5.7.08

ESPERANÇA, GRATIDÃO E CARIDADE

O livro da foto, da Angelus Novus, inclui dois ensaios, um de Richard Rorty e outro de Gianni Vattimo, e um "apêndice", que contém uma "conversa" inteligente sobre, no fundo, os préstimos da religião (a católica fundamentalmente) num mundo dominado pela contingência. Vattimo é católico, um "meio crente" na sua expressão, e Rorty era alguém que considerava mais decisivos os eventos doutrinários e revolucionários dos finais do século XVIII do que propriamente a distinção entre "a.C" e "d.C". Para Vattimo, "o niilismo pós-moderno é a verdade do cristianismo", um niilismo manifestado no escândalo da Cruz e na "encarnação". Livro de diálogo - tanto quanto possa haver "diálogo" dentro da cultura em vez de meras "solidões" que por vezes se encontram para falar -, O Futuro da Religião deve ser lido juntamente com as encíclicas de Bento XVI, Deus Caritas Est e Spe Salvi, e com a "lição de Ratisbona" sobre a fé e a razão. «Mal procuramos dar-nos conta da nossa condição existencial, que nunca é genérica, metafísica, mas sempre histórica e concreta, descobrimos que não nos podemos colocar fora da tradição aberta pelo anúncio de Cristo.» Rorty diria que isto corresponde a uma "gratidão injustificável" tal como, para ele, a "social hope", a "marca" da sua obra, é uma "esperança injustificável". Esta "diferença" faz com que Rorty e Vattimo, nas palavras do primeiro, "não entrem em conflito". E que se produzam livros admiráveis como este.

1 comentário:

Anónimo disse...

as ideias raro ultrapassam uma geração.tudo gera o seu contrário.
no séc. XIX pensaram ter matado Deus. ou não morreu ou ressuscitou.
não sou crente mas reconheço que a crença faz cada dia mais falta. o socialismo está moribundo e como ainda não morreu pensa que tem 30 anos.
portugal prepara-se para um funeral laico e socialista

raqdical livre