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22.1.12

UMA GRANDE BIOGRAFIA


Lida com o vagar e o gozo que merece, a biografia de Pacheco, do João Pedro George, é um grande livro. Para além de Pacheco, é o "meio literário português" da época (escusam de procurar porque esse "meio" morreu há muito de morte natural dele e dos que o constituíram) que corre pelas linhas do autor e do biografado, todas doseadas como deve ser. Assim, de repente, só "apanhei" uma imprecisão e é política. Na página 422 é feita menção ao Governo do dr. Balsemão e ao "seu" ministro da Cultura, Coimbra Martins. Coimbra Martins só chegou a ministro da Cultura em 1983, depois das eleições de Abril do mesmo ano, no Governo do chamado Bloco Central dirigido por Mário Soares. O ministro da Cultura de Balsemão era Francisco Lucas Pires. Dito isto, o João Pedro George está de parabéns. E puta que os pariu!

3.12.11

CELA VA DE SOI



«Ando estupefacto a ler a biografia de Luiz Pacheco que João Pedro George (JPG) escreveu, aptamente chamada Puta que os Pariu!, publicada pelas Edições tinta-da-china, que mantêm, com cada livro que fazem, o entusiasmo com que viram nascer o primeiro. Ainda não acabei de lê-lo - estou a doseá-lo, por saber que vai acabar -, mas já tenho necessidade de o agradecer. Não é só pelo prazer que me está a dar, embora só isso bastasse. E basta. Mas é também pela prova que faz, de ser afinal possível - em Portugal, pela mão de portugueses -, com muito trabalho, distância e imaginação empáticas e inteligentes, escrever biografias literárias de escritores dos nossos tempos, que morreram durante as nossas vidas. A biografia de Luiz Pacheco que JPG não só escreveu como compilou e comprovou alcança o interesse e o rigor das boas biografias britânicas e americanas. Desmente, num só livro, o lugar-comum (quase sempre verdadeiro) que nós, os europeus ditos continentais pelos ingleses, não somos capazes de escrever biografias bem documentadas, que não sejam uma mera acumulação de impressões. Conheci mal Luiz Pacheco. Mas, pelo que conheci, reconheço-o no retrato, mais fundamentado e compreendido do que numa pintura ou numa fotografia. É bem amado. O livro é grande, como era o sujeito. Mas não é nem um elogio nem uma desmistificação. JPG pesquisou e encontrou um escritor e uma pessoa fascinantemente boa e má, às vezes ao mesmo tempo. Parabéns.»

Miguel Esteves Cardoso

22.11.11

GRANDES TÍTULOS

21.6.11

"MAIS UM DIA DE NOITE"


Pacheco, Luiz, às 19.30 na sala 3 do São Jorge. «E houve suicídios, amores desatinados, gente perdida para sempre, muitos e muitos poemas, livrinhos de estreia. Tudo e um tanto desorganizado e traquinas. E gargalhado, inócuo; haveria ali, no ambiente, uma poesia comunicante, o Herberto que me perdoe roubar-lhe o ápodo. E seria o que nos atraía, então.»

6.1.08

LUIZ PACHECO (1925-2008): SEM RESPEITOS HUMANOS NEM SILÊNCIOS FALACIOSOS

Era no tempo em que a Feira do Livro de Lisboa estava viva. O Pacheco deambulava entre os pavilhões com um saco de plástico de onde tirava exemplares de uma edição - com um erro que ele fazia questão de emendar à mão - do seu Libertino que vendia directamente a quem quisesse. Descemos - eu, ele e o Vicente Batalha - até ao Marquês de Pombal onde ele desapareceu tão depressa como tinha aparecido. À medida que o tempo passa, e salvo duas ou três honrosas excepções, os meus mortos são os meus melhores vivos. Pacheco tem a vantagem, sobre outros mortos-vivos, dos livros e da polémica. Com o seu desaparecimento, contudo, é um pouco mais do conformismo, da complacência e da mediocridade do "meio" que avança. Toda a morte é uma inutilidade. Com a do Pacheco, num país entregue ao pior postiço em todos os lados, a sensação de inutilidade aumenta. Ficamos só um pouco mais bovinos do que já estávamos.

«Eu não te vou ensinar, eu ensino-te é a combater o meio... o pá, um tipo que quer fazer carreira, se não for parvo de todo e for um bocadinho filho da puta... é facílimo... O meio literário é de cortar à faca, é muito fácil de penetrar. Eu, que nasci em Lisboa, via-os chegar da província, os Namoras, os Amândios César, os Paço d’Arcos, etc., andavam por aí a borbulhar, a deslizar, a ver quem chega primeiro. É como os espermatozóides. Agora combater o meio, isso é que é difícil, é o mais difícil... a questão é esta, estúpidos, conformistas, cobardes, é a maioria da malta...»

«O autêntico convívio resulta de nos pronunciarmos como somos, rigorosamente pessoais, cruelmente duros para os hesitantes e para os oportunistas (que são a maioria), sem respeitos humanos nem silêncios falaciosos.»

«...do velho Salazar, que também não era tão mal como isso... não era tão mal como isso... era péssimo, mas enfim... era péssimo, mas também não era como estes merdas que há agora...»