«O gesto dos professores que impediram a ida de Bento XVI à La Sapienza, tal como o dos nossos furiosos "laicos", traduz sobretudo "uma laicidade oportunista, alimentada por um cientismo*patético, arrogante na sua radicalidade cega". O tímido Cardeal Ratzinger, que tímido não deixou de ser depois de ser eleito Papa, não se desviou da linha que, lida à distância, a sua homília pré-conclave traçava. Talvez também por isso, apesar de lidar melhor com as ideias diferentes do que o próprio João Paulo II, não tenha conseguido escapar ao estereótipo que, antes do mais, visa dar dele uma imagem caricatural e preconceituosa. Até porque o que Bento XVI diz incomoda mesmo os teólogos destas "novas" verdades reveladas, pois poucos, num lugar de poder como o dele, diriam humildemente que mesmo um Papa em Roma não existe para "impor a Fé de cima, pois esta é antes do mais um dom da liberdade". E não há dúvida que é.»
José Manuel Fernandes, Público
*onde está "cientismo", para o caso doméstico, sempre em diminutivo, podia referir-se o "cretinismo patético, arrogante na sua radicalidade cega" de coisas como esta.
3 comentários:
Fernanda Câncio encanita-se pelo tratamento de "Sua Santidade" dado ao Papa pelo MNE. Provavelmente, sendo ateia, discorda da santidade de alguém e, portanto, da legitimidade de esse alguém ser assim tratado.
Eu próprio sou não-crente, mas nunca um raciocíonio destes me passaria pela cabeça. Mais depressa me faria urticária a designação que o PM e deputados (o quase-ficcional Ricardo Rodrigues à cabeça) se dão de "Excelência". É que esses de excelentes têm ainda menos.
Caro João Gonçalves
O Sr. passa a vida a chamar (e bem) de "sul americanas" ou "terceiro mundistas" as iniciativas pirosas que os politicos resolvem inventar.
Mas agora, porque se trata do Papa e o sr. é católico já há outro critério?
Não acha excessivo dar tolerância de ponte (as quais eu sou contra em geral - querem mais dias metam férias!) porque um chefe de estado estrangeiro vem a Portugal?
Cumprimentos
P.S. Já agora, também sou contra os feriados religiosos.
P.P.S. Quanto ao episódio da Universidade italiana, embora o "cientismo" tenha o seu papel, reflecte bem o conflito que existe na sociedade italina contra a influência efectiva que tem o Vaticano.
Não passa de uma arrumadora da parte superior da página 7(?) de um corriqueiro jornal diário. Não vale a porção de papel e tinta gasta.
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