14.7.10

VERSAILLES EM PAIO PIRES


Por que é que insisto na pobreza de espírito dos nossos monárquicos? Porque os nossos monárquicos ignoram duas evidências. A primeira é que devemos ao 14 de Julho de 1789 a monarquia constitucional que foi, até hoje, o único regime verdadeiramente liberal que conhecemos. A segunda consiste em devermos aos antepassados próximos daqueles pobres monárquicos - que sonham com Versailles em Paio Pires e com uma monarquia ancien régime - a conspiração conjunta com os republicanos que liquidaram, a tiro, a dita monarquia constitucional e liberal, no Terreiro do Paço, em 1908. Maria de Fátima Bonifácio, que não é uma historiadora pequenina como o Tavares do Bloco, acabou de explicar isto mesmo, com meridiana clareza, na tvi24.

19 comentários:

Anónimo disse...

Mas os monarquicos portugueses são adeptos da monarquia absoluta?
O número de monarquicos legitimistas em Portugal é minimo.
E o principal candidato a rei tambem não me parece nada um candidato a monarca absoluto....só se for o outro candidato, que acho que é o Duque de Loulé, que tenha tendencias legitimistas.
O movimento monarquico em Portugal pode ser ridiculo e indigente, mas não é por excesso de miguelismo....

floribundus disse...

há uns 20 anos esperava por amigos no bar da Sociedade de Geografia.
fiquei horrorizado com a conversa dum grupo de monárquicos de várias tendencias.
há 5 anos em Roma tive uma conversa de 1 hora com os Duques de Bragança. que diferença de nível cultural e cívico. a canalha não o merece.
zé sapatilhas não passa dum charlatão (quack) pintado por Gerrit Dou
pelo séc. xvii

Anónimo disse...

Gostaria de apoiar o Anónimo das 11.24. Duvido que a maioria dos simpatizantes monárquicos portugueses sejam miguelistas e/ou burros. Um dos professores mais inteligentes e brilhantes que tive na velha Faculdade de Letras foi o Prof. Vieira de Almeida,monárquico e liberal,como eu.

Anónimo disse...

O 14 de Julho também se deve, por sua vez, a várias coisas contingentes: a bolha financeira nas colónias da Luisiana (burla), que estoirou e precipitou a raiva de especuladores falidos contra Luís XVI e o seu Teixeira dos Santos; os novos impostos e o medo do Rei; a sua perdição ao convocar o 3º estado para os benditos estados gerais (Á gandaGuterres!). Monarquia para nós, agora, só com um Rei completamente espantalho e amordaçado - e impedido por lei de atribuir títulos. Não falemos do nocivo e cobarde Sampaio. Cavaco fala pouco e mal; age tarde ou não o faz de todo; é uma figura ambígua e os poderes do Presidente, tal como estão definidos, geram o conflito e a intriga e não a "cooperação"; para que tal não acontecesse era necessário que cada presidente eleito fosse brilhante e um indivíduo carismático e justo. Sempre. Isso é tão difícil como ter sorte com um Rei. Mesmo com campanha e eleição. Mais valia que então também não existisse Presidente da República. Feliz a Austrália que mesmo a sua Remota Rainha vê pouco; e que é totalmente liderado pelos eleitos (totalmente responsáveis e sem alibis). Quanto ao modo tipicamente carbonário-jacobino de assassinar reis, usado pelos republicanos, não merece agora elogio como não mereceu na altura. As revoluções são (ou deviam ser) brutais. A monarquia que "nos representava o calote" desapareceu; e cedo se percebeu (mas foi cuidadosamente escondido por muitas décadas) que afinal a culpa não era do Rei ou da Rainha, gente educada e modesta. A culpa está em nós, pedantes plebeus, que julgamos em cada instante poder encontrar origens de problemas externas às nossas pessoas lusas incumpridoras e sempre prontas a usar ardis e esquemas.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Muito bem pensado e escrito, «Besta Imunda».
No fundo, contas feitas, não se trata dos "pobres monárquicos" ou dos "queridos republicanos", mas deste povo que acaba por merecer todos estes embustes em que se torce e retorce quotidianamente.
Não tenho pena nenhuma : Habituaram-se.

Anónimo disse...

Mas a rota de causalidade entre 14 de Julho e o liberalismo em Portugal, a ser confirmável, não é das mais invejáveis.
E a republique foi um regime feroz.

rui a. disse...

Não entendo porque diz que os anos posteriores aos 14 de Julho foram «o único regime verdadeiramente liberal que conhecemos». Nem aquilo teve a ver com qualquer ideia de liberdade, tão-pouco foi um regime, menos ainda de monarquia constitucional.

Acho que temos melhores exemplos de liberdade na História Constitucional Inglesa e Americana.


Cumprimentos,

RA

Joaquim disse...

Sendo correcto tudo o que afirma, há um outro pormenor histórico que é incontornável. E este vale tanto para monárquicos miguelistas como para monárquicos liberais e constitucionalistas (se é que os há).
A monarquia baseia-se numa legitimação fundamental que se perdeu ainda antes da Guerra Civil, de um dever ético do monarca em relação à nação incompatível com a realidade histórica de um rei (D. João VI) ser obrigado pelos ingleses a retornar ao trono em Lisboa.
Daí que algumas importantes superações de histórias oficiais críticas de reis como D. João VI ou D. Carlos por vezes não evitem o risco de um simplismo dicotómico de índole contrária que esqueça a crise de egitimação desses monarcas.
Para não falar dos Braganças (e seus próximos) que se seguiram a D. Carlos, cuja resposta ao assassinato foi livrarem-se da suposta fonte do descontentamento dos assassinos (João Franco) e nada fazerem quanto aos criminosos (mandantes).

Unknown disse...

"Pobres monárquicos" tem direitos de autor e o autor usou essa expressão porque, obviamente, algo o incomodava nesses monárquicos senão nem se dignaria a dar-lhes a mínima importância. Embora a maioria dos monárquicos e dos comunas não me impressione por aí além, reconheço que em ambas as tribos há gente de valor e com ideias interessantes pelas quais se sabem bater.

Anónimo disse...

V.Exa é que devia ser deslocalizado para Paio Pires

Rui Monteiro disse...

O História tem sempre a versão que convém a quem a escreve. A minha versão é a actual, chamemos os bois pelos nomes. Em 1910 havia monárquicos do lado dos republicanos para deitar abaixo D.Manuel II mas esses não eram de modo nenhum representativos de todos os monárquicos, simplesmente eram contra o constitucionalismo. E os republicanos que se seguiram também não foram grande exemplo, criaram organizações como a Formiga Branca que em 1921 assasinou o primeiro ministro e dezenas de históricos republicanos.
A economia se já em 1910 era má por causa de coisa simples que foi a indepência de uma grande fonte de recursos ... o Brasil, ficou pior com a Grande Guerra ao ponto de que de 1910 a 1926 o pão aumentou 21 vêzes. Em 16 anos de republica que agora comemoram a economia atigiu valores de uma forma que só um especialista em finanças poderia por as contas na ordem.
Se os republicanos já eram responsáveis pela entrada na Grande Guerra com 75 000 soldados e milhares de mortos, o estado da Nação viu-se com a Monarquia do Norte de 1919 feita por muitos militares que se sentiram abandonados pelo estado portugues na Guerra, só foram contrariados em Monsanto pela GNR e por populares analfabetos ( eram 75% da população em 1910 ). Como todos sabemos um povo com falta de cultura é fácilmente controlável e tivémos o resultado. Resultado que se virificou simplesmente com o maior prémio republicano dos últimos 100 anos, a aprovação de forma democrática através de referendo nacional da Constituição de 1933 que instituiu o Estado Novo e colocou Salazar no Poder !
Sim republicanos são os principais responsáveis pela falta de Liberdade e Democracia durante 48 anos, e muitos transitaram da Formiga Branca para a PIDE ... convinha.
Muitos republicanos de proa estiveram à frente do Estado Novo, como por exemplo o maçon republicano Marechal Carmona.
De 1820 a 1910 o Rei Constitucional era aclamado/votado pelos deputados eleitos pelo Povo, de 1910 a 1974 os presidentes da republica nunca foram votados pelo povo directamente ou indirectamente.
A matança eleitoral republicana foi de tal ordem que o universo de eleitores de 1910 para 1915 caiu para metade segundos os dados oficiais estatísticos, a razão foi a constituição republicana de 1911 que limitava o direito de voto só a pais de família letrados, excluindo : mulheres, deficientes, analfabetos, cegos, surdos ...
Voltemos agora, de 1910 até hoje sempre houve monárquicos democratas,e se há dúvidas deixo o meu discurso do Congresso de Viseu sobre a Esquerda e a Monarquia :

http://esquerdamonarquica.wordpress.com/2010/06/19/congresso-da-causa-real-em-viseu-discurso-de-rui-monteiro/

Se há dúvidas quaanto a D.Duarte ser democrata, não se iludam :

http://www.democraciaportuguesa.org

Para além de ter sido expulso de Angola em 1969 por ter feito uma lista para concorrer às eleições.

Como diz D.Duarte

"Não há Monarquia sem Democracia"

Cumprimentos
Agradeço a todos os republicanos por ter existido o grande portugues republicano que amordaçou o povo 48 anos, Salazar.

Rui Monteiro

Garganta Funda.... disse...

Realmente os monárquicos portugueses são uma grande anedota.

Basta ver e ouvir o(s) pretendente(s) ao Trono, os porta-vozes das Causa(s) Real (ais) e ler alguns blogues doutrinariamente monárquicos para constatarmos que qualquer semelhança entre os monárquicos zúlus e os monárquicos portugueses não é pura coincidência.

Anónimo disse...

Mais cómicos são os republicanos que têm a "garganta" mas nós sabemos bem para que serve ... lol
A minha é perfeitamente normal :)

Oh Garganta Funda ... diga-me lá é democrático ? responda lá ...

esperamos "religiosamente"

Anónimo disse...

Garganta Funda ?

Ande lá queremos o contraditório seu :) Não tem mais nada para dizer ?

heheheheh

João Afonso Machado disse...

Como vê, João Gonçalves, tem aqui comentários para todos os gostos.
De monáquicos pobres de espírito.
Bem aventurados os pobres de espírito, já Cristo deixou dito.
Quer dizer: o mal, realmente está em enfatuados como V. parece ser.

Uma nota final: esqueça esse livro de Mª de Fátima Bonifácio. Essa história de que 1820 foi a rampa para a República é mentira.
Leia antes Os Devoristas de Vasco P. Valente. Aí verá que, na realidade, em 1820 surgiu uma classse nova: a classe politica.
Essa que ainda hoje continua a dar cabo de Portugal e que os portugueses tanto prezam, a avaliar pelos niveis de abstenção eleitoral.

E, finalmente, um convite: apareça no centenario-republica.blospot.

Temos lá, sempre em dia, uma conversa absolutamente pobre de espírito, que decerto muito o divertirá. Apareça e comente.

Anónimo disse...

De não esquecer que os republicanos de 1910 eram foram fortemente apoiados pela burguesia rica como por exemplo o Grandela. Afonso Costa era advogado dos ricos ganhando 4 vezes mais por mês do que o Rei D.Carlos recebia mensalmente ... e teve aquele anormal o descaramento de infernizar por causa dos adiantamentos da Causa Real que de 1820 a 1910 recebia todos os anos exactamente o mesmo.
Sim não era o Povo que estava à frente do Partido Republicano Português ... mas não fala disto esse livreco LOLOLOL

Anónimo disse...

Ai sim ? A senhora Bonifácio sustenta a tese de que 1820 foi a rampa de laçamento da república ? Pois essa é também a tese bem conhecida do dr Nuno Cardoso da Silva, um "anarco-miguelista" como o próprio se intitula ... quere-se dizer, podemos talvez deduzir «com meridiana clareza» que a senhora Bonifácio é doutrinariamente controversa ... não ?

João Afonso Machado disse...

A Mª de Fátiam Bonifácio não será muito controversa. Percebe-se bem onde quer chegar.
O meu velho amigo Nuno Cardoso da Silva, a quem mando daqui um grande abraço, é que é controverso.
Não há vez que nos encontremos que não seja discussão de horas.

De qualquer modo, ele, Nuno, e eu estamos de acordo numa coisa: D. Miguel não era um rei absolutista.
E isso quer, no caso, dizer muito.

Nuno, aparece aí para mais uma sabatina!

Anónimo disse...

Não era um Rei absolutista, mas quando uma mentira (ou uma interpretação abusiva) é tenazmente repetida ao longo de muitas décadas (escrita, é claro, pelos vencedores da guerra civil) acaba por se transformar numa verdade adquirida. E é exactamente o que acontece em relação aos historiadores contemporâneos ... é como que um dado inamovível.