26.2.11

UM PRINCÍPIO PORTUGUÊS


«Não há liberdade, há de quando em quando liberdades. E, para que haja liberdades, são precisas instituições, que, garantindo a segurança, as promovam e defendam. Ora o que havia em França em 1789-1794 era uma total ausência de instituições capazes de promover e defender as liberdades. Como em 1917 no Império Czarista e em 1991 na URSS. Ou como no Portugal de 1974. E como hoje na África do Norte. O Egipto tem um exército forte e com alguma tradição política. A Tunísia tem um exército fraco e uma tradição de neutralidade. A religião muçulmana, que não está submetida a uma hierarquia como a católica, tem várias tendências, que se disputam, uma disciplina interna fraca e, em geral, uma lei irreconciliável com a democracia. Não me parece que com estes ingredientes se consiga pôr em pé a sombra de uma ordem democrática e secular.» Isto é de Vasco Pulido Valente, no Público, em "resposta" a Pedro Lomba. Mas o que me interessa é o príncipio do excerto. Se o deslocarmos do contexto para o nosso, actual, os sinais devolvem-nos um país pouco mais "evoluído" em matéria de liberdades do que aqueles cuja história VPV conta. Um presidente do STJ empenhado em perseguir todo o mundo e o outro por causa dos seus "poderes", um punhado de partidos, à esquerda e à direita, "albanizados" e asnáticos, uma sociedade dita civil que oscila entre a passiva ajoelhada perante ao Estado e a parvoíce de matilha da "geração facebook" que "ameaça" com a rua, um jornalismo falho de audácia (vá lá, Fernando Madrinha no Expresso ousou denunciar a "correcção" no episódio da prisão de Paços de Ferreira), as recentes "golpadas" no sufrágio universal, etc., etc., dão cor a uma miséria institucional e instintual que não pode manifestamente dar lições a ninguém. «Não há liberdade, há de quando em quando liberdades.» Um princípio português.

4 comentários:

Anónimo disse...

E segundo um princípio universal na sociedade humana (mais que provado há milénios): quando a liberdade de enriquecer e de desbaratar recursos de uns quantos depende do dever de empobrecer de muitos a situação torna-se explosiva para todos.

MRM

Isabel disse...

E vá lá, Clara Ferreira Alves (que tem dias bons), denunciou na "Pluma Caprichosa" o brutal ataque a Lara Logan. Acrescentou experiência própria, vivida, bem semelhante à que aqui denunciei. É reconfortante que alguém se atreva a denunciar a descarada misoginia que infesta a generalidade dos países islâmicos.

Isabel disse...

Quanto à "parvoíce de matilha", também li nos semanários uma espécie de lamentação sobre o triste espectáculo de ver Polícia de Intervenção a fugir de hooligans num estádio. Que espécie de país é este, afinal, cuja polícia é destituída de autoridade, cujos professores são adestrados para que a não reivindiquem e cujos militares são, ao que parece, apelidados de "gente sentada"? Não posso deixar de lembrar, a este respeito, que o "povo do futebol" dirigentes incluídos, dá o pior dos exemplos à juventude que (alguns) pais e professores tentam civilizar.Quantas vezes tento saber notícias deste mundo em convulsão profunda e tenho de aturar longos minutos de entrevistas ou comentários sobre esse"desporto" até que se dignem colocar no ar um telejornal a sério.Um verdadeiro show de ignorância, pesporrência e brutalidade (quando focam excertos de jogos, com as inevitáveis cuspidelas para o chão, caneladas e encontrões, sobre o delicioso ruído de fundo da turba ululante).
Não surpreende que, perante este endeusamento do comportamento brutal e das vantagens de se ser ignorante, os alunos da minha escola, sobretudo aqueles que os chumbos ainda não filtraram,se entreguem ao mais despreocupado vandalismo, incendiando caixotes do lixo, derrubando portas e, o que é mais grave, agredindo-se por vezes selvaticamente. Há poucos dias, um aluno agrediu outro de tal modo que lhe deixou o crânio fracturado e a cara tão inchada que mal se lhe viam os olhos. O agredido foi levado pelo INEM e internado. Quanto ao agressor, era ver-lhe a descontracção, a mastigar pastilha elástica, face às perguntas que dois agente da polícia lhe faziam. Embora sendo maior de idade, não foi preso, não foi expulso e já se passeia arrogantemente pelo edifício que, supostamente, é uma escola secundária.

Anónimo disse...

Não é em qq lado que se vê a Policia de Choque a retirar. Podia aqui dar bravos vivas aos pikenos sportinguistas. Mas não, que apesar de bravos e destemidos o retirar foi devido à falta de organização e inconpetencia da propria policia. Uns verdadeiros nabos. Quem será o chefe daqueles bimbos que nem para entregar umas berdoadas servem? Vão mas é entregar pizzas. Era para isto que queriam os carros blindados? Para serem corridos à cadeirada?