3.10.03

BREVES

1. A paródia. O Dr. Jaime Gama, ao arrepio do "núcleo duro" do seu partido e, ao que creio, de algum PSD, disse que um eventual referendo acerca da Constituição Europeia, seria uma "paródia democrática". Tem razão. Gama tem a virtude de falar pouco. É dos poucos políticos no activo que tem a tal "dimensão de Estado". É um institucionalista e mede bem cada palavra. É uma pena que não consiga "crescer" dentro do partido, e depois deste, que não consiga "crescer" para a Nação. Pode sempre tentar.

2. A cunha. O Dr. Martins da Cruz terá metido uma "cunha" ao pobre do Dr. Lynce para que a filha entrasse em medicina, com base nas regras excepcionais previstas para familiares de diplomatas, quando estas já não se lhe aplicavam. E Lynce terá excepcionado a excepção. Imagino que centenas de candidatos à entrada naquele curso também tenham tido o mesmo pensamento. Só que não "conhecem" o Dr. Lynce, nem são seus colegas no Governo. Estar episodicamente no governo, a servir a chamada "causa pública", não faz de ninguém dono "disto". É de elementar bom tom não o esquecer e, de preferência, não abusar.

3. Desertificação. No seu artigo de ontem do Público, José Pacheco Pereira explica, e bem, quais os efeitos a médio e a longo prazo, para o PSD, da deslocação para a "direita", via aliança com o PP. A mais evidente é a "secagem" do centro-esquerda, do célebre "centro" onde se ganham e perdem eleições. A manobra presidencial do "pacto de geração" que envolve Portas, Santana Lopes e respectivas ordenanças, só serve para acentuar esta desertificação, e destina-se a ser o seu acme. Felizmente ainda há quem perceba isso. Aprende-se muito com os mais "velhinhos".


4. Desgraça. É o título de um notável "romance" do novo Prémio Nobel, o sul-africano J. M. Coetzee. Está traduzido pelas Edições D. Quixote.

Sem comentários: