ESTAR MAL
A democracia portuguesa está a passar por um momento de mediocridade larvar. É bom lembrá-lo à data de hoje, fundadora de um regime que se queria generoso e "reformador", e que acabou como acabou, minado por dentro e por fora, sem piedade ou remorsos. Note-se que eu sou claramente republicano e acredito nos valores "republicanos" no exercício da acção política. O rosto tenso de Durão Barroso, ontem, em Roma, ao lado de um patético Ministro dos Negócios Estrangeiros, fazendo de conta de que não se passa nada, é significativo. A conversa mole e ambígua do PS acerca do episódio da "colocação" ou acerca do referendo europeu, também não ajuda. E aquele porta-voz do Dr. Ferro pura e simplesmente não existe. Como não existe o porta-voz menino do PSD, um tal Pedro Duarte. No CDS/PP soube-se que no apoteótico congresso, cerca de 600 e tal congressistas é que votaram, num total de 1700, apesar da fidelidade canina ao líder. A recorrente sociedade civil, retratatada diariamente nos intermináveis telejornais, e que a "política" quer pujante, liberta e dinâmica, é a indigência material e intelectual que se vê. Já não é só uma questão geral de "mal estar", a que aludiu Mário Soares, um eterno optimista. O problema desta pobre República é mesmo "estar mal". Isto não está de se recomendar a ninguém.
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