19.11.06

EANES


Num país entregue à desmemória e à trivialidade, quase passaram despercebidas as provas de doutoramento do primeiro presidente da República eleito por sufrágio universal, directo e secreto, António Ramalho Eanes. Com paciência verdadeiramente chinesa, Eanes preparou o seu trabalho académico que, a avaliar pelo que li nos jornais, constitui - apesar das quase duas mil páginas - um testemunho incontornável de uma época, escrita por um dos seus mais distintos protagonistas. Eanes, ao contrário de tantas eminências semi-analfabetas ou simplesmente presunçosas, não coleccionou os horríveis títulos "honoris causa". Preparou-se e, aos quase 72 anos, deixou às infelizes gerações que para aqui andam a pastar, um trabalho sério. Com a minha idade e por o conhecer bem desde 1980, já posso tranquilamente afirmar que Ramalho Eanes foi, de entre os produtos da democracia instaurada pelo golpe militar de Abril de 74, um dos grandes. Integro como poucos, de carácter como quase nenhuns, humano como já não se usa, a ele devemos - nunca é demais repeti-lo, como em 1976 - o "viver a liberdade em segurança". No final do doutoramento, em Espanha, perguntaram ao homem que mais poder concentrou nas suas mãos, entre 1976 e 1982, como é que gostaria de ser referenciado. "Eu gostaria de ser tratado apenas por Eanes."

9 comentários:

Torquato da Luz disse...

Subscrevo, com muito gosto, se me permite.

Anónimo disse...

olha que 3...

Anónimo disse...

Pode o anónimo das 3:15 dizer olha que 4...

Pois, é com muito gosto que também subscrevo este post.

Rui Fonseca disse...

Subscrevo, totalmente.

Anónimo disse...

Quando o Professor Doutor Eanes tiver uma melhor dicção eu escreverei o que penso....

Anónimo disse...

Só lamento que esse homem obviamente íntegro e sério se tenha deixado enredar por aquela coisa do PRD.

Anónimo disse...

..mas não lamente...porque já não existe há muito tempo....

Anónimo disse...

Gostava de conhecer a sua obra. pelos jornais o que me surge é um assunto que para mim é interessante pois tem a ver com o nosso Portugal e a nossa pouca capacidade civica; porque ? uma das pistas para esta situaçao tem a ver com a apropriação do espaço publico e toda a acçao politica e civica pelas agencias de emprego que foram e sao os partidos politicos -ate ver os que alternam no poder PS e PS ( quer dizer PPD) .Sera que haveria possibilidade de poder consultar este trabalho ?

Anónimo disse...

Gran Hombre