20.11.10

QUEM É QUE NOS PREVINE DELA?


Como leio pouco os jornais, não sei onde é que a ainda ministra da cultura, D. Canavilhas, falou. Mas pelos rodapés das televisões vejo passar os seus dislates. Diz ela que é preciso uma "estratégia preventiva" para o sector do património quando, a ser necessária alguma coisa, o que é preciso é prevenirmo-nos contra a insane Canavilhas. Que consente enfiar (ou seja, anular) os teatros nacionais todos na aberrante OPART, apesar de, finalmente, ter percebido que, no caso do São Carlos, 90% do orçamento é para funcionamento e só 10% resta para a produção (este blogue começou há sete anos justamente por afirmar isso vezes sem conta). O balanço destes anos Sócrates, na cultura, consiste numa assustadora espiral de mediocridade que Canavilhas, na sua inconsequência, encerra de forma lapidar. Repito. Mais valia ter fechado a Ajuda.

11 comentários:

LUIS BARATA disse...

Isto é um alucinante, e custoso, "eterno retorno": aqui há uns anos era "mais eficaz" autonomizar instituições e estruturas para "serem mais ágeis" e etc e tal, agora decide-se voltar a uma super-estrutura ( a reforçada OPART ) que tudo vai gerir, programar e planificar. Socorro!

Anónimo disse...

Éh pá oh jg, não sei por onde andas-te que nao publicaste uma serie de coments anteriores, mas se vires bem, já um anonimo te disse: fecham-se algumas embaixadas e, de todo se fecham ministerios ou de fundem: Pois já o Manel Maria propunha o encerramento das embaixadas. Mas na realidade também deveria propor o encerramento de alguns Ministérios, ou a passagem a secretarias de estado. Na cultura, põe exemplo que ja foi secretaria , não adiantam nem atrasam, a pianista engoliu um metrónomo e está tudo a compasso lento. O que será mais proveitoso? O encerramento, passagem à segunda divisão ou o acumular de funções, como por exemplo: Ministério da Defesa e do Mar?

Anónimo disse...

Na realidade mais vale não ter cultura nenhuma, do que ter uma cultura imposta. Mas eles pensam que mais vale ter uma cultura da treta que não ter cultura!? A situação é que : A malta grama mais o Tony carreira que um qualquer cantor de opera. A malta grama mais a Joana Vasconcelos, do que um pintor a serio. A malta grama mais a katia guerreio que uma cantora de fado, e as distancias são muitas.A malta grama mais a casa dos segredos do que godard ou truffaut da nouvelle vague. No espectáculo e nas artes há lugar para todos, para os bons e para os maus , cada um com o seu preço, mas quem faz a avaliação não tem os necessáriso conhecimentos, alguns até são curadores, para entender as sobejas diferenças, promovendo especialmente a gente gira.

Anónimo disse...

É extremamente necessário ter um ministerio da cultura porque ele é bastante profundo, só tratando de subculturas e/ ou de microculturas. Uma secretaria de Estado, mais corriqueira, trata da cultura base, daquela que todos entendemos, do fado, da poesia, da pintura, etc

Mani Pulite disse...

O BAN-KI-MOON QUER MAIS MULHERES POLÍCIAS PORTUGUESAS EM TIMOR-LESTE.O CARGO INTERNACIONAL IDEAL PARA ESTA SÓCRETINA DEPOIS DA FUGA DO SÓCRATES.IRIA SER UM SUCESSO JUNTO DOS TIMORENSES ESTOU CERTO.ATÉ COMPRAVAM MAIS DIVÍDA.

Karocha disse...

Tem toda a razão JG!
Mas...para estupidificar a carneirada, retira-se-lhe a cultura...

Anónimo disse...

Fechar a Ajuda de forma alguma! Fechar o Ministério da Cultura é uma boa ideia. Bastava criar uma sercetaria de estado para o Património nas suas diversas vertentes e remeter para o Ministério da Educação a área das actividades culturais. Poupava-se muito do erário público.

Anónimo disse...

3 em 1 assim do tipo: Ministerio da educação, da cultura e do ensino superior.

angelo ochoa disse...

J.G.:
...essa, de nome, de cristã pia, de (sa)Cana(da)Vila toca e dança, ou só toca, ou só dança, a toque de caixa alta?
...pergunto, porque, suposta minha visceral ignorância em esferas de alta c(o)ltura, me agrada pianininho préguntar...
...e lhes dar música, a iminências pardas essas, é, presumo da minha fé carvoeira, obra boa, de sã misericórdia...

Bartolomeu disse...

Já aqui tenho defendido e uma vez mais venho em socorro do que acho, certo que o João distingue esta mesma evidência a milhas: a cultura está a viver uma crise como tantas outras vividas em tempos mais ou menos recentes e outros não menos afastados.

Portugal tem uma cultura institucionalizada há 200 anos. Uma Cultura, a da performance e do espectáculo, que evoluiu sem forma, sem regras nem politicas ou filosofias proteccionistas à imagem do que aconteceu pela Europa pelos melhores pensadores e formadores de opinião - com Descartes ou Rousseau à cabeça da ala que perfila quem valorizou as minundências da arte do efémero e do trivial. Sim, de facto assim é. E de facto a diferença está aí. Nada há. Tudo o que se fez foi esbanjar dinheiro sem uma politica organizadora. Assim a nossa cultura não depende da vontade daqueles que são soberanos a uma nação mas da falta de verba que quando escasseia faz surgir as mais diversas reacções de espanto.

O que se passa hoje na Cultura tem eco igual na nossa história. De 1911 a 1946 o São Carlos esteve oficialmente fechado por questões politicas, e porque não também de ordem financeira, proporcionando um vazio como nunca antes houvera de um processo em continuidade (aproveitou-se neste tempo o florescimento de algumas vertentes musicais até então desprezadas e que hoje são indispensáveis, porém com um vazio só colmatado pela acção de particulares). Nos anos conturbados de instabilidade politica vividos entre 1820 e 1890, nem sempre o único órgão vivo cultural português, o Teatro de São Carlos, esteve na sua melhor forma. Tal como hoje sucede face à crise artística verificada (por falta de verba) chegou mesmo a estar fechado sempre em consequência dos excessos dos períodos áureos – a magnifica gerência do Conde Farrobo, elaborada sem olhar a gastos, aguentou-se por conta deste 2 ou 3 anos enfiando o teatro num desconforto idêntico ao que sentimos hoje. Recuando ainda mais no tempo, de facto as melhores épocas deste teatro foram os seus primeiros 20 anos, patrocinado pelo Intendente Pina Manique, sobretudo na época em que esteve ao serviço da rainha de Portugal, coincidindo com o eclodir das Guerras Peninsulares que trouxe a este teatro uma crise que durou quase 10 anos.

O então Teatro de São João do Porto, sempre foi um satélite da ópera de Lisboa e misero parente português da arte lírica;

O teatro declamado, criado por Garret, com a casa que conhecemos como Teatro Nacional D. Maria II, como alternativa à práxis lírica só se consumou em grandeza na viragem para o século XX – Chaby Pinheiro, Palmira Bastos, Robles Monteiro, Amélia Rey Colaço, António Villaret, Eunice Munoz ou Rui de Carvalho - e depois da saída do Carlos Avilez mergulhou em assaz obscurantismo remando para as franjas da mediocridade.

Por fim, o mega projecto do Carlos Relvas para criara em Mafra o “Louvre português” nos anos da 1ª República não passou disso mesmo. Se tivesse vingado, hoje, nesta área as coisas "piavam" de outra forma.

Nunca em tempo algum, nem por imitação dos modelos estrangeiros, salvo algumas honrosas tentativas, se mudou o que quer que fosse. Desconhecer estes pormenores históricos e falar como se fala é pura má língua. A ministra Canavilhas apenas lá está como poderia estar outro qualquer fazendo rigorosamente o mesmo. Uma vez mais, e sempre por defeito, passo a redundância: critica-se na boa maneira portuguesa ou seja sem uma compreensão dos objectos e da lei natural dos seus ciclos.

Bartolomeu disse...

Ainda sobre o assunto:

sobre os Museus e a mudança dos mesmos para cidades que não a de Lisboa, serve o pretexto para dar uma colher de chá aos municípios portugueses que com responsabilidades sobre gestão dos mesmos recolherão a receita que os mesmo produzirem. Isto é uma medida de contenção do estado português, não apareceu por geração espontânea nem a meio de um inspirado rubato pianistico na interpretação dos assuntos por esta ministra.