«Somos poucos mas vale a pena construir cidades e morrer de pé.» Ruy Cinatti joaogoncalv@gmail.com
21.5.10
AS ELITES EXEMPLARES
FEIOS, PORCOS E MAUS
Compram aos catorze a primeira gravata
com as cores do partido que melhor os ilude.
Aos quinze fazem por dar nas vistas no congresso
da jota, seguem a caravana das bases, aclamam
ou apupam pelo cenho das chefias, experimentam
o bailinho das federações de estudantes.
Sempre voluntariosos, a postos sempre,
para as tarefas de limpeza após combate.
São os chamados anos de formação. Aí aprendem
a compor o gesto, a interpretar humores,
a mentir honestamente, aí aprendem a leveza
das palavras, a escolher o vinho, a espumar
de sorriso nos dentes, o sim e o não
mais oportunos. Aos vinte já conhecem
pelo faro o carisma de uns, a menos valia
de outros, enquanto prosseguem vagos estudos
de Direito ou de Economia. Começam, depois
disso, a fazer valer o cartão de sócio: estão à vista
os primeiros cargos, há trabalho de sapa pela frente,
é preciso minar, desminar, intrigar, reunir.
Só os piores conseguem ultrapassar esta fase.
Há então quem vá pelos municípios, quem prefira
os organismos públicos — tudo depende do golpe
de vista ou dos patrocínios que se tem ou não.
Aos trinta e dois é bem o momento de começar
a integrar as listas, de preferência em lugar
elegível, pondo sempre a baixeza em cima de tudo.
A partir do Parlamento, tudo pode acontecer:
director de empresa municipal, coordenador de,
assessor de ministro, ministro, comissário ou
director-executivo, embaixador na Provença,
presidente da Caixa, da PT, da PQP e, mais à frente
(jubileu e corolário de solvente carreira),
o golden-share de uma cadeira ao pôr-do-sol.
No final, para os mais obstinados, pode haver
nome de rua (com ou sem estátua) e flores
de panegírico, bombardas, fanfarras de formol.
José Miguel Silva, Movimentos no Escuro
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5 comentários:
Grande poeta. Mais em:
http://eumeswill.wordpress.com/
Joaquim Manuel Magalhães - "Algumas palavras", Expresso Actual 19 de Agosto
É desta ignara maltinha que se tira o material deputável, é de onde sai a maior parte das tripulações dos institutos e com eles se revestem, também, fundações e "organismos" que dão ordenado, telefone, gravata vermelha e gel - a troco de fidelidade canina - mas com a condição de não fazer nada. Familiares de ministros, esposas (!), filhos, conhecidos, rapaziada amiga etc. Estamos permanentemente vampirizados. Não há como reduzir o estado. Jamais um partido o fará. Para os partidos, a máquina fiscal e o país são apenas úteis para manter este nobre sistema - uma imensa rede de dependências. Não existem eleitores. Na hora de votar todos pensam com o tubo digestivo; ou na própria família, que nasceu e cresceu imbecil, e que vive duma mesado do estado. Empréstimos para pagar juros de empréstimos. Que próspero porvir...
Ass.: Besta Imunda
Pois..e é esta gentinha que governa a maior empresa do país (Administração Publica, Autarquias, etc...) e a qual gere de acordo com os interesses pessoais. Pois,.. e agora temos que pagar a "gestão por objectivos", as 2, 3 ou até 4 funções...Interesse público?? Ah, ah.. Os tugas pagam.....E ainda se riem...Fim de semana de "Luto Nacional" vestidos de preto. Bem mereciam ser "enterrados".
PS, PSD, PCP, BE, etc tem todos o mesmo defeito: é apenas uma elite a mandar numa pseudo-democracia! o que é preciso é uma sociedade civil livre, forte, fraterna e participativa que exija verdadeiras mudanças. Participem neste projecto: VAMOSTENTARMUDAR. ORG
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