18.2.10

A BOA DISTÂNCIA DAS EDITES E DOS LELLOS

Manuel Maria Carrilho dá a estas crónicas o título genérico de "a boa distância". Que me perdoe, mas é uma péssima distância porque ficamos - reféns - entregues ao rebotalho das edites, dos lellos e dos novíssimos candidatos a edites e lellos. E tem razão acerca de «outro fenómeno, também pouco reconhecido: trata-se da erosão da identificação automática, "cega", da maioria com a vontade geral, que leva ao fim da ficção democrática que permitia assimilar, como se da mesma coisa se tratasse, a maioria dos votos e a totalidade da nação. Este "dogma" tem vindo a desvanecer-se cada vez mais: nem a parte vale pelo todo nem o programa eleitoral vale para a duração do mandato. A democracia abriu-se cada vez mais à contingência dos mais diversos acontecimentos, o voto serve para designar governantes, mas já não basta para legitimar a sua acção. Este é um dos fenómenos centrais da metamorfose por que passam as democracias contemporâneas. Ignorá-lo é perigoso. Pode mesmo ser, em certas circunstâncias, suicidário.» Como é que se pode explicar coisas destas a edites e a lellos?

2 comentários:

radical livre disse...

ouvir estas doutas criaturas é mais penoso que ler as dores de Scopenhauer.

parta variar ontem pelas 23 h vi o 2º pugrama da sicn.
foi trágico-cómico ouvir o 1º ministro das finanças do sô zé e Medina Carreira. foi mata , esfola e pendura no fumeiro

Manuel Brás disse...

... e outras coisas tais

Com os sonhos esfumados
entre brumas decadentes
nestes anos encimados
por ilusões estridentes.

Não é moral nem imoral
a conjuntura vigente,
pois é, de facto, amoral
este caldo indigente.

A caótica fugacidade
do carrossel de ocorrências
circula a tal velocidade
agravando as decorrências.

Este processo erosivo
dos nossos modelos sociais
é um turbilhão abrasivo
para ilusões demenciais.

A participação assertiva
da cidadania esclarecida
é uma prescrição efectiva
que deve ser mais enaltecida.