16.10.03

O "INOCENTE"

O Sr. Louçã, do Bloco, pessoa com quem eu raramente concordo e com quem muitas vezes embirro, fez ontem uma intervenção no Parlamento absolutamente acertada acerca das confusões suscitadas aquando da libertação de P. Pedroso. É legítimo que Pedroso tenha uma ambição política e que a desenvolva. Até prova em contrário, é um homem inocente, embora seja arguido num processo. Porém, e ao contrário do que me parece sensato, Pedroso está a dar sinais de que quer "fazer política" a partir do seu problema pessoal. Com aquele ar de anjinho sonso, vai dando entrevistas muito bem estruturadas e vai "aparecendo" mais ou menos em todo o lado. É péssimo para o PS que se continue a associar o destino "processual" da criatura aos objectivos "políticos" do partido, e vice-versa. Mesmo que Pedroso seja inocentado, e é muito provável que venha a sê-lo, dificilmente resistirá a "cavalgar" a situação. O que tem saído da boca da tonta Ana Gomes, faz esperar o pior. A recuperação apressada do lugar de deputado, também. Uma vez que Pedroso quer restaurar o lugar de "delfim" de Ferro, há que lhe dar combate político, nessa exacta medida, e não através de insinuações rasteiras relativas à sua posição de "arguido" ou da exploração da teoria do "coitadinho". De facto, Pedroso está associado à actual má direcção política da maior alternativa à maioria. E isto é bom que não seja esquecido no meio do embaciamento geral. Porque aí, no terreno em que verdadeiramente se gosta de mover, Pedroso não é seguramente um inocente.

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