... o esforço de tentar não ver, ou o embaraço de ver, as múltiplas imagens dos chamados desfiles tradicionais (tradi... quê? eles sabem mesmo o que quer dizer a palavra tradição?) carnavalescos de inspiração brasileira e tropical e que inundam o Portugal da província de norte a sul para gáudio e orgulho dos “foliões” (só ouvir a palavra já faz mal, quanto mais vê-los) locais. Esses desfiles são verdadeiros atentados à natureza das coisas... mas que é isso perante a força da estupidez humana? A minha esperança acaba por ser, tantas vezes, vã e esmagada por essa força e lá tenho eu que arranjar maneira de não ver nem ouvir falar de desfiles de carnaval. Basta uma nesga de sol para saírem à rua: artificiais, feios e frios, sob o olhar de meia dúzia de “foliões” acompanhados por criancinhas pálidas e vestidas de poliéster que, agitando-se informemente, fingem alegria.»
Hole Horror
13 comentários:
Que pena não poder substitiuir o povo por autómatos formatados, para não incomodar os que tiveram a felicidade de ter acesso à cultura livresca intelectual.
O povo ser apenas para fazer o trabalho que não queremos, mas atirar-nos á cara o seu mau gosto, que chatice.
Não sei qual é o espanto.
Mas o Carnaval não é este blogue, o ano inteiro?
Sr.Sócrates: por favor tire a máscara, pois hoje é Domingo Gordo do Carnaval!
para mim continua a ser o entrudo com mascarados.
detesto esta macacada em que grupos de infelizes continuam a fingir a felicidade que nunca terão.
quando jovem diverti-me o mais possível sem recurso a desfiles grotescos.
os desfiles das latadas e do cortejo da queima tinham alguma dignidade.
as coitadas das brasileira ainda apanham pneumonias a dar à nalga.
caricato como o governo e como o país
Com este frio gabo-lhes o gosto !
E tanta tradição jogral e entrudesca que este país tem!
Formatado está ele, esse povo de que fala, Ana, numa imensa negação do que é cultura tradicional, confundida com macaquices abrasileiradas e brejeirices de mau gosto servidas a contento de quem quer o povo estúpido .... para melhor o enganar.
Concordo com a Ana.
Portugal é um país de pastores, sempre foi. Isso explica também os políticos que temos tido. A pergunta que se coloca é, vai isso mudar se a direita conservadora voltar ao poder? É que eu só entrevejo o predomínio da padralhada se assim for. Confesso que tive uma educação anti-clerical e isto está a fazer-me espécie.
Rangel até me parece um tipo acertado e com ideias - mas também cheira a certas reverências na sua postura de homem providencial, e não acredito que tenha trabalhado sozinho como afirmou. Esse apelo meio-honírico à coisa pública, à Pátria, não passa na cabeça de ninguém nestes dias. Nem na cabeça dos homens providenciais.
Concordo com o rigor na educação, com o equilíbrio regional. Agrada-me, sobretudo, o facto de Rangel não ser gestor de nenhum grupo empresarial - porque tenho horror a essa mistura infecta de política e negócios.
Mas se por agregado vier a padralhada toda - que é a maior responsável pela boçalidade do povo - então não sei.
É uma dúvida honesta de cidadão. Não sou nenhum "abrantes". Não pertenço a nenhum partido nem tenho ideologia. Eu sou do povo e tenho dúvidas. Também não gosto do Carnaval, nem mesmo do transmontano, de onde vieram os meus avós.
Ser Povo "pobre" não significa ter falta de cultura. A cultura tem de ser vista, ouvida compreendida e assimilada por todos - disse Todos. Sabemos que os mais "fracos" da sociedade fazem trabalhos para os poderosos do dinheiro: Mas não trabalhamos quase todos para eles (ou com eles). Isso não é desprestigio. Até agradecemos. Isso não significa estupidez (falta de cultura. Alienação e fingimento são o oposto, são as marcas do diabo, da negação de Nós e dos Outros qua partilham a mesma comunidade (Portugal-Postigueses).
É absolutamente pavoroso e insano este Carnaval à semi-portuguesa. Um horror!
De facto também acho um enjoo o povo divertir-se, ou fingir que se diverte ou lá o que é, com as suas criancinhas informes e pálidas.
Já eu, estou aqui a ler os clássicos com os meus filhos esbeltos e rosadinhos, devidamente protegidos da escória.
Que maçadoria haver povo... bof!
Tem toda a razão, Ana. E as crianças não poderiam estar alegres, tinham que fingir ser alegres, para melhor compor o triste quadro da autora do post. O pormenor mostra como toda a leitura é enviesada. Fingir é arte de adultos, a criança ou está alegre ou não. Não faz fretes. O povo pode ser mau, mas não poderia ser melhor com elites destas.
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