POLÍTICA DE CAÇA
Eu fui dos que votaram em Durão Barroso. O estilo mole e razoavelmente inconsequente de Guterres incomodava-me. E o Dr. Ferro manifestamente não impressionava e pouco tinha - e tem - de estimulante. Já em 1995 eu achava que Barroso devia ter sucedido a Cavaco, mas isso ainda não estava "escrito nas estrelas". A persistência foi premiada o ano passado, e eu acreditava que o nem sempre feliz candidato a primeiro-ministro, iria com certeza tornar-se um bom chefe de governo. No entanto, da vasta parafernália de apoiantes da campanha e de "nomes sonantes", pelas suas qualidades pessoais, políticas ou técnicas, que imaginávamos que pudessem vir a ser escolhidos, muito poucos ou nenhum chegou a ser "eleito". É aqui que aparece a metáfora marcelista de que "quem não tem cão, caça com gato". Na realidade, o conjunto de governantes que foi apresentado à Pátria, entre ministros e secretários de estado, suscitou quase unanimemente um enorme bocejo. Faltava ali qualquer coisa. Em geral, não havia nem densidade política, nem grande preparação. Era - e é - quase tudo bastante fraquinho. E há demasiado amadorismo nisto tudo. Estes últimos desenvolvimentos, que lhe saíram péssimos, demonstram que é necessário inverter a "política de caça". Barroso precisa de predadores de largo porte, leais, mas sem temores reverenciais e, de preferência, que não sejam venais. Doutro modo não irá muito longe. Definitivamente não pode ir à caça com "gatos". Arrisca-se a acabar arranhado e de sacola vazia.
Sem comentários:
Enviar um comentário