Pouca gente se lembra - a maior parte da blogosfera é alimentada por miudagem física ou mental - dos idos de 1976. Só no mesmo mês, Julho, tomou posse o primeiro Chefe de Estado eleito por sufrágio universal, directo e secreto, o General Ramalho Eanes, e o 1º governo constitucional chefiado por Soares. Nas eleições presidenciais apareceu o Major Otelo apoiado por uma coisa chamada GDUP - grupos dinamizadores de unidade popular. Teve mais de oitocentos mil votos. O "basismo" é algo que a nossa constituição tagarela (na feliz expressão de Rui Ramos) ainda hoje alimenta. A versão "moderna" dos gdups encontra-se agora em coisas como as "comissões de utentes". As scuts estão cheias delas. Os serviços públicos também têm uma "controlada" por uma conhecida militante do PC. Uma ponte fechada para obras em Constância tem outra. A dos da ex-ponte Salazar ainda hoje são famosos e produziram um proto candidato a Belém que ameaçava despir-se como forma de protesto. Etc. Etc. Utentes somos todos nós. Só que existem por aí uns mais utentes do que os outros e que, invariavelmente, esperam que os segundos paguem os seus "direitos". O "basismo", por mais buzineiro que seja, é uma falácia que anima as "massas". Em 76 ainda rendeu uns votos e uma humilhação ao PC. Vamos ver o que rende nos próximos tempos.
Foto: Ephemera
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4 comentários:
Grande post.
Donde é que surgem estas comichões?
Aquele senhor da comichão dos pais que já deve ter netos foi eleito por quem?
E aquele senhor dono de todos os bombeiros quem o elegeu?
Há duzentas perguntas iguais.
Actualmente quase todas as comissões de utentes das sctus, dos centros de saúde, das urgências e de outros serviços públicos são quase todas lideradas por conhecidos militantes/simpatizantes do PSD com algum apoio técnico e logístico dos experientes comunistas.
No Norte isso é evidente.
E não digo que não têm razão...
Depois dos GDUP's veio mais uma eleição presidencial e a FUP, Frente de Unidade Popular, com Otelo mais uma vez - e cujo lema era "Abril de novo pela força do povo". Otelo, segundo me recordo, foi de novo candidato. O seu sonho da "Democracia directa" (conceito descrito e embelezado por ele próprio, mas mais tarde) não vingou, e não foi por "Abril" estar já distante - que não estava. Comichões e comprativas era o que não faltava. Mas essa chatice das "associações e comprativas e comichões e cómetéres-de-tarbalhadores" terem de se reunir nos bombeiros e no ginásio para se governarem e "trabalharem", acabou de vez com as esperanças revolucionárias de Otelo. O povo "já não o queria", o herói-de-abril perdeu o brilho, todos queriam ser funcionários do estado e ter um ordenado; e a malta do bairro foi à vidinha. Otelo embezerrou. Entregou-se então ao terrorismo (tendo entabulado saudáveis e nobres contactos com o "Sinn Féin" e a rapaziada do norte-de-áfrica). O resto foi o que se sabe. Se Otelo pudesse imaginar, nessa altura, a "democracia directa" que temos hoje por causa da internet e as suas imbecilidades, das sondagens de sabonetes, dos concursos de dança, da Kátia que quer ser miss, da falsificação televisiva, da promoção da estupidez em directo e em tempo real, ter-se-ia metido a frade-cartuxo.
Ass.: Besta Imunda
«A versão "moderna" dos gdups encontra-se agora em coisas como as "comissões de utentes". As scuts estão cheias delas. Os serviços públicos também têm uma "controlada" por uma conhecida militante do PC. Uma ponte fechada para obras em Constância tem outra.»
Há uma militante do PC que controla a «comissão de utentes» para a reabertura da ponte de Constância?
Sejamos sérios nos «posts» que escrevemos.
1. Não existe nenhuma ponte em Constância «fechada para obras».
2. Existe uma ponte ponte que continua «aberta» para o trânsito ferroviário que liga o concelho da Barquinha (socialista) ao concelho de Constância (comunista) a mesma ponte serve, também, o trânsito rodoviário e encontra-se (só a parte rodoviária) temporariamente encerrada para análises estruturais.
Há na «blogosfera» quem pense e tente discutir com factos e não com «suponhamos».
Nota final - O concelho de Constância é, estruturalmente, socialista em todas as eleições excepto nas autárquicas, onde seduzido pelas propostas ecologistas dos Verdes, acaba por votar na coligação da qual os Verdes fazem parte (a CDU).
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