Calhou ouvir, num programa sobre os 75 anos da rádio pública, a voz do então ministro do Ultramar, Adriano Moreira, em 1961 à chegada a Moçambique. Entre outras exaltadas tiradas de defesa da então nação pluricontinental, Moreira manifestou-se, por entre fartas palmas e vivas, contra, e passo a citar, "o partido racista da ONU". Passaram quase cinquenta anos sobre isto e não sei, porque não leio, se os "manuais" escolares do prof. Moreira ou os seus artiguinhos de jornal ainda tratam a inócua ONU nestes termos. Suspeito que não e que, pelo contrário, a ONU seja hoje para o distinto mestre uma prestigiadíssima organização internacional e não o "partido racista" de outros tempos. Nem vale a pena citar o famoso verso do prestigiado zarolho acerca da "mudança". Todavia, é bem certo que «afora este mudar-se cada dia,/outra mudança faz de mor espanto:/que não se muda já como soía.»
11 comentários:
vi-os passar:
da direita para a esquerda
da esquerda para o centro.
'mudam-se os tempos, mundam-se as vontades'
eu no meu lugar de sempre
PQP
O prestigiado zarolho nos perdoe.
O Prof. Adriano Moreira constitui um antigo ódio de estimação de João Gonçalves. Não me compete apreciar esse particular. Mas quanto à ONU, a ONU tem sido ao longo das décadas quase tudo e o seu contrário. O Prof. teria porventura, mas quase de certeza absoluta, razão ...
O cataventismo esquerdista e senil afecta com alguma frequência os avozinhos da direita - veja-se freitas que debica socialisticamente aqui e ali; e Adriano Moreira, que faz do fim do "idigenato" uma sua coroa de glória mandelista. Mas para mim a ONU, não só não é inócua, como persiste e ainda inchou de racismo anti-ocidente; não esquecer que a vasta maioria dos países com lugar e voto na assembleia geral são sítios porreiros onde a polícia é toda corrupta, não existe estado de direito e as execuções acontecem semanalmente em estádios de futebol - enquanto que 'interrogatório policial' quer exactamente dizer 'pontapés na barriga e queimaduras de cigarro'. É este apanhado de paraísos terrestres chamado "comunidade internacional". Bom.
Ass.: Besta Imunda
Steiner, via portadaloja:
"Sabemos doravante que um homem pode à noite ler Goethe ou Rilke. Saborear trechos de Bach ou Shubert, e no dia seguinte ocupar-se do seu trabalho em Auschwitz."
Portanto, não é preciso mudar.
Os opostos podem coexistir, sem conflito.
Senão, como seria possível "idolatrar" Jorge de Sena, e promover Cavaco Silva, em simultâneo e no mesmo altar?
A abolição do indigenato não foi se calhar levada a cabo por orientação expressa - e obviamente com o prévio acordo de Salazar - de Adriano Moreira ? No contexto daquele tempo, foi porventura uma pouca coisa ? Sejamos justos.
O homem terá tido o seu percurso. Em todo o caso bem mais discreto, recatado, do que o de outros nomes sonantes. E a "Espuma do tempo" é uma serena lição sobre a nossa história recente.
Costa
Mau grado alguma contradição (quantos anos já passaram?) e ser, hoje em dia, uma pessoa com pouca relevância, penso que se trata de um dos mais proeminentes pensadores políticos que tivemos. Aliás basta comparar com os actuais pensadores(?).
Você disse "actuais pensadores", caro anónimo das 4:56 PM?
Anónimo das 4:56 PM
"Pessoa com pouca relevância"???
Um homem de grande dimensão humana e política e um Católico daqueles que perdoam a quem o ofenderam. Porque há quem reze o «Pai Nosso» como quem come amendoíns e se contricta só para expor a fachada.
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