29.7.08

UM PARTIDO NUMA GALÁXIA DISTANTE


O regresso de Paulo Portas à liderança do PP, sem luto nem tréguas ao seu sucessor, não parece ter acrescentado nada. Fora o desempenho parlamentar que tem sido bom, ninguém dá praticamente por isso porque a "associação" a Portas dá ar de ser fatal. O CDS/PP aparentemente não "progride", não é escutado e, pelos vistos, implode mansamente sem que o país se comova com o facto. A presença de Ferreira Leite no partido imediatamente ao lado também não ajuda. Como "direita" pura e dura, o rosto da líder do PSD, apesar das pias intenções "social-democratas", convence mais do que o do ex-ministro do fato às riscas e da gravitas ensaiada. A lenta caminhada do CDS/PP para a irrelevância não consola. É que, nessas alturas, costuma emergir o pior que se abriga nas melhores das intenções. E, nessa matéria, o CDS possui um "passado" incómodo. Em 77/78, quando "deu a mão" ao segundo governo de Soares. E em 91, quando Freitas se proclamou tão "ao centro" que tanto se lhe dava voltar a "dar a mão" ao PS como ao PSD. Nesse instante, o CDS começou a lenta agonia "transformista" que, do partido "do táxi", conduziu ao PP de Monteiro e Portas e, finalmente, de Portas só e ao seu poder efémero. O descalabro da direita de 2004/2005 não poupou Portas e Portas, com despropósito e inoportunidade, regressou antes de tempo e de tudo, não poupando o partido à sua extraordinária pessoa. Está, pois, na hora de o PP começar a rever o dr. Portas antes que o país projecte definitivamente o CDS/PP para outra galáxia.

6 comentários:

João Manuel Vicente disse...

Após estes anos todos e estando já irreversivelmente em causa um "one-man-show" não acredito que algúem possa ainda vir assumir o CDS-PP sem que pareça, a todo o momento, que está a usurpar um fato que pertence ao dr. Paulo Portas, por si feito, para si feito e que apenas a si serve.

Flagrante disso foi o período em que lá esteve, por todos permanentemente visto como intruso com pé em seara alheia, o dr. Ribeiro e Castro

Cantaria o dr. Portas, acaso cantasse: «Ai Funesta primavera, quem me dera (...) ter morrido nesse dia (...)»..

Ou seja, naqueles dias em que tocou a "nau do Estado", antes de, logo de seguida, se ter "democratizado" como os demais, arcando com os inerente "bona" e "mala" de passar a integrar, pomposamente, o "arco da governabilidade"..

A gravitas, o curriculum, o título de ex-ministro e de "melhor" ministro da defesa dos últimos anos...

Por outro lado, a sujeição à crítica, não teórica ou retórica mas relativa ao que fez edeixou de fazer enquanto ele e os dele lá estiveram...

Ou ainda o dossier Portucale..

Em todo o caso, o dr. Paulo Portas é um virtuoso, capaz de se reinventar e de expurgar de dentro de si o que já não lhe sirva...

Última grande obra, pois, será ver se consegue, apesar do CDS-PP, emergir e ressurgir, reinventado, novo, vendável....e comprável..!

Anónimo disse...

Assumir a direita como Sarkozi fez cá ninguém quer...seria "fassista", mas daria votos.
Não o meu que não gosto de traições e de coisas fracturantes...

Anónimo disse...

Curiosamente,o Sarkozy tem trabalhado habilmente com muitos socialistas que vai "roubando" ao P.S. francês,mas não colaborariam se os programas dele fossem assim tão direitistas... Veja-se que a reforma constitucional,há dias aprovada,teve o voto favorável do Jack Lang e a aprovação do nosso Dr.Vital Moreira(ver Causa Nossa).Não simplifiquemos pois excessivamente.

Anónimo disse...

Se o Sr. Portas & PP existem politicamente, dado haver eleições livres, é porque existem eleitores que os sancionam com seus representantes.

Parece-me, por isso, que a pergunta deve ser feita é sobre a coerência entre representantes e representados.

Pergunta-se:
- Direita revê-se/precisa dos PP's, ou está-se nas tintas, só lhe dando jeito ter uma voz no Parlamento, para casos pontuais?

- Os PP'S, julgam que representam a Direita, ou respresentam, de facto, eleitores "mais conservadores & tradicionais" que se juntaram à volta da referência "Democracia-Cristã", e por lá se mantiveram, mas que pouco teem a ver com capital, centros de decisão, etc?

- Já agora o que foi feito desta referência ideológica, ou de outra?

Nuno Castelo-Branco disse...

Só uma achega, João. Podes incluir o PSD no rol. Não vale a pena inventar, a coisa está mesmo feia e o governo faz o pleno do programa do anterior.

Anónimo disse...

É fundamental que se reacenda a fascinante DEMOCRACIA CRISTÃ e que PP passe ao Senado, para que estes valores não se percam.


2Bs