29.7.10

PATRIMÓNIO IMATERIAL



João Belchior Viegas deu-me, em vinil, o disco que trazia este fado. Era o 1º volume de uma colectânea de fados de Amália. Não havia telemóveis e, por ter de falar com Joaquim Manuel Magalhães ao telefone enquanto o disco girava, disse-me este para reparar no poema do fado. É a segunda vez que o ponho cá. Tanta fadista pernóstica e ka(th)ias vanessas amarisadas a cantar "poesia" palermóide ou bandas rock no metro a guinchar e a lambuzar o que outrora Amália tornou definitivo quando, afinal, está tudo aqui, nestas três singelas estrofes de Luís de Macedo.

Por trás do espelho quem está
De olhos fixados no meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao Deus dará
Deixando os olhos nos meus.

Quem dorme na minha cama
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama
E lá de longe me chama
Misturado nos meus sonhos.

Tudo o que faço ou não faço
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.

(letra: Luís de Macedo; fado de Joaquim Campos)

1 comentário:

floribundus disse...

até cantava poemas dum 'céguinho chamado Luís'

não gosto do fado mas não proibo ningém de o ouvir