OUTRA COISA
Durão Barroso não aproveitou a segunda saída intempestiva de um membro do seu governo para mexer nele. Fez mal. Recorreu ao inner circle, na tradição dos seus antecessores imediatos, para substituir o embotado Martins da Cruz. Teresa Gouveia, que o ano passado não se deixou tentar pela cultura - e tinha razão, tentar-se com o quê? - , acha-se agora em condições de emprestar o seu ar amável à diplomacia portuguesa, logo a seguir ao "primeiro". Até aqui não há nada de particularmente excitante. Acontece que Barroso também decidiu juntar o CDS/PP às listas do PSD nas eleições europeias de 2004, prometendo longa vida e venturas a esta "aliança". Naturalmente que o porta-voz desta bem-aventurança não podia ser outro senão Santana Lopes. Isto é um mau sinal. Desde logo, porque parece que o PSD tem receio de ir a votos sozinho. Primeiro rombo na tradição da vocação maioritária do partido, conquistada por Cavaco. A seguir, porque está montado o cenário para Santana poder avançar para onde se sabe. Segundo rombo, através do afastamento do mesmo Cavaco do eventual caminho para Belém. E finalmente o terceiro rombo, que consiste no conluio com Portas, daqui para diante. Eu estou no PSD há 20 anos. Não ligo pevas a militâncias, mas presto alguma atenção a valores. Como tal, terei que estornar o meu voto de 2002 nas europeias de 2004. Neste cenário, o futuro nada terá a ver com o PSD. Há que passar adiante e pensar em outra coisa.
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