No lançamento do livro da foto, de Maria João Avillez, Pedro Lomba - que prodigalizou um texto notável de apresentação - falou de impaciência e desastre, de acaso e de génio. Lomba, como recordou, tinha 3 anos quando Sá Carneiro morreu. A circunstância de não ter "vivido" aquele período talvez tenha contribuido para a inequívoca oportunidade da sua intervenção. O Pedro intuiu e descreveu perfeitamente a coisa. Como membro do "pequeno grupo dos Reformadores", de 79, como lhes chamou a Maria João, acompanhei o "processo AD". Já o escrevi várias vezes. É difícil entender - mas o Pedro entendeu-o adequadamente - que o país ( e os políticos dessa época) era outro olhando à palhaçada que para aí anda. E que aquilo que hoje emerge como banal (a direita alternar com a esquerda no governo apesar da "comunidade" retórica e vácua que as une), parecia impossível passados apenas quatro anos e meio sobre a "revolução". Mas foi isso que aconteceu com a AD de Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Ribeiro Telles, Reformadores e dezenas de independentes. Todavia, a vida política de Sá Carneiro jamais foi um cortejo de felicidade ou de previsibilidade. Até 2 de Dezembro de 1979, Sá Carneiro poucas vezes foi levado a sério dentro e fora do seu partido. E daí até ao seu trágico desaparecimento, nada foi fácil. Pressentiu sempre que morreria cedo - pathos e hubris, hubris e pathos, inseparáveis. O que teria sido a vida política portuguesa com ele, dentro ou fora dela, saíndo e entrando, rompendo e conciliando, separando e unindo, é uma incógnita. Que fazem falta a ela a impaciência e o patriotismo moral de Sá Carneiro (P. Lomba), fazem. Imagino a vergonha que sentiria se vivesse agora nisto, no meio de tanto peralvilho desbiografado. Como nós, os que vivemos aqueles anos, temos a estrita obrigação de sentir à medida que se aproxima o desastre.
Nota: Não, não comprei o livro porque tenho a 1ª edição. Quanto ao resto, este post "responde" às observações do João Villalobos acerca do "tempo que passa" e em que ele se sente como peixe na água. Quem me dera.
Nota: Não, não comprei o livro porque tenho a 1ª edição. Quanto ao resto, este post "responde" às observações do João Villalobos acerca do "tempo que passa" e em que ele se sente como peixe na água. Quem me dera.
16 comentários:
morria de desgosto ao ver esta merda.
depois do grande empréstimo do boxexas
a pedincha do zé sapatilhas.
miséria em todo o seu esplendor
'vaidade das vaidades!'
de colonizadores a colonizados
Uma entrevista com o lider do partido finlandês True Finns em que no final este expressa a opinião de que:
"The only solution is for those countries in an economic crisis, should be returned to their own currencies. They should devalue 30%, and they should gradually climb themselves back into balance. Outside of doing that, nothing else will help.European-wide cooperation is needed, but the federation should be rejected. Only a common economic and free trade area would have a meaningful form of cooperation."
http://tundratabloid.blogspot.com/2010/11/true-finns-spokesman-timo-soini-eu.html
Francisco Sá Carneiro foi um político dotado de uma grande capacidade de cortar a direito quando achava que tinha razão. Era um homem impregnado de sólidos valores morais e tinha sempre em mente a defesa de Portugal e do interesse nacional. Foi pena que a morte o tivesse levado tao cedo, pois as suas qualidades fazem imensa falta nos dias de hoje. A integridade, a visão e a capacidade de liderança são algo que não existe na esmagadora da classe política qe actualmente nos governa.
Coitado do Sousa Franco!
Deve ter ficado muito honrado com o euro a 200 escudos... Tivesse ele sido fixado a 20 escudos ou mesmo a 2 escudos (vê-se agora que não valia mais) e estaríamos um bocado menos mal.
Não faço a mais esquiça ideia de como seria Portugal hoje com Sá Carneiro a andar por aí.
Não sei se melhor, se pior.
Mas essa questão é absolutamente irrelevante, exceptuando, com a vossa doce melancolia, a referência, uma mais que o país tanto necessita, embora outras existam no seu imposto esquecimento.
O que interessa, essencial, vital, urgente, é perceber como lidar com o que temos hoje. Não me refiro aos mercados, às bolsas, ao raio que os parta, refiro sim, a gentalha que hoje manda na política de regime do Portugal destes dias.
Como, amigos, como lidar com tipos como Sócrates, Passos Coelho, e os seus amigos nas empresas sempre à janela, emboscados nos arbustos que tapam as nossas vergonhas, com a zagaia apontada aos apertados rins do que hoje somos como povo?
É que não há forma de varrer esta gente sem antes varrer o que os sustenta: a ignorância, o desleixo, a tacanha forma de vida, a exígua capacidade de reflectir, o medo... isso, o medo, esse tolhedor de coragens antigas... como?!!!
Por norma, as gentes viram-se para os mais velhos. Mas olhe-se para a qualidade dos nossos mais velhos!!! Almeida Santos, Mário Soares... um horror ver estes homens tolhidos por interesses cifrados com sifrões de fora da palha.
É, na verdade só há uma forma. o povo irromper violentamente pelas entranhas destes mendigos enriquecidos pelas circunstâncias.
Cansa tanto ver esta gentalha toda a soprar nas fagulhas para impedir que o palhuço se incendeie debaixo dos seus pés quando bastaria um fósforo para os esturricar!
Que pena aqui ter chegado o país.
Seria diferente com Sá Carneiro???
Rita
Entre os meus quatro-cinco anos e os meus doze anos só havia um herói e só havia uma esperança: FRANCISCO SÁ CARNEIRO.
A sua morte foi um dos maiores desgostos por que passei. Embriaguei-me até ao desmaio pela primeira vez, à socapa, com vinho do Porto, enquanto chorava como um bebé e rebolava em prantos em casa.
As palavras para descrevê-lo são claramente as do Pedro Lomba: "impaciência e patriotismo moral".
Eu estava aos ombros do meu pai no Aeroporto de Pedras Rubras, quando veio de Londres, algures pelo período revolucionário. Aquela multidão que o amava e saudava estava prenhe de uma esperança profunda que ninguém hoje na política pode traduzir ou corporizar.
Depois dele, efectivamente, não houve Ninguém.
Só Mandela, mas não é nosso.
"E que aquilo que hoje emerge como banal (a direita alternar com a esquerda no governo apesar da "comunidade" retórica e vácua que as une), parecia impossível passados apenas quatro anos e meio sobre a "revolução"."
É falso. A direita não pode alternar no Governo. Viu-se com Durão Barroso que tal coisa é impossível a não ser que haja alguém que não tenha medo de conflitos.
Ora "direita" cavaquista prefere render-se e ser socialista do que ser direita.
lucklucky
Existe um complexo, sobretudo naqueles que cresceram com o prec em ser de direita. Coitados (denós) que crescemos inundados de esquerda, de antifascismo, de cantigas de intervenção, de festas do avante, de cooperativas para tudo e para nada, de associações de amizade portugal-qualquermerda, etc etc. Sociedade estéril que não pariu ideia nova, e onde as caras novas subiram ao poder por se terem inscrito no partido quando eram miúdos. Chegou a vez deles.
O que mais me dói, ao lembrar Sá Carneiro,é a aflitiva cobardia destes políticos de trampa, que sabendo e não havendo dúvidas de qualquer espécie do seu assassinato, nada terem contribuido para o apuramento da verdade, e a consequente condenação dos seus assassinos.
Enquanto isso não acontecer, a justiça portuguesa terá sempre esse ferrete no seu vergonhoso palmarés.
Freitas do Amaral disse um dia que não descansaria enquanto a verdade não fosse apurada.
Espero e desejo que efectivamente haja alguém que consiga um dia, encontrar os responsáveis deste hediondo crime, para finalmente Sá Carneiro descansar em paz.
Cps
Scaramouche
NÃO RESISTO ...
... EXCELENTE ARTIGO
LEMBRO tudo COMO SE FOSSE hoje
porque
- "vivi" aquele período
- a data referida no texto é muito expecial para mim
- INEVITALVELMENTE, o país era outro e, consequentemente, os políticos dessa época, particularmente Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, com quem trabalhei tinham uma VISÂO, do que podería ter sido PORTUGAL dos MAIORES, mas como referido, poucas senão RARAS vezes foram levados a sério dentro e fora do seu partido …
- e continua a ser assim
- de facto …
“O que teria sido a vida política portuguesa com ele, dentro ou fora dela, saíndo e entrando, rompendo e conciliando, separando e unindo, é uma incógnita.”
- GERALMENTE os GÉNIOS só são COMPREENDIDOS após o seu desaparecimento …
- ficamos ATÉ VÊR com o PORTUGAL dos PEQUENINOS
Ao anónimo dos "sólidos valores morais".
Sabe do que está a falar?
Sólidos valores morais...tenha dó....
Ainda guardo num bau qualquer umas calças cinzentas de fazenda de boca de sino, um poll-over em bico azul escuro, umas botas alentejanas e la piece de resistence a samarra azul escura com a pele de raposa na gola.Quem la estava sabe do que falo.
Não sabemos o que seria Portugal fosse Sá Carneiro vivo, mas duma coisa podemos ter a certeza, da parte dele, na governação ou na oposição, não haveria traições à Pátria nem mega corrupções e muito menos o descalabro financeiro em que estes "democratas" que não valem um tostão furado nem sequer para governar o Burundi, que temos a infelicidade de sustentar a peso d'ouro e, pior do que tudo, a desgraça de aturar o seu desgoverno há quase quatro décadas. Os mesmos que levaram o país à total miséria moral, social e económica em que se encontra.
Se ele tivesse vivido mais anos estaria sempre na lista para abater e teria sido alvo de várias tentativas de assassinato. Os traidores e os burlões têm um ódio de morte aos patriotas e aos políticos que se regem por inflexíveis códigos de honra.
Quanto a esse Freitas do Amaral, que é tanto da direita como eu sou siberiana e que trabalhou com Sá Carneiro, é um cínico e oportunista e está vendido à maçonaria. Para saber da sua formação moral e cívica basta analizar o seu trilho político e está tudo dito. No que respeita a essa fulana que dá pelo nome de Mª João Avilez (propositadamente escrito só com um L, como se escreve em Espanha, donde naturalmente provém o seu apelido, é o nome duma vilória qualquer próxima da raia, creio, cuja grafia leva um só L e não um duplo L como ela escreve o seu apelido e isto por puro snobismo, defeito que ela possui em doses industriais, além de muitos outros) e que era amiga e confidente de Sá Carneiro, é uma hipócrita e cínica e oportunista como poucas. Ela sabia todos os movimentos de Sá Carneiro e, segundo disse, contactava com ele diàriamente, o que òbviamente também terá acontecido no dia do atentado, mas, como igualmente vendida à maçonaria, não o avisou do perigo que o esperava nem teve peias nem remorsos em deixá-lo correr para a morte. E depois teve a supina lata de chorar lágrimas de crocodilo... a fingir que tinha tido um desgosto profundíssimo com a morte do seu amigo de peito... (mas, como boa oportunista farta-se de ganhar dinheiro com os livros e etc., à custa do infeliz S.C.). Tal como essoutra fingida e mais cínica do que o próprio cinismo, oportunista e vendida que dá pelo nome de Helena Salema Roseta e que também chorou baba e ranho de todo o tamanho frente às câmaras da TV, por ter "perdido" o seu "grande herói e insubstituível amigo" (e colega de partido)... Pois claro, o "desgosto" foi de tal ordem que depois viu-se o belo trajecto político (completamente oposto) que ela tem percorrido desde essa altura até aos dias de hoje... Isto diz tudo sobre a "nobreza de carácter, de fidelidade e de honra" que norteia estas "impolutas" criaturas. Se eu estivesse no lugar delas desaparecia do mapa para sempre... Mas isso seria eu que tenho uma formação moral que me impediria, impede e impedirá de jamais trair o meu próximo - seja ele um desconhecido, um amigo, colega ou familiar - e nunca por nunca ser o meu país.
Defeitos desprezíveis estes, que têm um nome que se lhes aplica que nem uma luva , mas é demasiado feio para pô-lo em letra de forma.
Maria
“Ela sabia todos os movimentos de Sá Carneiro e, segundo disse, contactava com ele diàriamente, o que òbviamente também terá acontecido no dia do atentado, mas, como igualmente vendida à maçonaria, não o avisou do perigo que o esperava nem teve peias nem remorsos em deixá-lo correr para a morte.” Anónima Maria: Você tem consciência que está a colocar a referida como cúmplice por silencio negligente?
Admirável a forma como enfrentou o provincianismo, que tenho como fonte de todos os nossos males, ao assumir o seu amor por essa outra pessoa extraordinária, Snu Abecasis. A esquerda das "liberdades", encabeçada por Mário Soares,deixou então cair a sua mal afivelada máscara, insultando e tentando ostracizar o único amor belo a que assisti na mediocridade do meio político português. Pedro e Inês, igualmente trágicos. Tenho a agradecer-lhes, acima de tudo, o modo corajoso como enfrentaram a tacanhez dos nossos pseudo-fracturantes. Foi graças a eles que nunca mais alguém de esquerda viu a sombra do meu voto.
Percebo. Mas lucklucky tem razão. A direita ainda não pode ocupar o poder. Sá Carneiro, porque era corajoso, morreu a tentar; Durão Barroso, porque é cobarde, fugiu.
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