«Claro que as «esquerdas» várias, às quais não pertenço com cartão do padre-cura, não sairão a defender-me: vós, por aí, agora, guardais todos o silêncio, ou só piais para o partido respectivo. Viva a democracia, mais o Portugalório cadaveroso. E de resto, eu sou um estrangeiro e um estrangeirado, lá onde sempre mandaram os da «casa».
De uma carta de 8 de Setembro de 1976, dirigida por Jorge de Sena, desde os EUA, onde vivia e ensinava, a José-Augusto França, em Lisboa
8 comentários:
Gramo o velho Prof. José Augusto França. Gosto de o ler e de o ouvir falar. Sabe muito e conheceu muita gente - válida e fingidores também; já tirou a fotografia ao portugal-artista há muito tempo. Pena é que não lhe tenha dado para criticar sériamente a nacional-literatice.
Sena: pesadamente actual; não deve ornamentar muitas mesas-de-cabeceira, por essas "juntas-de-freguesia" fora.
Ass.: Besta Imunda
Faz sentido. Só não percebo esta tendência de ir buscar escritos com 30, 40, 100, 500 anos - quando toda a gente que escreve agora esteve caladinha durante os anos 90. Mudou alguma coisa? Há algo que explique por que motivo não fizeram barulho nessa altura? Ou só fazem barulho quando as coisas dão para o torto? O que se passa agora estava há muito anunciado... Que era de vocês nessa altura?
Godinho (não Vitorino Magalhães, suponho....), pela minha parte escrevi coisas irrelevantes num jornal chamado Semanário, entre 1984 e 1986. Nos anos 90 ainda não havia blogues e eu não sou do "meio" em voga justamente desde essa altura.
Chamemos as coisas pelos nomes: desde que Portugal se envergonhou de ser uma monarquia antiga, e importou um sentimento republicano que nunca se adequou aos seus cidadãos, na maior parte iletrados (a democracia implica gente culta, e não foi desenhada para escravos- do Estado e da Igreja), a coisa nunca funcionou muito bem. O período pós 25 de Abril foi verdadeiramente notável, a todos os níveis (talvez um dos melhores períodos da nossa história), mas rapidamente Portugal voltou aos seus velhos afazeres e ao feudalismo de uns quantos seres. Os que já tinham dinheiro e influência. O que mudou? O sistema agora permite que um zé-ninguém cresça na vida e acabe por pedir dinheiro àqueles que sempre o tiveram... é uma mudança e pêras.
Grato pela resposta, JG. O que eu queria salientar é somente que ninguém pode ter a certeza de dominar todas as razões da sua condição histórica. Por este simples facto, fazer citações com 30-40 anos de intervalo, por muito simples que pareça, não traduz um milímetro da realidade. Não estamos bem (de facto, estamos muito mal), mas também (julgo eu) não estamos exactamente na mesma condição histórica que levou Jorge de Sena a dizer o que disse na altura. A História é o que é. Um País? Ninguém sabe no que se pode tornar, apesar de todo o fatalismo. O fatalismo, já agora, é uma crença inteligente (talvez a mais inteligente de todas), mas nunca fez bem a ninguém.
Culturalmente, é isso que nos falta: rir-mo-nos da nossa pobreza, o que é substancialmente diferente do que ficar derrotado por causa dela.
Cumprimentos.
"O período pós 25 de Abril foi verdadeiramente notável, a todos os níveis (talvez um dos melhores períodos da nossa história)"
Falamos de quê exactamente? Dos primeiros dois minutos, ainda o Paulo de Carvalho não tinha acabado a cançoneta?
Permitam-me que lhes diga: vocês todos, bloguistas arregimentados e comunidade política e jornalística, já metem nojo à patuleia. Estão durante três anos impedidos (por manifesta incompetência vossa) de conseguir atacar as politicas, e, assim, apenas atacam o homem, o Sócrates.
O Jorge de Sena não era "fascista"?Curioso! Deve ter faltado muito pouco para o ostracizarem pelas suas opiniões desassombrdas sobre "este jardim à beira mar plantado"! Toda a chamada "intelectualidade esquerdófila" é duma hipocrisia sem nome!Como é possível ainda andarem por aqui e não terem emigrado para Cuba (Ah!Ah!Ah!Ó Fidel acordaste!!)ou para a Coreia do Norte(Ou vais!Lá o caviar, o "pâté" e o "champagne" é só para o Querido Líder e respectiva corte). "Eles chegam lá" não é Zé?
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