14.11.06

NÃO É FÁCIL DIZER BEM - 8

António Lobo Antunes, sentindo-se porventura "incompreendido" pelo "público" português - o pouco que lê - tenta outro registo, agora muito em voga desde o desmaio retroactivo do sr. Grass. Saramago já contribuiu com a "revelação" de ex-lusito num novo livro. Quanto ao angustiado Antunes, e já que ninguém liga à sua "Babilónia", o Francisco José Viegas revela que, numa entrevista, o nosso autor se atribuiu o epíteto de "parvo" já que foi "injusto para muita gente". Como exemplo deste "dar a outra face" muito a propos publicitário, Lobo Antunes menciona as vergastadas que, no passado, arreou em Vasco Graça Moura, agora, para ele, "o maior poeta vivo da Língua Portuguesa". Não acerta uma.

8 comentários:

Anónimo disse...

João,
E ainda está por esclarecer a tal história da tortura do PIDE enquanto exercia medicina em teatro de guerra mas... fica para as eventuais memórias "a la Grass".
Quanto ao livro, arrastei-me durante 5 dias para o conseguir terminar. É um Lobo Antunes muito longe dos "Cus de Judas" e sem a "Memória de Elefante" de antanho.
Um abraço

Anónimo disse...

Nada de novo. Se ler a ultima cronica no primeiro Livro de Crónicas la esta o pedido de desculpas a Vasco Graça Moura.

Anónimo disse...

Tenham lá paciência. Em humores "lupinos" não me meto. Mas, que o Graça Moura é um bom escritor e homem de grande cultura, transversal a todas as artes, É.
Tomaram muitos chegar-lhe aos calcanhares. Tem alguns defeitos, sim senhor: não é gav e abusa disso. Pertence a um Partido de pop-trolhas, parolos e conservadores -salvo escassas excepções -.E por isso, defende, às vezes, opiniões políticas indefensáveis. Mas isso pertence ao domínio de certas "coerências", muito antigas. Se calhar menos ridículas do que andar com confessionalismos peripatéticos a auto proclamar-se de "parvo".

Anónimo disse...

Bem, o Graça Moura ainda consigo ler, o Saramago e o Antunes é que não. Livra!

Anónimo disse...

Meu Caro João Gonçalves

Por muito que custe, a si e a alguns dos leitores deste blog, o António Lobo Antunes é, dos referidos, o único bom escritor. O Vasco Graça Moura é um bom tradutor de poesia (o que já é muito), um razoável poeta, um razoável ensaísta e uma lástima de romancista. O Francisco José Viegas é uma coisa-assim-assim, ou como dizia o Nuno Bragança "é muito importante porque é muito importante", mas literariamente é zero.



pirilampomágico

Anónimo disse...

A literatura de António Lobo Antunes é o espelho das pequenas, grandes coisas da vida. Descreve-nos a rotina dos dias. Dá vida às casas, aos objectos. Vai até ao âmago das suas personagens, espreme-as, disseca-as, conta-nos os seus mais íntimos segredos, pensamentos, obsessões, as suas crueldades e fragilidades, os seus amores e desamores, da infância até à idade adulta. Desordenadamente com ele gosta e como desordenados são os nossos sonhos.

“As árvores do parque serenaram por fim. Ligo a televisão. Não entendo o que se passa no écrã mas continuo a ver. Uma menina sorri-me do aparelho. Infelizmente o sorriso dura pouco tempo. Se calhar nem sequer um sorriso. Se calhar sou apenas eu que necessito de um sorriso. Há momentos na vida em que necessitamos tanto de um sorriso. Há falta de melhor toco-me com o dedo no vidro. ”

In "não entres tão depressa nessa noite escura"

Ele – como todos nós – quer ser amado e desnudou-se na entrevista ao Carlos Vaz Marques. Cedência à publicidade? Ele não merece isso! Não seja tão descrente! Trata-se de um grande Homem e um grande Escritor.

Anónimo disse...

Sinceramente, não vejo nenhum problema em criticar o VGM como pessoa e concomitantemente elogiá-lo como poeta. A verdade é que ambas podem conviver e que a bildung está longe de ser tão efectiva como todos gostaríamos de crer.

VGM é um grande poeta - eventualmente o maior poeta português vivo. Mas é um cínico e um aldrabão.

Lobo Antunes, é o maior escritor português vivo. Mas é um pedante insuportável.

E, por que não acrescentar, o JG tem uma maneira de pensar asquerosa. Mas tem um excelente blog.

Não há linhas rectas na natureza. A vida é feita de sinuosidades. Como diria o grande poeta da anatomia: vita brevis, ars longa.

Anónimo disse...

Sábias palavras, nosso sapo.
Ouvi onten a entrevista, na TSF e até teve momentos interessantes. Não sou de maneira nenhuma anti-lobo e muito menos anti-vgm.
Mas devo dizer que a amostra de prosa "lupina" aqui postada é de uma pieguice e de uma auto-piedade pimba.