27.1.10

A DANAÇÃO DE DAMMANN



No corredor do Coliseu encontro alguém que me diz que cancelaram uma coisa qualquer da medíocre temporada lírica em curso no São Carlos. E porquê? Porque prosaicamente faltou o tenor. Ora sou do tempo em que, com Paolo Pinamonti (e, antes dele, com os directores que conheci, de Paes a Serra Formigal, de Ribeiro da Fonte a Ferreira de Castro), se fazia o trivial, uma substituição. Num ano, 1982, Cossotto estava anunciada para uma Carmen e foi substituída por uma jovem e genialmente inesperada Victoria Vergara que deu ao São Carlos uma das melhores heroínas de Bizet de sempre. A escolha do encriptado Mário Vieira de Carvalho para o TNSC, o alemão Christoph Dammann, foi das coisas mais catastróficas que atingiram o coração do nosso único teatro de ópera, um teatro nacional. Gabriela Canavilhas, a actual titular da Cultura, tem a estrita obrigação de perceber isto sobretudo por causa da sua formação. E se não perceber, a evidência fala por si. Remova Dammann - e outras figuras menores - e reponha Pinamonti. Sou dos poucos à vontade para defender isto. No mesmo corredor e na mesma conversa participou o Prof. Jorge Miranda, um espectador com assinatura antiga no São Carlos. Tenciona acabar com ela. Moral da história: "acabem" com Dammann antes que ele acabe com o São Carlos.

Clip: Abertura Egmont, Beethoven. Georg Solti. 1996. Em resposta a um leitor, o concerto foi fraquinho. Gardiner esteve bem melhor no dia de ano novo em Veneza, no La Fenice, que acompanhei no canal Mezzo. Notava-se que a orquestra anda em "digressão artística". Maria João Pires foi Maria João Pires, nem mais nem menos.

8 comentários:

Anónimo disse...

Tem razão,João.Acontece que o tenor e a sua presumível doença são um embuste...apesar de maligno (o tenor)...

radical livre disse...

que esperava encontrar numa republiqueta socialista à deriva

já nem o pm aparece na tv a vender a banha da cobra

o ministro da economia deve estar a contabilizar o que resta

Anónimo disse...

João,
Olhe que não é fácil substituir um cantor num repertório que nunca um cantor vivo cantou - "Carmens" bem ou mal, já quase todos fizeram. Não é por aqui, portanto.
A estranheza aqui é escolher um tenor estrangeiro para cantar em português e nem sequer tratar de assegurar que ao menos consegue cantar o papel.
Abraço
Rui

Anónimo disse...

Como diz o autor do ultimo comentário, é praticamente impossível substituir em cima da hora, um tenor para uma ópera que ninguém (vivo) cantou... No tempo deste director artístico já foram substituídos por doença, cantores principais para óperas em cena...
Apesar de tudo, a César o que é de César...

Anónimo disse...

Pois não,não é possível...paradoxalmente é mais fácil encontrar um «Ottelo»...mas temos de concordar que esta doença veio mesmo a matar...salvo seja...o problema é que o homem (Damann)é mesmo muito mau.Este é que é o problema!e isto deveria ser a gota de água para o por a mexer dali para fora.Os custos são bem mais elevados do que uma hipotética indemnização.Canavilhas tem obrigação de saber e de agir.

fado alexandrino. disse...

Porque prosaicamente faltou o tenor.

Incrível.
O Governo está cheio deles, bem podia ter dado um ajudinha.

Anónimo disse...

Eu já desisti da assinatura - depois de épocas de frustrações acumuladas.
Quem quiser e puder, que vá a Berlim passar uma semana: tem 3 casas de Ópera e ainda a Neue Philarmonie, com espectáculos de altíssima qualidade todos os dias. Além de 107 museus (para além de tudo o mais).
Se ficar em Lisboa, é aproveitar os foyer abertos do S. Carlos, os concertos do 1º Domingo do mês na Gulbenkian, para além de outros (como os concertos abertos da Antena 2, o festival de órgão, também grátis), os quais são normalmente muito bons. E os dias da música, no CCB. Quem puder, tem ainda a Temporada Gulbenkian. S. Carlos? Não obrigada (com muita pena o digo mas não nasci para ser masoquista).

Anónimo disse...

Pois João,
Não te contaram teus informantes a culpa que tem o João Paulo dos Santos nisso tudo. Pois sonde para ver quem é que não entregou as partes da edição em tempo...e não avisou do atraso?
Certo que substituição é coisa de sempre num teatro de ópera MAS não em obra tão desconhecida como a Dona Branca. Ter um substituto à mão, isso sim, podia lá ser.