«A frequência com que hoje, nos mais diversos sectores ideológicos, se fala, invoca ou reclama um novo paradigma é no fundo o reconhecimento de que o quadro actual de soluções pensáveis e disponíveis não corresponde aos problemas que se nos colocam. E que, em rigor, não se trata pois de soluções, mas de paliativos. De resto, se essas soluções existissem, isso saber-se-ia… e que político não avançaria, afoito e determinado, se tivesse na mão a solução para o problema do (não)crescimento, do desemprego ou do clima? É contudo importante compreender que a principal razão por que não há soluções não é porque não haja ideias, mas porque não há poder para as concretizar.» Manuel Maria Carrilho escreve isto a propósito do papel da Europa, com o horrível tratado de Lisboa em vigor, num mundo "obamizado" - a metonímia da globalização -que tipicamente não percebe (nem quer perceber ou ter como interlocutor) a Europa do tratado de Lisboa. Pode, porém, ler-se para efeitos domésticos. Estamos a viver de paliativos o que, em linguagem regimental, quer dizer "consensos", "adiamentos" e punhetas a grilos. Cada vez menos o regime fala com o país entregando-se a um solipsismo de surdos em linguarejar cifrado. E esse país com quem o regime não fala, enterra-se à conta coisas esotéricas como as finanças regionais ou as azias de que quem só se sabe safar em regime absolutista. É tudo periferia. Ninguém verdadeiramente está interessado em soluções. Só em paliativos.
2 comentários:
AINDA HÁ ESPERANÇA:
O PÚBLICO, confirma (e o segetagio do CE, também):
James Cameron admite um “Avatar 2”
Manuel Maria Carrilho tem razão. Todavia, duvido muito que as suas soluções sejam aquelas que nos interessariam. A nós, portugueses-
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