17.11.06

UM PAÍS QUE NUNCA SE APAGA

O huis clos a que chegou a nossa "identidade cultural" esteve bem presente na "comemoração" dos 84 anos de José Saramago. Ainda há dias revia um excelente documentário sobre Salazar, projectado pelo José Mendonça da Cruz, onde não faltavam os "locais", do "tempo" do "senhor presidente", a referir como ele limpava o ranho das criancinhas que encontrava na rua, como podava as vinhas ou como a "criada" lhe preparava um "aviamento" de couves e galinhas para mandar para São Bento. A lógica é a mesma, só a envergadura dos homens é que é diferente. Se o país, como recorda o Tomás, tivesse dependido da vontade do sr. Saramago, provavelmente nem o documentário sobre Salazar teria sido realizado. Mete-me nojo ver como o regime, desde a esquerda à direita - não esquecer a "reconciliação" promovida pelo dr. Barroso, outro "grande homem" -, se inclina respeitosamente perante esta seca e rancorosa criatura dita de "letras" como se ele tivesse descoberto a "literatura portuguesa". Por isso a Azinhaga foi ontem símbolo, não de regozijo, mas de um país que nunca se apaga.

19 comentários:

Anónimo disse...

É de facto repugnante! Que bom que é ser um dos figos secos do regime! Reservas morais e intelectuais é o que mais conta numa terrinha de escanzelados e esfaimados. Ainda por cima Nobel! reconhecido universalmente!Salvé tanta glória

Anónimo disse...

Este sr Saramago é sinistro.

Uma vez em Salamanca calhou ficar no mesmo hotel em que ele estava e cada vez que o via fiquei justamente com essa impressão de se tratar de seca e rancorosa criatura, além de arrogante e convencida.

Anónimo disse...

Arrogante, convencido, seco como palha num verão de 40 graus e, ainda por cima, MAL EDUCADO! Garanto-vos!!!!...

Anónimo disse...

Nunca consegui ler esse Saramago. Será que sou estúpido? Serei eu um bruto? Digam-me, por favor!

Anónimo disse...

Exalta numa entrevista que ao receber a noticia do nobel, a sua reacção foi de tal humildade e despojamento que não passou da seguinte exclamação, "Tenho o Nobel...e quê?!". Extraordinária figura. Assim se comprova o cúmulo da humildade coincide milimetricamente com o cúmulo da soberba e do auto-convencimento. Que agonia, blech!

Anónimo disse...

Ao leitor que se interroga se será um bruto por não conseguir ler um romance de Saramago, a resposta é SIM. Bruto e ignorante. Simplesmente, porque quem não leu o Memorial do Convento ou o Ano da Morte deve abster-se de botar faladura sobre literatura contemporânea.

Mas o mesmo leitor deve ser sujeito ao teste supremo, a saber: consigo ler um livro da Agustina até ao fim? Se sim, amigo, tenho a dizer-lhe que se encontra esclerosado.

Resumindo: é sempre mau julgar politicamente a criatividade humana. Parece-me que estes nossos liberais são mais estalinistas do que o próprio Saramago (dos velhos tempos, é claro).

p.s- este fascínio pelo Salazar é que nem com números artísticos se consegue explicar.

Nuno Cardoso Ribeiro disse...

"Nojo" é uma palavra muito forte, especialmente quando está em causa um homem que faz parte do núcleo muito restrito de portugueses laureado com um prémio Nobel. Será que o "nojo" se reporta à literatura ou às convicções políticas do visado?!

Anónimo disse...

Sapos no Telhado: O Post NÃO é sobre Literatura Contemporênea

Mas obrigado por partilhar a sua sapiencia conosco - Os Brutos.

E veja lá, antes de criticar os Salazares dos outros, olhe lá bem para os seus...

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo, JG.
Parabéns.
Ao contrário do que a mediocridade reinante defende, penso que a atribuição do Nobel à estalinista criatura, sobre ter sido um erro, roubou por muitos anos a Portugal a oportunidade de ver distinguido com o galardão um escritor ou uma escritora com méritos para tanto e gozando da admiração e do respeito dos seus concidadãos.
O termo "nojo", que o JG utiliza, é quanto a mim o mais adequado às circunstâncias.

Anónimo disse...

Agustina Bessa Luís, uma escritora que põe a nu homens e mulheres. O saposnotelhado talvez não goste de se rever no espelho que são os livros de Agustina.
De Saramago escritor li dois. Um gostei outro não. Do homem não me interessa nada. Se ganhou um Nobel devo dizer que a companhia não anda muito bem fornecida e está num completo descrédito no que à literatura diz respeito.

Anónimo disse...

Caro SaponoTelhado,
nada tenho a ver com o Salazar, antes pelo contrário, só que não consigo ler o Saramago, nem o Lobo Antunes, a Agustina também já não. Devo ter qualquer coisa contra os autores portugueses contemporâneos.
Há dias, consegui ler a "Música do acaso", do Paul Auster, num só dia.
Mas já demorei muito mais tempo a ler o "Leviathan".
Nem a Rita Ferro, nem a Rebelo Pinto, no género ligeiro, nada.
Porra! Mesmo nada!
Acha que devo tomar alguma coisa que me ajude? Sei lá!?
Mas lá vou lendo qualquer coisa.
Estou a refugiar-me na literatura histórica. Por exemplo, acabei de ler "A queda de Roma e o fim da civilização", do Bryan Ward-Perkins. E gostei.
Ajudem-me, por favor!
Estarei a ficar bruto?
Há alguma pastilha que me leve a gostar de autores portugueses contemporâneos?
Há alguma doença específica que tenha esse sintoma?

Anónimo disse...

Pastilha para isso, se me é permitida a sugestão, só talvez Lexotan( 2mg.), verá como tudo de repente se tornará resplandecente. Já para Saramago, se mais uma vez me for permitida a sentença, basta tomar-se a sério a empreitada de passar da segunda página. Verá que quando chegar à segunda linha - já estará embalado nos braços de um tal Morfeu. Dizem que é remédio santo e não precisa de quimicos. Desejo-lhe rápidas melhoras!

Anónimo disse...

Estou a falar a sério: só consegui ler a primeira página do Memorial do Convento e adormeci. Como é que adivinhou?
Ultimamente acontece-me quase o mesmo com a Agustina.
Deverei beber um café antes de começar a ler?
Aconselha-me algum autor português contemporâneo que não me faça dormir?
É que estou tão traumatizado que até tive medo do "Equador" e não comprei.

Anónimo disse...

É muito fácil adivinhar para os outros aquilo que já nos aconteceu. Em relação ao Equador, li facilmente - mas também lhe digo, antes pedir emprestado. O peso e o dinheiro que custa é capaz de exceder o que se acaba por ler

Anónimo disse...

Ok!
O rapaz até pode ser uma flor pouco bela, impossivel de cheirar, sem se tomar cuidados especiais contra espinhos, alergénos, e outras maleitas.

Mas Salazar sofria do mesmos males: saneava, proibia livros, perseguia à miníma desconfiança, etc.

Nobel não podiamos ter, visto se um deles ganhava, era encarado como um ataque ao regime, e uma ingerência estrangeira.

Mais! cobardemente fazia-o por interpostas pessoas e organizações, sem rubrircar nada.

Não percebo por isso, porque insiste que Salazar é um grande português, e Saramago um monstro mesquinho.

Ou há coerência ...

Aladdin Sane disse...

Leio o "Le Monde Diplomatique" e "O Crime".

Anónimo disse...

Eu percebo o João Gonçalves, quando se refere ao Salazar como se refere.
Senão, vejamos: este blog chama-se Portugal dos Pequeninos. Isto diz tudo. Na opinião de muita gente, JG incluído, os portugueses são incapazes de cuidar de si próprios. Um exemplo: já estamos na UE há 20 anos e o país não progrediu o que devia ter progredido. 20 anos é muito tempo.
Ora, Salazar percebeu isso mesmo. Os portugueses tornaram-se pequeninos e Salazar tratou-os como eles mereciam. É apenas essa a sua estatura. Incapazes de tratarem consistentemente da sua vida, devemos ter uma figura autoritária, mas também de uma brandura (relativa) paternal, que tanto apreciamos.
Nesta perspectiva, sou forçado a concordar com o JG.
Não se lembram daquela frase do Soares? De que "liberdade exige responsabilidade"? Não deve ser por acaso que o JG aprecia também o Mário Soares.
O Soares é o nosso verdadeiro anti-Salazar: acredita que pode haver a responsabilidade, mais tudo o resto, que a liberdade exige.
A diferença que eu tenho com o JG, é que eu tenho ainda uma vaga esperança que deixe, alguma vez, de ser assim. Mas é talvez mais uma ilusão, com que me entretenho e que me permite suportar esta coisa difícil que é viver em Portugal.
Portanto, meus caros: ou somos crescidinhos, e merecemos a liberdade, ou levamos com um Salazar em cima.

Cumprimentos a todos.

Anónimo disse...

Já não som os os mais pequeninos da Europa. Somos só os segundos mais pequeninos.
E com os estímulos dos profectas da desgraça assim continuaremos por muitas gerações. Saravá.

Anónimo disse...

Menos retórica e mais ACÇÃO!!!

É por este todos é que Portugal é PEQUENINO!!

Somos muito maior no espaço físico do que na mentalidade destes todos!!!!

XIÇAAAA !!!!