O Correio da Manhã prestaria serviço público se se desse ao trabalho de colocar em livro a repugnante "novela" das escutas que envolvem figuras das presentes elites pátrias (ou párias, não tenho bem a certeza). A repugnância, evidentemente, não resultaria do livro em si mas da evidenciação do "nível" dos envolvidos. Aquilo é o verdadeiro "estado da nação". Por outro lado, sempre se poderia cotejar com o livro da foto. Cerejeira e Salazar foram dois portugueses dos mais ilustres do século passado. Amigos em Coimbra, aquando dos estudos, uma vez chegados ao poder - um na Igreja, o outro na política - separaram-se. O caloroso cardeal encontrou pela frente um homem frio devotado ao exercício do dito poder e, como Cerejeira terá confessado a Alçada Baptista, desprovido de amor ao próximo, uma beatitude que só existe para nos maçar. Salazar, tipicamente, definiu-o: «o Cardeal Patriarca é uma excelente pessoa mas é um fraco que pune a seu modo, como ele diz, para significar que não pune ninguém.» Ao contrário dos parvenus concupiscentes que o CM nos serve em doses diárias, estes dois homens, católicos, foram verdadeiros estadistas. Em 46, por exemplo, Salazar não participou ostensivamente nas cerimónias da "consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria", em Fátima. E em 59, na inauguração do monumento ao Cristo-Rei, foi o último a chegar depois do PR e com um eloquente atraso. Mas talvez esta noção de Estado - com letra grande em vez desse patético "estado da nação" que apenas celebra a progressiva decrepitude da mesma - se tivesse elevado aquando da Concordata que não incluiu, como pretendiam a Igreja e Cerejeira, quaisquer indemnizações ou restituições de património eclesial usurpado pela Lei da Separação vinda da ditadura antecedente, a republicana de Afonso Costa. No final das negociações, numa nota dirigida a Salazar, Cerejeira queixa-se, com ironia, ao Presidente do Conselho. «O Estado Português quase pode dizer que fez uma Concordata sem dar. (...) A maior parte dos artigos da Concordata são já, explícita ou implicitamente, lei portuguesa.» Salazar respondeu secamente: «porque já se deu!».
5 comentários:
Não vivi nestes tempos, mas tenho pena. Talvez mais democráticos que estes de agora. E, certamente, com muito mais classe.
PC
Tacuinum Sanitatis , Ms do séc. XIII, mostra uma iluminura onde um homem colhe cerejas.
diria o Dantas antes de Almada o matar
«em que pensas cardeal?»
Se pinto de sousa (por inconcebível absurdo) mantivesse algum tipo de correspondência, pessoal mas institucional ao mesmo tempo, seria bom podermos comparar. Renderia ao Dr. Gonçalves posts sem fim como os "a minha redacção da 2ª classe".
No máximo terá alguns E-mails lorpas e algumas mensagens deixadas em telefones obscuros - gritando javardices.
Pinto de sousa, correspondência? Para dizer o quê?
Quanto ao seu estadismo, ele está todo caído entre um fato Armani e um Power-point. O mitómano não pensa nada acerca de nada.
Ass.: Besta Imunda
J.G.:
Não esquecer que -- a aquecer a diatribe Salazar Cerejeira -- já perto do declínio de ambos -- bem apagadas, supomos, idas camaradagens juvenis pelo C.A.D.C. -- o apagar do nome santíssimo de Deus da Constituição -- isto por idos anos 50/60 -- a demonstrar que a funesta imfluência carbonário-maçónica, que, até hoje, nos vem acompanhando, estava então viva (só aparentemente dormente (em muitos que, como Barreto, Bissaya / o do portugal dos pequenitos – tentaram, em vão, mas com pertinácia, «entristecer o Espírito» (expressão paulina).
Hoje a mesma chaga das palavrinhas feitas, e moídas, e «de circunstância», a adormecer tolos (por que nos tomam) nos mina e corrói. Que tudo se cozinha, como se cozinhável fosse a própria verdade, por bastidores de infâmia.
O que a olhos vistos salta é caricatura pior do que a de Bordalo (outro maçónico).
E viva o Cristo-Rei.
Que disse:
«Não temais, eu venci o mundo.»
Fascistas de merda!
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