19.11.10

O PAÍS SEGUE DAQUI A DOIS DIAS


«E se a legislatura nasceu torta, os passos seguintes não a endireitaram, bem pelo contrário. (...). O novo governo esteve longe daquilo que as circunstâncias exigiam, quer pela sua composição quer pela sua acção. O seu líder deixou-se envolver, durante meses, em mais um incómodo folhetim judiciário, de que não sairia sem equívocos. E, porventura o mais grave de tudo, desvalorizou-se obsessivamente a dimensão da crise e as suas consequências até ao Verão passado, durante quase dois anos! (...) Tendo as coisas corrido como correram e chegado onde chegaram, agora não é possível fazer remendos. Porque é de facto de remendos que se fala, quando se reclamam coligações sob a ameaça ou tutela exterior (seja ela da União Europeia, do FMI ou dos mercados) ou se reivindicam governos de salvação nacional. A solução minoritária, imprudentemente adoptada e caucionada no Outono de 2009, não é alterável sem eleições. Este parece-me ser um ponto incontornável: sem eleições não é alterável a fórmula de governo, que não teria nem credibilidade nem legitimidade aos olhos do país.»
Manuel Maria Carrilho

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