5.1.08

«O FANATISMO DA TOLERÂNCIA»*

«O Governo socialista de José Luis Zapatero resolveu suprimir o ensino religioso, facilitar o divórcio e permitir o casamento de homossexuais. O objectivo é o "reequilíbrio" da Espanha, que, segundo parece, trinta anos de democracia deixaram excessivamente católica e "franquista". Dentro do seu papel e do seu direito, o arcebispo de Madrid e o arcebispo de Valência convocaram uma pequena manifestação de protesto (160.000 pessoas) contra a "cultura do laicismo" e contra leis que alegadamente contrariam o "matrimónio indissolúvel" e a "transmissão da vida". O Governo de Zapatero acusou logo a Igreja de se intrometer na campanha eleitoral (a 9 de Março há eleições), de fazer um comício como um vulgar partido (no caso, o PP) e de "ignorar" e "não respeitar" os princípios da liberdade. Em Espanha, e na "Europa" inteira, ninguém se lembraria de criticar ou de inibir manifestações contra o ensino religioso, pela facilitação do divórcio ou pelo casamento de homossexuais. Como ninguém se lembra de criticar ou de inibir manifestações por formas de autonomia nacional que roçam, ou até entram, pelo separatismo. E obviamente ninguém pede que se ponha fim a uma certa propaganda islâmica ou, se preferirem, de ensino corânico, que prega a perversidade essencial do Ocidente e tenta promover a sua expeditiva eliminação. Tudo isto a "Europa" acha legítimo; e sobre tudo estende a sua simpatia. Em contrapartida, cai o céu se qualquer católico, padre ou Papa, se atrever a afirmar activamente o que pensa. A "Infame" deve estar calada ou, pelo menos, ser discreta.O fanatismo, o da Espanha (de Zapatero) e o da "Europa", não é novo; e o fanatismo anticatólico também não. É só estranho que este se funde na "diversidade" e o aceitem em nome da "tolerância". Uma "diversidade" imposta e limitada pela força do Estado, que não levanta a mais leve dúvida ou o mais leve incómodo. E uma "tolerância" reservada ou recusada pela ortodoxia oficial, que se tornou o argumento supremo da intolerância. O mundo moderno e a opinião que o sustenta autorizam o que autorizam e proíbem, muito democraticamente, o resto. As democracias, como se sabe, produzem com facilidade aberrações destas. Quem não gosta que se arranje ou se afaste. O Papa Ratzinger previu para a Igreja uma era de quase clandestinidade. Provavelmente, não se enganou.»

*por Vasco Pulido Valente, in Público, 5 de Janeiro de 2008. Editado graças à gentileza do leitor Manuel Pessanha

11 comentários:

Anónimo disse...

Essa "diversidade" tão bem demonstrada por esse fundamentalismo higiénico da UE. Custa-me pensar isto, mas dá-me ideia que há aqui um plano qualquer...

Nico Castillo disse...

Lamentablemente no solo la calidad moral del gobierno de Zapatero deja mucho que desear, sino que los que no pensamos igual que el nos vemos sometidos a la persecución y a la censura.

Nos cierran blogs y webs críticas con la gestión socialista, quieren cerrar la emisora de radio COPE por que es contraria al Gobierno (igual que en Venezuela Chávez cerró RCTV) nos obligan a que nuestros hijos estudien "Educación para la Ciudadanía" que es una forma de adoctrinar a nuestros hijos. Nos han prohibido el utilizar el cachete como método de reprobación en la educación de nuestros hijos,...

Y no solo en el tema ético, políticamente estamos a la cola de Europa.

Saludos desde España.

Anónimo disse...

Esta prosa de VPV espanta-me, embora já esteja habituado à sua incoerência. Com certeza que o governo de Zapatero criticaria igualmente uma manifestação islâmica a favor do uso da burka. Depois, no tipo de democracias que o Ocidente actualmente pratica (para o Bem e para o Mal) certo tipo de manifestações compete à sociedade organizada em partidos políticos, e para isso eles existem. A Igreja Católica, que reivindica um papel transversal, acima dos partidos, não deve descer ao terreno das iniciativas próprias das organizações temporais.

Anónimo disse...

São os velhos fantasmas ,ressuscitados,dos anos 30 da nossa afável,tolerante e progressista Ibéria.
Provàvelmente vai acabar tudo da forma do costume...

António Viriato disse...

Em certas matérias e ocasiões, podemos justamente clamar valha-nos São VPV, das raríssimas vozes públicas reputadas a exprimirem opiniões acertadas que desafiam o militante pensamento politicamente correcto, hoje ainda mais reforçado na esfera do Poder.

Toda a ousadia pós-moderna se exerce contra a Igreja Católica, para alguns ainda a queimar hereges no Terreiro do Paço em majestáticos Autos-de-Fé.

Nada se critica ou exige ao Islamismo em ascensão na Europa, apesar da sua larga prática de intolerância, tanto no plano intelectual, como no dos costumes, com exuberantes provas apresentadas.

A tudo isto o pensamento pós-moderno se acomoda, mas ai dos Crucifixos e agora até dos nomes dos santos nas instituições sob tutela do Estado ! Para isso logo ele se reergue com todo o vigor.

Dir-se-ia, no entanto, que pior do que enganar-se na Batalha é enganar-se na Guerra…

AV_05-01-2008

VANGUARDISTA disse...

Não é novidade em Espanha!
A república espanhola, com os “socialistas” de então, também andou a tocar esta música e acabou a dança-la!
As “democracias liberais”, porque construídas sobre meros interesses materiais inconfessáveis, sem uma ideologia escorada em princípios e interesses nacionais e colectivos ancestrais, provocam sempre estas aberrações, antes de mergulharem no próprio abismo que criaram.
A história repete-se!

Anónimo disse...

Quase que todos precisamos de re-aprender as palavras e as coisas .
- Ele há a norma, a margem, e o espaço da tolerância. São três registos que precisamos de preencher com valores. Com valores tradicionais, em confronto com a modernidade. Uma enorme tarefa que tarda na sociedade portuguesa.

Anónimo disse...

A «crise» do Combustões :

- «(...)Nos últimos anos, passada a euforia e o unanimismo que coroaram o triunfo da democracia parlamentar face a formas de poder fundadas no arbítrio, na força e na usurpação, o Ocidente descobriu que o sistema político que melhor exprime a liberdade encerrava, afinal, sérias deficiências. Em meados da década de 90, já poucos duvidavam por essa Europa fora que a democracia pudesse sobreviver sem uma reforma profunda dos seus hábitos. Hoje, apresenta-se-nos como manifesta necessidade a substituição do acessório - isto é, dos partidos e das ideologias datadas - para garantir a sobrevivência da doutrina e da atitude democrática. Quanto mais tempo se passar sem essa reforma e substituição, maiores os perigos e maior a tentação por formas emocionais, primitivas e a-políticas da organização do Estado(...)».

Pois é.
O que há de novo ?
Eu respondo :
- A ponta de um corno !

Anónimo disse...

Não passa pela cabeça de ninguém ver a Igreja, de repente, transformada em MAIS UM MOVIMENTO, porque a Igreja é O MOVIMENTO.

Se a Igreja passasse a ser tolerante, a organizar manifestações, a tolerar o tabaco nas Igrejas como permite o Incenso, aí seria uma desgraça, porque iria rebentar, arruinar todos os movimentos e organizaçõs que se criaram justamente para lutar contra a Igreja....

Anónimo disse...

O Expresso de ontem, 5 de Janeiro, publicou alguns votos de feliz aniversário enviados pelo actual p.r., assim como pelos seus três antecessores. Enquanto Soares, Sampaio e Cavaco se limitaram às habituais cortesias da praxe, Eanes passou o Rubicão. Termina a sua mensagem como uma autêntica profissão de fé na monarquia constitucional, como factor de equilíbrio e de independência. No Centenário do Regícidio, uma extraordinária homenagem às vítimas da república. Nuno Castelo-Branco

ochoa disse...

Isto da vizinha Espanha tem que se lhe diga... Se - em Barcelona - se muda a cruz ( + ) do barça para um sinal vertical ( | )- li com os meus olhos que a terra comerá em jornal local - em atenção a um país «islâmico» de um tal Samuel Etoo (goleiro) e por «tolerância» e motivos comerciais... tal camisola vende muito e com aposto emblema...não faltará que nós que estamos aqui Igreja regressemos a CATACUMBAS... já que «às feras» somos lançados todos os dias.