7.10.03

CALMA DE MORTE

No final das "notas musicais" de ontem, apelei para que o Ministério da Cultura despertasse do estado letárgico em que se encontra. Dou um exemplo. No princí­pio de Julho, mal João Grosso se tinha demitido do Teatro D. Maria II, foi anunciado que António Lagarto o iria substituir. Passaram três meses, e Lagarto continua de fora. Supostamente está-se à espera de uma nova lei orgânica para o Teatro. Para ser testada e para ver se, com uma nuance aqui ou ali, pode servir de "modelo" para os restantes teatros nacionais. É o ímpeto "reformador" no seu melhor estilo. Diz-se que se vai fazer, mas mesmo que não se faça, já ficou dito. A técnica do "passar do tempo" é muito antiga, mas tenho sérias dúvidas de que, a final, frutifique. Quase todos os organismos estão praticamente parados e desmotivados. Nestes termos, os actuais responsáveis políticos do MC acabam por dar razão a quem vem defendendo a inutilidade da existência de um ministério da cultura. Não sopra dali um rasgo, uma ambição ou uma ideia. Se é só para "gerir" e "poupar", mais vale chamar a Direcção Geral do Orçamento e "fechar" o ministério. Sai mais barato aos contribuintes e aliviam-se dois governantes. Um dia eles serão os primeiros a entender que a "calma" onde insustentavelmente reinam, é uma perversa "calma de morte".

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