6.1.08

FAHRENHEIT 451


O sr. ASAE, o Beria do regime, acha que quem não concorda com "as medidas de higienização" em curso - uma coisa a que ele chama de "sociedade cada vez mais controlada" - pode sempre emigrar. Sócrates, por seu lado, promete um ano "ainda melhor" do que 2007 o que, na sua gramática, quer dizer uma sociedade mais previsível, mais acéfala, mais dependente, em suma, "mais controlada". Razão tem o António Barreto. «O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas. Temos de reconhecer: tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reacção dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo...» De facto, a graça (ou a desgraça disto) é o silêncio conivente de tantos homens e mulheres de "progresso e cultura", comodamente instalados nas suas vidinhas burguesas, nos seus artiguinhos fúteis ou nos seus blogues tagarelas. Sócrates está mais acompanhado do que se pensa. Nunca houve regimes de um homem só.

17 comentários:

Pedro Barbosa Pinto disse...

A Hominicultura de Aviário - Post do Dragoscópio que vale a pena ler

http://dragoscopio.blogspot.com/2008/01/hominicultura-de-avirio.html

Anónimo disse...

Estimado João Gonçalves: concordo em absoluto consigo.

Fazem cá falta tipos como o falecido Luís Pacheco.

Digo eu...

Saloio

Anónimo disse...

falar e escrever - só - também não adianta. É preciso desobediência civil. Ou seja, muita porrada.

joshua disse...

Esse estado de anestesia ou de ampla conivência expectante é das coisas mais nojentas e que mais me enchem de Parvo.

Evocar o Luíz Pacheco, como sugere o penúltimo anónimo, é mais que pertinente. Ele, o último Bobo, o último Livre e inteiramente Louco que a Literatura em Portugal pôde talvez gerar.

«Nunca houve regimes de um homem só.» Isto sente-se hoje na carne e eu teria e terei muito a escrever sobre isso.

Aquele Abraço
PALAVROSSAVRVS REX

Zé de Braga disse...

O artigo publicado hoje no público e assinado por António Barreto, não deixa margens para dúvidas de que os "controleiros" passaram do PCP para o PS.
O artigo é demolidor para esta espécie de primeiro ministro.

Anónimo disse...

A desgraça disto são também as queixinhas inócuas de tantos homens e mulheres de "progresso e cultura", comodamente instalados nas suas vidinhas burguesas, nos seus artiguinhos fúteis ou nos seus blogues tagarelas.

Anónimo disse...

Aconselho-vos a ver o filme “zeitgeist” de Peter Joseph.
Este é o link, gratuito e também legendado em Português:

http://zeitgeistmovie.com/

Tradução: “zeitgeist” - Espírito do tempo

Zeitgeist foi realizado na esperança de inspirar o público a ver o mundo de uma
perspectiva mais crítica e retransmitir a compreensão de que muitas vezes as
coisas não são o que parecem ser. A verdadeira compreensão de eventos, tanto
históricos como contemporâneos, é crucial ao desenvolvimento da consciência e
espiritualidade humana. Zeitgeist expõe as falácias sociais que actualmente
afectam a humanidade, e analisa criticamente as convicções políticas, religiosas e
económicas comuns que muitos assumem ser as verdadeiras. (Festival de Cinema ARTIVIST)

Festival de Cinema ARTIVIST - 2 e 3 de Dezembro 2007 no Fórum Lisboa
“ZEITGEIST”
Melhor Filme – Espírito, Artivist Awards 2007
Director: Peter Joseph

Anónimo disse...

Já dizia o Franco: os Portugueses são muito cobardes.

Adjectivos disse...

Embora não concorde com a apreciação que faz de Sócrates, de qualquer maneira o que inibe, se quiser, as pessoas é pensar que a alternativa a Sócrates (Menezes, Santana, Ribau...)é de aTERRORIZAR QUALQUER UM, NÃO LHE PARECE?

Carlos Medina Ribeiro disse...

A referida crónica de António Barreto, juntamente com as mais recentes (e até inéditas, nomeadamente sobre a ASAE), pode ser lida e comentada [aqui], no blogue onde ele escreve.

Anónimo disse...

Medo, muito medo, de existir e não só. Em escolas, em hospitais, em serviços, nos bancos, as paredes têm ouvidos…Sempre tiveram, agora mais que nunca. Isto está de feição para se levar uma vida vegetativa, amorfa, moldável e canina. Há um famigerado ditado que aparece cada vez mais odioso:” se não os podes vencer, junta-te a eles”.
Pela vossa saúde, não tenham medo!

Anónimo disse...

Não percam o "Cartonn" de Augusto Cid a propósito do BCP ; está no «Queijo Limiano».
Nem que seja pelo humor este sistema totalitário há-de cair com estrondo.

Anónimo disse...

Esta lei anti-tabaco, tal como o acordo ortográfico, não servem tanto os propósitos para os quais foram criados como o exercício deliberado de autoridade por parte de um governo déspota.

A mensagem, sucinta, é somente uma, e é a seguinte: "nos teus pulmões mando eu, e nas tuas palavras... também. Vencer-te-ei a ti, que ousas falar, pelo desespero de assistires calado ao silêncio atávico dos outros".

E digam lá que as notícias do outro a fumar no Casino não demarcaram bem sob que linhas nos movemos, e não mostraram quem é que manda afinal?

Heil Sócratus!

Anónimo disse...

Achei piada a que essa grande parlamentar e figura da política e esclarecida personalidade chamada Maria de Belém, uma que parece sempre que acabou de sair do cabeleireiro, tenha vindo declarar não ter estranhado haver fumadores no casino Estoril na passagem de ano, apesar de já vigorar a nova lei do tabaco, por se tratar de um espaço com restaurante.

Anónimo disse...

o alexandre o'neil tem um poema em que fala do sentimento de que está imbuido o sr antónio barreto, o post e os comentários: o medo do medo.
um medo que vive do medo de ter medo de poder ter medo do medo que alimenta o medo.
esse medo que existe em quem tem necessidade de berrar que não tem medo do medo que vive dentro dele.

'está um dia de sol lá fora.'

VANGUARDISTA disse...

Com tanto medo, silêncio e higiene colectiva, vamos acabar todos numa multidão de “pensos higiénicos” embalados e por usar (limpinhos , juntinhos, direitinhos e todos aprumadinhos) governados por um “Tampax” (com "ar teso" embora não satisfaça, mal entra, não sai, nem deixa entrar, mas tem cordelinho na ponta para melhor se manobrar).
Mas nisto do fumar, como nos porcos, “há uns fumadores mais iguais que outros”.
Ainda vamos ouvir que “fumar uma cigarrilha num casino é dar de comer a 1 milhão de portugueses” – Dai o sacrifício cívico e altruísta do Sr. ASAE!

José Amador disse...

O País anda esquisito ou prepara-se aí uma grande borrasca. Parece que os portugueses se acomodaram à participação cívica que é votar de tempos a tempos como manda a Lei, ou participarem em manifestações promovidas pela CGTP onde tudo é muito controladinho pelos organizadores. O pior de tudo isto é que não há alternativa. Sócrates, tal como um eucalipto, "secou" tudo à sua volta e como tal prevejo que este estado de coisas ainda vá durar mais uns anitos.