9.11.10

SERVIÇO E PÚBLICO

De manhã, muito cedo, a dra. Ferreira Leite surgiu-me na rádio pública a falar em PREC. Tinha sido no Funchal e a ilustre deputada manifestava a sua indignação por causa das anunciadas dificuldades em poder acumular-se pensões de reforma com remunerações no sector público. Acho que, uma vez descontando para elas, as reformas devem ser percebidas nos termos legais. Todavia tambem acho que, quem opta pelo serviço público - desde a função política até à puramente administrativa -, com ou sem crise, reformado ou no activo, deve tirar disso as devidas ilações. Não é ao contrário. Isto é, o serviço público não pode ser secundarizado em prol de outras coisas. Quem não quer isto, pura e simplesmente não se dedica ao serviço público. A coisa, digamos assim, não é um part-time. E isto não é populismo como algumas abencerragens "liberais" poderão pensar. É respeito pelo adjectivo "público" depois de "serviço".

9 comentários:

Anónimo disse...

A moda de reforma para depois continuar e tirar a oportunidade aos mais novos nao me parece correcta. Alem do mais, como se explica reformas enormes para alguns? Quanto descontaram, por quanto tempo e quanto recebem? Em qualquer lugar no mundo e em qualquer fundo de pensoes o que se recebe e em funcao do que se la investe...

Garganta Funda... disse...

Concordo plenamente.

Há muita gente que se «meteu na politica», oriunda doutras áreas públicas (BdP, universidades, empresas públicas, funcionalismo público ou organizações privadas) e que por artes de mágica acabam por receber três ou quatro reformas bem nutridas, embora os anos de trabalho não tenham crescido e em muitos casos bastou uma dezena de anos para ascenderem ao estatuto de casta priveligiada do Estado, ou seja, aqueles que auferem vitaliciamente o «Rendimento Máximo Garantido» sem que para tal tenham de prestar contas da sua situação patrimonial e com a agravante de, se morrerem, o conjuge sobrevivo continua a receber a tença pública.

Acho que esta medida já devia ter sido adoptada há vinte e trinte anos, e talvez, tivesse evitado tanto oportunismo/nepotismo/saque daquelas que vêm para a politica com muito «sacríficio pessoal», muito «espírito de missão» e outras tretas para enganar papalvos.

Nos EUA as pessoas que vão para a politica, pagam do seu bolso as respectivas campanhas, e quando vão para a politica não vão com o objectivo de acumular reformas e mordomias como acontece aqui.

Quem quiser ganhar muito dinheiro que invista na bolsa; que crie empresas; que produza riqueza,etc. e não venha para a politica com vista a enriquecer à custa dos contribuintes.

Os que entendem a politica como «serviço público» certamente não ficaram chateados com a proibição de acumulação de pensões, todas elas de proveniência pública.

Na minha cidade conheço um «artista» com menos de cinquenta anos que está auferido cerca de 3.000,00 euros/mês por ter desempenhado cargos politicos e simultâneamente «cobre» a administração de empresas privadas (cujos clientes são sempre organismos públicos).

Num país falido, com tanta gente na miséria e tanta gente a ser esfolada fiscalmente, isto é um autêntico escândalo.

Temos que ter a noção clara que este «regime» e toda a sua ornamentação tem que ser abatido impiedosamente.

Ou esta República vai continuar a ser a nova «corte de Versailles»?

Anódino disse...

Os comuns mortais não podem reformar-se e continuar a trabalhar. Parece que os médicos também já estão a atingir a imortalidade dos políticos, os que se reformaram e estão a fazer o favor de continuar a trabalhar. Favor pago, é claro.

floribundus disse...

eu e larga percentagem de contribuintes pagamos para o estado-paizinho e somos mal servidos na melhor das hipóteses. este transformou-se em estado-ladrão. sou credor desta coisa que arruina que trabalha e paga impostos (o nome diz tudo).

lusitânea disse...

É bestial um gajo inscrever-se em funcionário, passar a fazer outra coisa e depois de muitas asneiras chegar ao fim com várias reformas e com um grande ego!

Anónimo disse...

Mas qual é o problema da senhora? Fica com a pensão do Santander (doze mil euros) e prescinde do salário de deputada (3700 euros). Ou vai fazer birra como o Luis Campos e Cunha, que saiu de ministro para não ter de abdicar de parte dos proventos? Campos e Cunha tem uma pensão de quinze mil euros do Banco de Portugal, salário de prof da Universidade Nova (4800 euros) e, nos quatro meses em que foi ministro das Finanças, queria acumular tudo. Como não podia, bateu com a porta, e anda hoje a dar lições de moral... Esta malta não se enxerga!

Anónimo disse...

Sei que serviços públicos houve que autorizaram a reforma a funcionários com 36 anos de serviço porque não havia «inconveniente para o serviço» e que logo de seguida os contrataram...

Tudo numa boa.

joshua disse...

O lado tia da alta sociedade vem por vezes ao de cima em Ferreira Leite Derramado.

Isabel disse...

Andei a comentar com os meus alunos o verso pessoano " não pertencer nem a mim".Creio ter descoberto a interpretação mais adequada:o meu "eu", outrora apoiante fervoroso de MFL,concede-me a liberdade de , sendo o mesmo "eu", a considerar, neste momento, detestável.