23.1.11

ISTO AQUI

Os boicotes eleitorais que as televisões têm noticiado não são tão graves (na sua maioria, meramente risíveis) como o "boicote" do sr. porta-voz da CNE que acha a abstenção um comportamento eleitoral "normal". É evidente que as pessoas têm o direito a deixar a decisão democrática para os outros e ir tratar das suas vidinhas. Mas um tipo que foi deputado reformador em 1979 - o dito da CNE, Nuno Godinho de Matos, agora ilustre causídico em processos mediáticos - tinha a estrita obrigação de ser um bocadinho melhor do que um frequentador de café na Buraca, legitimamente e em abstracto "revoltado" com o mundo visto justamente a partir da Buraca. Por volta do meio-dia, para alegria dos poltrões que logo vão aparecer nas televisões a dar razão a si próprios, a abstenção rondava os 86%. Até os tunisinos conseguem ser mais "ocidentalizados" do que isto aqui.

3 comentários:

Cáustico disse...

Não tenham qualquer dúvida e não se surpreendam.
A habilidade já demonstrada nos casos Cova da Beira, licenciaturas, Freeport, Face Oculta, TVI e muitas outras também está presente nesta eleições.

Lura do Grilo disse...

Lamentável, muito lamentável, esta intervenção.

O "aprofundamento da democracia", "a cidadania", "o aproximar dos eleitores da política"," a dignificação de cargos políticos", o levar os miúdos ao parlamento e por aí adiante é agora letra morta.

Lobo disse...

Eu, que vivo numa das freguesias da zona da Lousã, recebi uma carta informal da Junta de Freguesia a apelar à abstenção. Não obstante a indecência de todo o processo Metro Mondego e situação com a qual me solidarizo inteiramente, uma Junta pode ou deve fazer isto à face da lei? Pedir aos fregueses que se abstenham? Não tenho dúvidas sobre a falta de ética neste episódio: tenho sim, sobre a sua legalidade e constitucionalidade.