Exibiu-se uma meia dúzia de parolos chiques nos jardins da residência oficial de São Bento. O país, felizmente, não os conhece mas o primeiro-ministro fez questão de os homenagear como se de heróis se tratasse. Celebravam uma alteração ao Código Civil que entrou hoje em vigor. Para Sócrates, a coisa tornou logo o mundo "melhor" e o país, evidentemente, mais "igual". Os parolos em causa são fashion, do regime, pertencem à idade media e, por isso, Sócrates convidou-os para almoçar e aproveitou para os mostrar às televisões tal qual os directores dos zoos apreciam divulgar ninhadas de chimpanzés de estirpes em vias de extinção. E eles, como bons parolos, gostaram muito do tratamento que tomaram por distinção. A exibição reiterada da "diferença" é uma parolice que nenhuma lei, por muito "moderna" que seja, pode alterar. E velhinha como a canção de uma Shirley Bassey infinitamente mais "jovem", com 73 anos, que eles todos juntos.
Clip: Dame Shirley Bassey, BBC Electric Proms. Londres, 2009.
Clip: Dame Shirley Bassey, BBC Electric Proms. Londres, 2009.
9 comentários:
Você também me saiu um bom chimpanzé, João Gonçalves.
Mas afinal quem é o presidente?
Lá começa o insulto.
Prefiro Chimpanzés cultos que parolos anónimos!
O mitómano e os merdinhas piegas "dos afectos": estão bem um para os outros. Gostei muito do ar de "acto de contrição" que sócras assumiu em frente às câmaras das TV's, dizendo que "era uma reparação", ou coisa que o valha...
Pífio.
Ass.: Besta Imunda
decepcionante...
eu que leio o que por aqui se escreve tenho vindo a notar algum radicalismos que em nada abona o caro João...
decepcionante...
Daniel... dê-se à paródia e pense no patético dos oficialismos. Só falta decretar medidas oficiais para os sexos. Se gosto disto tudo burocratizado, faça favor.
AGORA QUE TODOS SOMOS IGUAIS AINDA HAVERÁ ALGUMA RAZÃO PARA O SÓCRETINO NÃO SAIR OUT OF THE CLOSET?JÁ AGORA, A CONTA DO ALMOÇO FOI PAGA POR QUEM E QUANTO CUSTOU?NÃO ERA O PADRINHO GUTERRES QUE SÓ FALAVA EM TRANSPARÊNCIA?
Radicalismo? não; apenas a triste constatação do pífio. Pífio é pequenino, pobrezinho, ridículo, sem alcance, inútil, lamentável; aquilo que precisa de condições atenuantes. Pífio.
Ass.: Besta Imunda
Ramalho Ortigão e, principalmente, Eça de Queiróz, escreveram em conjunto uma espécie de revista de costumes, política e sociedade, por volta de 1870, que se prolongou nos anos seguintes até, julgo eu, 1882 - embora nos últimos anos apenas com os textos de Ramalho.
Ler "As Farpas", numa edição organizada por Maria Filomena Mónica, tem sido para mim um deleite intelectual sem precedentes próximos.
Trata-se da, penso eu, única vez em Portugal que se escreveu tão elegantemente e, ao mesmo tempo, de forma tão certeira sobre os portugueses.
Escreve ali Eça (no que viria mais tarde a dar o livro "Uma Campanha Alegre") como se visse os portugueses de fora e com uma barrigada de riso.
É certo que aquele distanciamento por vezes irrita, tal o desprezo quase niilista com que nos caracteriza, mas a Eça tudo se perdoa porque, literalmente, nos lambuzamos na prosa e ficamos dependentes dela.
Isto é um clássico e, embora correndo o risco de repisar um lugar comum, deve dizer-se - leiam os clássicos, está lá tudo!
Não temo afirmar que o portugal do século XIX é igualzinho ao do século XXI: a mesma ignorância, o mesmo desnorte, o mesmo desenrascanço, enfim, o mesmo atavismo.
Na politica, os Conselheiros Acácios; no povo, os mesmos analfabetos reverentes ao poder; nos Tribunais e na Lei, a mesma empáfia ingnorante e importância balofa, longe da realidade e do bom senso; na sociedade, a mesma miséria, o mesmo cinismo esperto, a mesma capacidade de espreitar a fraude e a oportunidadezinha ilícita; nas elites, o mesmo gosto grosseiro e diletante dos bacocos e saloios; nas universidades, a mesma presunção bafienta.
O que sobra? Responde Eça - rir e gozar.
Para mim não chega. Fico deprimido. Mas é um começo a caminho de alguma lucidez.
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