1.5.10

PALAVRAS SENSATAS EM TEMPOS SOMBRIOS


As de Rui Ramos, ao i.

«O regime percebeu que não se pode identificar com um regime repressivo, antidemocrático, anti-feminista, colonialista [a 1ª República] e, por outro lado, a crise actual não dá para grandes festejos. E essa comemoração está muito longe... ninguém está a reparar.»
«Alguma coisa está errada com a História que se ensina na escola.«
«Espero francamente que José Sócrates não fique na História porque se ficar terá de ser pelas más razões. Não sei prever o ano que vem, mas neste momento aquilo a que pode ficar associado não é nada de bom. Em 2005, tentou protagonizar uma viragem, finalmente as reformas, mas pode ser lembrado como aquele primeiro-ministro que estava no governo quando o país entrou em bancarrota. Esta é uma das mais graves crises dos últimos 100 anos»
«O partido que domina o governo há 15 anos é o PS, que tentou convencer os portugueses que a despesa pública era a maneira de criar riqueza a Portugal. A economia parou e estagnou. Finalmente, todos os que estiveram no poder nos últimos anos e continuaram a linha do PS. Há ainda a responsabilidade colectiva, porque estas pessoas foram eleitas por nós. O maior problema de Portugal é o endividamento do Estado, mas também é o dos particulares, que também foi fomentado. Mas esse endividamento privado corresponde também a decisões individuais e as pessoas devem assumir as suas próprias responsabilidade.»
«Este país nunca foi, em relação aos países mais ricos da Europa, mais rico do que é hoje. Fomos sempre um país periférico pobre. Mesmo nas Descobertas e noutras alturas que identificamos na História, sempre fomos: éramos mais pobres do que a Holanda, por exemplo. Há um teste simples: fazer turismo e comparar igrejas e palácios que existem nos diferentes locais, as que há em Inglaterra, mesmo na Idade Média, e as que havia cá. Fomos sempre mais pobres. Mas sempre aspirámos a mais do que éramos.»
«Até à década de 60 tivemos uma das populações mais jovens na Europa Ocidental - disponível para arriscar, experimentar, ir fazer outras coisas. Mas nestes 40 anos tornámo-nos numa das populações mais envelhecidas da Europa, mais carregada com dívidas. Não é por acaso que somos dos países onde há mais casas por habitante e a percentagem de casa própria é a maior. Tornámo-nos velhos, sedentários e comprometidos.»
«No século XX já passámos por grandes dificuldades, por problemas maiores que este, mas sempre com a sensação de que havia recursos e capacidade e que se conseguia dar o salto e subir das dificuldades. É a primeira vez em que, para toda a gente que está vivo em Portugal, olhamos para a frente e vemos um caminho a descer independentemente das dificuldades. Historicamente, isto é uma novidade. Uma incerteza em relação aos custos e à solução, mas uma incerteza em relação à capacidade de resolver.»
«É fundamental um Presidente da República que afirme a ideia que um país tem que fazer contas. Como todos temos que fazer em nossas casas.»

4 comentários:

Anónimo disse...

O sentir a obrigação e a necessidade de escrever o que Rui Ramos escreve cheio de razão, para mim é já espantoso. Então mas é preciso educar esta gente e este povo a ter senso comum ?! É preciso ensinar o óbvio ?! Não há palavras para explicar isto. Parece até que lidamos com um atraso mental colectivo.
Mete medo.

S.C. disse...

Rui Ramos tem a grande vantagem de saber História!

Anónimo disse...

E eu a pensar que somos o "país com maior percentagem de casa própria e um dos que tem mais casas por habitante" por causa dos entraves legais e administrativos à existência de um verdadeiro mercado de arrendamento, como pensam muitos liberais (ideologia curiosamente acarinhada autor citado ...) tugas. E historicamente, será que sempre foi assim ?

Nuno Castelo-Branco disse...

Apenas uma nota. Quando RR diz que noutras situações piores havia uma perspectiva de futuro, esqueceu-se apenas de incluir um pequeno detalhe: Portugal tinha um Império.