21.11.09

FACES E DESOCULTAÇÕES

Há quase um mês, quando alguém "desocultou" o processo com origem em negócios de sucata, escrevi aqui que «independentemente do que penso de Vara, se me perguntassem se é verosímil um tipo destes "sujar-se" por dez mil euros, diria que não.» Ontem, ao almoço, um amigo sugeriu a minha complacência para com Vara. É nenhuma. Ou a mesma que tenho desde 2001 e a que exprimi, no caso em apreço, no post citado. Todavia, a não ser a título de voyeurismo doentio, para quê revelar os rendimentos do homem na capa de um jornal? E se ainda não cumpriu as obrigações declarativas fiscais relativas a 2008, como seguramente muitos contribuintes o não fizeram, não existem "mecanismos" automáticos que instauram processos de contra-ordenação? A avaliação política disto tudo é uma coisa. O "piorismo" deliberado é outro. Para isso já basta a novela jurídico-mexicana em curso.

3 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Bravo, João, estou totalmente de acordo!

Carlos Sério disse...

Armando Vara, quando era secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, recorreu ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI) e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que construiu perto de Montemor-o--Novo.Para fazer as obras serviu-se de uma empresa e de um grupo ao qual o GEPI adjudicava muitos dos seus concursos públicos.Com 3500 contos (17.500 euros) o actual administrador da Caixa Geral de Depósitos e licenciado pela Universidade Independente tornou-se dono, em 1998, de 13.700 m2 situados junto a Fazendas de Cortiços, a três quilómetros de Montemor-o-Novo. Em Março de 1999 requereu à câmara o licenciamento da ampliação e alteração da velha casa ali existente.
Onde a história perde a banalidade é quando se vê quem projectou e construiu a moradia. O projecto de arquitectura tem o nome de Ana Morais.
O alvará da empresa que fez a casa diz que a mesma dá pelo nome de Constrope.A arquitecta Ana Morais era à época casada com António José Morais, o então director do GEPI, que fora assessor de Armando Vara entre Novembro de 1995 e Março de 1996. Nessa altura, recorde-se, foi nomeado director do GEPI por Armando Vara - cargo em que se manteve até Junho de 2002 - e era professor de quatro das cinco disciplinas que deram a José Sócrates o título de licenciado em Engenharia pela UnI. A Constrope era uma firma de construção civil sediada em Belmonte, que também trabalhava para o GEPI e tinha entre os seus responsáveis um empresário da Covilhã, Carlos Manuel Santos Silva, então administrador da Conegil - uma empresa do grupo HLC que veio a falir e à qual o GEPI adjudicou dezenas de obras no tempo de Morais.
(Publico 20.04.07)

José Sócrates, foi sócio fundador da empresa Sovenco, Sociedade de Venda de Combustíveis Lda., com sede na Reboleira, Amadora, em que está registado na matrícula da sociedade em 1990. A aventura empresarial de Sócrates foi curta (menos de um ano) e literalmente para esquecer. Mais tarde, quando a revista Focus desenterrou esse episódio, jurou que estava a ouvir falar dessa empresa «pela primeira vez». Só após algum esforço de memória se lembrou que tinha sido sócio.
(Blog Trasosmontes)

A Sovenco, criada em 1990, era uma Sociedade de Venda de Combustíveis. A sua constituição: Armando Vara, Fátima Felgueiras, José Sócrates, Virgílio de Sousa.
Armando Vara - condenado a 4 anos de prisão (pena suspensa)
Fátima Felgueiras – condenada a 3 anos e três meses de prisão (pena suspensa)
Virgílio de Sousa - condenado a prisão por um processo de corrupção no Centro de Exames de Condução de Tábua
(Blog Sonhos perdidos 11.02.05)
Paula Lourenço, advogada de Manuel Pedro e Charles Smith, dois dos arguidos do processo Freeport, é amiga de José Sócrates e do seu pai, arquitecto Fernando Pinto de Sousa. Alem disso, a advogada é também defensora de Carlos Santos Silva, um empresário muito conhecido da Cova da Beira, também amigo de longa data de José Sócrates. Carlos Santos Silva era proprietário da empresa Conegil, que participou no consórcio vencedor da construção e exploração da Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos da Cova da Beira.
Paula Lourenço é ainda a advogada da empresa J. Sá Couto que está a produzir os célebres computadores “Magalhães” para os alunos portugueses. (CM 20.02.09)

Luís Bonifácio disse...

Caro João

Você acha que o Sr. Vara, aquele caixa bancário simpático e servil, que trocava os cheques da caixa e que alguns anos mais tarde, após ser deputado, ministro e ter tirado uma pós-graduação e logo a seguir uma licenciatura, foi promovido a administrador do mesmo banco apenas e só pelo seu mérito profissional?

Estes favores pagam-se. E bem caro!

Para mim Vara era penas o "cobrador", para a organização que o guindou ao estrelato.