, Miguel. Mudar não pode ser uma opção de elites, mas uma moção colectiva forte, interiormente motivada.

Entre a dissolução no federalismo europeu dos fortes e na corrupção patega de esta República, pense-se no reatar da memória num caminho multissecular.Façam-se as contas e o Regime que temos é um luxo que trai e defrauda.

Anónimo disse...

Apesar de estarmos em sentidos opostos, aprecio os seus posts inteligentes. Este não é, definitivamente um deles. Não faz sentido, pois é um mero exercício opinativo, sem reflexão qualquer. Se soubesse de História Contemporânea de Portugal, como sabe de lugares-comuns, perceberia, pelo menos, que o movimento monárquico se renovou, ao passo que o político-republicano, comum, bom mação e chauvinista é o mesmo hoje que era no tempo de Afonso Costa. De resto, bons e maus há-os em todas as fileiras. Antes de se discutir a república, ou dizer-se mal da monarquia deve discutir-se a partidocracia. Mas disso ninguém se lembra. Pelo menos enquanto a gamela der para todos.

João Távora disse...

Portugal dos pequeninos: conformado com o que lhe foi roubado, contentinho com o que tem.
Triste é efeito pavloviano tem a palavra “monárquicos” em ti, João, isso cura-se!
Abraço

domingos disse...

Com ou sem Rei não conheço país mais monárquico (no mau sentido) do que Portugal e conheço bastantes. Não falo em sentido formal, mas na conduta, no carácter, nas ambições, nas fraquezas etc. da "massa" lusitana. O próprio Dr. Soares era mais monárquico que o D. Duarte. Do Prof. Cavaco nem falar... Se D. Duarte subisse ao trono: ficaria impedido de andar por aí a pronunciar-se por tudo e por nada; só poderia fazer as declarações públicas que o Governo determinasse; não poderia viajar sem autorização do Governo; teria que viver com a dotação oficial que seria certamente inferior à do PR; teria a agenda controlada pelo protocolo do Estado; teria que se vestir menos populisticamente; não aumentaria nem diminuiria o número de monárquicos. Portanto, no lugar dele deixava-me estar como está porque numa monarquia constitucional acabava por ficar pior.

Nuno Castelo-Branco disse...

Apenas uma nota, João. Sempre que colocas um post acerca deste tema, chovem comentários. Porque será? A "coisa" está assim tão morta? Olha que não parece nada...

joshua disse...

Nuno, a questão está cada vez mais viva porque esta Republiqueta naufragante enquistada de Vampiros e incrustada na grande Republicona Europeia caminha a passos largos para a desaparição e o nada. É precisamente sobre isso, aliás, que o João não se fatiga de escrever. Nem muitos outros.